terça-feira, 29 de outubro de 2013

(Paul Craig Roberts) : Verdade nos EUA?

Haverá futuro para a verdade na América?

Paul Craig Roberts
10.Fev.13 :: Outros autores
Os EUA são um daqueles países em que a informação disponível consiste de mentiras do governo. A informação nos media alternativos não tem encontro com o público mais vasto. Alguns dos sítios são demasiado lunáticos para serem levados a sério e a informação fornecida pelos sítios credíveis é demasiado diferente da que o público ouve da imprensa e TV para que a considere seriamente. Tenho-me perguntado se os governos não estão por detrás dos piores sítios de forma a desacreditarem os média alternativos.

Este sítio da internet, www.paulcraigroberts.org, é para os leitores. Aqui há apenas informação. O sítio terá continuidade na medida em que os leitores o apoiarem.
Não há qualquer agenda política, social, económica ou ideológica ligada a este sítio. Os leitores que aqui acedem são na sua maioria capazes de pensamento independente. Estão conscientes de que os média têm uma agenda e estão carregados de desinformação. Percebem que os eleitores não controlam o governo através das urnas. Os leitores vêm aqui porque procuram explicações mais próximas da verdade ou mais plausíveis do que as disponíveis nos média, nas grandes empresas, nos políticos e nos funcionários do governo.
Isto torna os leitores deste sítio únicos. Nos meus 35 anos de experiência em jornalismo, vi que a maior parte dos leitores lêem para confirmarem o que já pensam e aquilo em que crêem. É o mesmo, quer se trate da direita ou da esquerda. Não conseguem escapar das suas gavetas ideológicas e são o produto das suas inclinações. Querem os seus preconceitos justificados e as suas crenças apoiadas. Alguém que lhes diga o que não querem ouvir é por eles insultado. Estes leitores não conseguem beneficiar dos factos e de informação nova e mudar as suas ideias. Já sabem tudo e apenas querem informação que apoie as suas crenças e prossiga as suas agendas.
Se quem escreveu apresenta as coisas com tanta clareza que simplesmente não pode ser ignorado, o leitor vai intencionalmente tresler o artigo ou livro e atacá-lo por dizer qualquer coisa que não disse. Junta-se o coro para calar a informação indesejável antes que atinja outros.
O lóbi israelita usa a técnica de difamar quem quer que critique, não interessa quão construtiva e moderadamente, qualquer política do governo de Israel, seja ela flagrantemente anti-semita. O governo israelita aplica esta táctica à sua própria oposição política em Israel e aos próprios judeus, marcados como “judeus auto-odientos” se criticarem a política do governo relativamente aos palestinianos. O efeito é privar o governo de Israel de crítica construtiva. Só o lóbi de Israel poderia chamar ao antigo presidente Jimmy Carter anti-semita. Alguém não muito entusiasta com o roubo de vidas e propriedade palestinianas por Israel é um inimigo de Israel. Estas acusações selvagens pelo lóbi de Israel retiram à palavra “anti-semita” qualquer significado. Em essência, qualquer pessoa com moral tornou-se anti-semita.
Do mesmo modo, a substituição inflexível da realidade factual pelo interesse próprio caracteriza a direita e a esquerda americanas. A direita insiste que a América vai à falência por causa das despesas sociais. A esquerda persiste na crença de que o governo só é capaz de fazer bem se estiverem no poder as pessoas certas e que as instituições sociais como a religião e os objectos inanimados como as armas são os responsáveis pela maldade humana.
Se a maioria dos Americanos fosse como os leitores deste sítio, a verdade prevaleceria sobre os interesses especiais, seria a realidade a informar a vida social, política e económica e as perspectivas americanas seriam boas. Mas quando uma maioria é hostil aos factos e verdades que não suportam as suas preferências nem servem os seus interesses, há um desligar da realidade, que é a situação da América de hoje.
É irónico que a esquerda, com um largo repertório de histórias sobre sociedades nas garras de xamãs, feiticeiros e sacerdotes, imponha as suas próprias realidades artificiais ou de fantasia em explicações sociais, políticas e económicas. Os esquerdistas que parece terem esquecido o militarizado e criminoso estado policial erigido por Bush e Obama ainda se dão ao trabalho de me dizerem como Ronald Reagan era mau e que também eu devo ser mau uma vez que servi no governo Reagan.
É irónico que os juízes federais republicanos, de que a direita disse precisar desesperadamente tanto para salvar a Constituição, sejam precisamente os que a destruíram. Os americanos podem ser indefinidamente detidos ou assassinados pelo seu governo apenas sob suspeita e sem processo legal, porque os republicanos se enamoraram da teoria do “executivo unitário” do poder presidencial. O Supremo Tribunal republicano concedeu a empresas comerciais privadas o direito de comprar o governo dos EUA em nome da liberdade de expressão, porque os republicanos acreditam que os interesses privados devem prevalecer sobre o interesse público.
É fácil ficar desanimado com a maioria de americanos sem consciência. No entanto, conforme as pessoas lúcidas notaram no passado, bastam uns poucos bem determinados para se mudar o mundo. Por outro lado, os governos no passado não tinham as vantagens tecnológicas com que contam hoje. É difícil imaginar num contexto actual a cavalgada de Paul Revere (referência à célebre corrida nocturna do patriota da independência americana levando o aviso da aproximação das tropas britânicas – N.T.). Os britânicos tê-lo-iam abatido da sela com um drone. Até onde teria ido Lénine se o governo russo tivesse drones espiões por todo o lado?
Talvez a nossa esperança hoje seja que a desinformação governamental produza consequências involuntárias que atrapalhem o próprio governo.
Esperança ou não esperança, a verdade está mais difícil de alcançar. Durante a guerra do Vietnam, quando Daniel Ellsberg revelou os documentos do Pentágono, o New York Times publicou-os. No entanto, durante a guerra do Iraque, quando um delator da Agência Nacional de Segurança revelou ao New York Times a informação que o regime de Bush estava a espiar americanos sem as garantias do tribunal de acordo com a FISA exigidas pela lei, o New York Times informou a Casa Branca e reteve a história durante um ano até Bush ser reeleito. O jornal podia mesmo ter denunciado o delator. Quando o Guardian e outros jornais foram ameaçados pelo governo dos EUA, denunciaram Julian Assange e a WikiLeaks, fornecedores das histórias dos seus títulos.
Para ver o destino dos delatores, leia-se o livro de Sibel Edmond “Classified Woman” (“Mulher Classificada”). Poucas pessoas estão dispostas a tamanho desgaste para que a verdade chegue ao povo americano.
Existe outra limitação à revelação da verdade. O capital humano das pessoas conhecedoras dos meandros é destruído se falarem. Posição, contactos, convites, vencimento e vida social tudo isso fica perdido quando alguém de dentro se torna dissidente ou revelador da verdade. Só os muito ingénuos podem acreditar que os governos não conseguem manter secretas as conspirações “porque alguém haveria de falar”. Ninguém fala, porque falar prejudica os interesses pessoais e o capital humano do denunciador e raramente traz algum bem.
A Al Jazeera foi fundada nos últimos anos do séc. XX para fornecer uma cobertura noticiosa mais objectiva do que a cobertura pelos média ocidentais. A organização noticiosa rapidamente entrou em colisão com Washington e os seus governos-fantoches do Médio Oriente e acabou sendo controlada através da censura, de ameaças e mesmo de ataques físicos pelas forças militares americanas nos seus escritórios de Cabul e Bagdad.
Os reveladores de verdades são inconvenientes. O major-general Antonio Taguba foi encarregado de conduzir o inquérito oficial ao abuso de prisioneiros em Abu Ghraib. Em vez de encobrir os incidentes, como se esperava das suas três estrelas, elaborou um relatório profissional e verdadeiro. O que teve fim então foi a carreira de Taguba e não as carreiras dos responsáveis pela tortura ilegal de prisioneiros. O general Taguba recebeu a indicação para se demitir do general Richard Cody, vice-chefe de Estado-Maior do Exército. Quando lhe disseram que ia ser investigado, Taguba disse, “Tenho estado no Exército 32 anos e foi a primeira vez que pensei estar na Mafia.”
O general Benton K. Partin, perito de munições da Força Aérea dos EUA, escreveu ao senador Trent Lott a 30 de Julho de 1995: “O relatório junto contém provas concludentes que o bombardeamento do edifício federal Alfred P. Murrah, na cidade de Oklahoma, no Oklahoma, não foi causado apenas pela bomba do camião. Mostram as provas que a principal destruição foi sobretudo o resultado de quatro cargas de demolição colocadas em pontos estruturais críticos ao nível do terceiro piso.”
http://whatreallyhappened.com/RANCHO/POLITICS/OK/PARTIN/ok8.htm.Partin era comandante do Laboratório de Tecnologia de Armamento da Força Aérea e tinha a responsabilidade máxima por todas as armas não-nucleares da Força Aérea. O seu relatório foi parar a orelhas moucas e desapareceu no fundo do poço da memória.
O mesmo aconteceu ao relatório do nano-químico Niels Harrit da Universidade de Copenhaga, membro de uma equipa de cientistas que encontraram nano-termite reagida e por reagir na poeira das torres do World Trade Center. A descoberta desta equipa científica é conhecida na Europa e no Canadá, mas não foi anunciada nos média americanos. Quem ainda acredite na história oficial do 11/9 devia ouvir a entrevista a este reputado cientista ou ler, se conseguir, o artigo científico http://www.youtube.com/watch?v=SC3Se86IBAw
Devia-se ler também o relatório de Toronto do 11/9: “Audições Internacionais dos Acontecimentos de 11 de Setembro de 2001”. As audições ocorreram na universidade canadiana de Toronto no 10º aniversário dos ataques de 11/9, nas quais peritos e profissionais apresentaram provas de que a história oficial do 11/9 é improvável. As audições foram conduzidas como se se tratasse de um júri perante um painel de juízes consistindo de reputados académicos e o juiz Ferdinando Imposimato, presidente honorário do Supremo Tribunal de Itália. O juiz Imposimato fez a sua tarimba como o “flagelo a Máfia.” Os seus casos incluíram o rapto e assassínio do presidente italiano Aldo Moro, a tentativa de assassínio do papa João Paulo II e o assassínio pela Máfia do general dos carabinieri Carlo Alberto Della Chiesa.
O juiz Imposimato concluiu, de acordo com os outros reputados membros do painel, que “as omissões de provas relevantes na investigação da NIST (National Institute of Standards and Technology, agência federal ligada à indústria e tecnologia – N.T.) e na investigação do Pentágono, as suas contradições e a falta e independência e imparcialidade como organismo controlado pelo governo Bush requerem um grupo de investigação imparcial e independente.”
Tanto quanto consigo garantir, as Audições de Toronto e as decisões do painel de juízes baseadas exclusivamente em provas nunca foram anunciadas nos média dos EUA. Nem um único membro do Congresso dos EUA levantou sequer uma questão. As prestitutas americanas (jogo de palavras com press = imprensa – N.T.) ficaram absolutamente mudas.
O país em que vivemos é um daqueles em que a informação disponível consiste de mentiras do governo. A informação nos média alternativos não tem encontro com o público mais vasto. Alguns dos sítios são demasiado doidos para serem levados a sério e a informação fornecida pelos sítios credíveis é demasiado diferente da que o público ouve da imprensa e TV para que o público a considere seriamente. Tenho-me perguntado se os governos não estão por detrás dos piores sítios de forma a desacreditarem os média alternativos.
As agências do governo e as grandes empresas reconhecem a ameaça ao seu controle das explicações que é posta pelos articulistas da internet e contratam trolls (gíria da internet designando provocadores – N.T.) para usarem as secções de comentários dos sítios para desacreditarem os denunciadores. A combinação dos trolls com os leitores que só querem ouvir o que querem ouvir pode enterrar as verdades que tentam emergir.
O ano de 2012 constituiu uma sequência contínua de actos destrutivos empreendidos pelo Congresso e pela Casa Branca. Num acto destrutivo final, o Senado aprovou o Acto de Autorização da Defesa Nacional para 2013. Este acto prolonga a garantia inconstitucional de poder ao ramo executivo para violar todos os direitos dos cidadãos americanos. Nos EUA, as leis não podem ter precedência sobre a Constituição. Contudo, temos agora suficientes Actos de Autorização da Defesa Nacional que tornam a Carta de Direitos discutível.
Não há protesto público sobre a ideia de que a defesa nacional requer aos cidadãos americanos perderem a protecção da lei garantida pela Constituição dos EUA. Quando os cidadãos ficam sem defesa perante o seu próprio governo, que defesa nacional têm eles?
A conclusão óbvia é que a maior parte dos americanos é indiferente à liberdade e está contente com a tirania.
Eu não estou indiferente. Não posso prometer estar sempre certo e nunca errar, mas com o vosso apoio financeiro e moral a verdade continuará a ter futuro neste sítio.
Tradução: Jorge Vasconcelos
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