NOTA DE SOLIDARIEDADE AOS PROFISSIONAIS DE EDUCAÇÃO E DE REPÚDIO À VIOLÊNCIA
04 OUTUBRO 2013
CLASSIFICADO EM BRASIL - CRIMINALIZAÇÃO
Os movimentos sociais, políticos e populares que compomos a Articulação
Estadual por Memória, Verdade e Justiça do Rio de Janeiro, e as
entidades abaixo assinadas repudiamos a forma desrespeitosa e violenta
por meio da qual o prefeito Eduardo Paes e o governador Sérgio Cabral
vêm tratando os profissionais de educação das redes públicas municipal e
estadual do Rio de Janeiro.
Preocupa-nos não só a escandalosa brutalidade perpetrada gratuitamente
pela Polícia Militar, que vem usando as chamadas armas não-letais (gás
lacrimogêneo, spray de pimenta e pistolas de eletro-choque) como
instrumentos de agressão e tortura a pessoas desarmadas, indefesas e, em
não raras ocasiões, imobilizadas. É também motivo de forte consternação
e reprovação o uso de expedientes claramente antidemocráticos e, em
alguns casos, ilegais, de isolamento de uma greve legítima e construída
pela base.
Sobre essa ação política e consciente de Paes e Cabral, é importante
destacar a desocupação da Câmara dos Vereadores, feita no último sábado,
dia 28 de setembro, na calada da noite e sem ordem judicial, e a
introdução nas manifestações e assembleias dos profissionais de educação
de agentes do serviço reservado da Polícia Militar, os conhecidos P2.
Via de regra, esses agentes atuam como provocadores, iniciando atos de
violência, agressões e quebra-quebra, como já foi fartamente registrado
em fotos e vídeos veiculados nas redes sociais.
Condenamos também a cobertura da grande imprensa, em especial do
conjunto dos meios que compõem as organizações Globo, que, ao invés de
informar a população, mente e distorce os fatos, buscando isolar o
movimento grevista e suas justas reivindicações. Essa ação é claramente
coordenada em conjunto com os Palácios da Cidade e da Guanabara e
resgata as práticas antidemocráticas e golpistas com que a Globo e a
grande mídia sempre cerraram fileiras.
É flagrante a semelhança entre as ações de Paes, de Cabral e da grande
imprensa com os expedientes levados a cabo por grupos reacionários que
planejaram e executaram o golpe militar de 1964, afundando o país em 21
anos de ditadura. A herança desse período sombrio de nossa história
segue presente em nossos dias nas práticas da PM: nas favelas, nas
periferias ou em outros espaços urbanos ou no campo, vem se
intensificando as formas militarizadas de controle da desigualdade
social e da diferença política.
A tentativa de criação por parte do governador Sérgio Cabral, junto com o
Ministério Público do Estado, de uma comissão de criminalização das
lutas e reivindicações sociais, também só encontra paralelo na
instituição de instrumentos de perseguição política estruturados durante
a ditadura e não pode ser tolerada em um Estado que se pretende
democrático e de direito.
Como um coletivo de organizações que lutam para que se resgate a verdade
histórica das atrocidades cometidas durante a ditadura e para que se
avance em direção à punição dos responsáveis, a Articulação Estadual por
Memória, Verdade e Justiça do Rio de Janeiro não pode deixar de se
manifestar contra o autoritarismo e a violência estatal que se
radicalizaram desde as manifestações de junho.
Cobramos um posicionamento claro dos organismos federais de promoção e
garantia aos direitos humanos, condenando a ação da Polícia Militar do
Rio de Janeiro e apurando as responsabilidades do governador Sérgio
Cabral e do prefeito Eduardo Paes na violência dos últimos dias.
Exigimos de Cabral e Paes a reabertura imediata das negociações e
conclamamos outras organizações da sociedade civil, partidos, Igreja,
sindicatos, mandatos parlamentares, lutadores e lutadoras sociais e o
povo do estado do Rio de Janeiro a pressionarem o prefeito e o
governador do Rio para que cessem imediatamente todas as formas de
hostilidade e violência contra os profissionais de educação.
Aos trabalhadores da educação do município e do estado do Rio de
Janeiro, manifestamos nosso apoio e mais irrestrita solidariedade.
Estaremos lado a lado nas ruas e nas lutas pela construção de uma
educação pública, gratuita e de qualidade e de um país efetivamente
democrático.
ARTICULAÇÃO ESTADUAL POR MEMÓRIA, VERDADE E JUSTIÇA DO RIO DE JANEIRO
“Para que não se esqueça, para que nunca mais aconteça”!
Partido Comunista Revolucionário (PCR)
União da Juventude Rebelião (UJR)
Consulta Popular
Partido Comunista Brasileiro (PCB)
Levante Popular da Juventude
Kizomba
CUT Socialista e Democrática (CSD)
Articulação de Esquerda (Corrente interna do PT)
Movimento Pelo Direito Sempre (Gestão do Centro Acadêmico Cândido de Oliveira - CACO/FND/UFRJ)
Fórum de Reparação e Memória - RJ
União da Juventude Socialista (UJS)
Comissão de Defesa da Liberdade de Imprensa e Direitos Humanos da ABI
Ação Crítica
Marcha Mundial das Mulheres
Diretório Central dos Estudantes da PUC/RJ
Diretório Central dos Estudantes da UniRio
Comitê pela Justiça, Memória e Verdade de Niterói
0 comentários:
Postar um comentário