Beijing
(Prensa Latina) Mais de 1.500 delegadas debaterão nesta capital os
principais aspectos do desenvolvimento das mulheres na China, com ênfase
nos planos para o avanço deste setor em momentos de reformas e abertura
mais profundas no país.
Representantes de todos os grupos étnicos desta grande nação asiática
participarão no XI Congresso Nacional, convocado pela Federação de
Mulheres da China (FMCh) de 28 a 31 de outubro no Grande Palácio do
Povo, no centro de Beijing.
A experiência neste país da
implementação da política de igualdade de gênero, as medidas na
contramão da violência doméstica, a educação familiar e os interesses
das mulheres rurais figuram na agenda dos debates, segundo informações
oficiais.
As delegadas avaliarão também o status das mulheres na
China a 64 anos da proclamação da República Popular e o trabalho
realizado por sua organização no último lustro, cuja direção será
renovada neste Congresso.
A presidenta da FMCh, Chen Zhili,
destacou recentemente o impulso que tem dado essa organização à
igualdade de gênero, a proteção dos direitos legais das mulheres e sua
participação ao mesmo nível dos homens na administração de assuntos do
estado e a sociedade.
Em um balanço da atuação das chinesas em
2012, esta organização destacou a elevação da participação de mulheres
no XVIII Congresso do Partido Comunista (23 por cento dos delegados, 2,9
por cento mais que em 2007), bem como maior representação em
parlamentos locais e de assessoria.
A FMCh, que celebra seus
congressos a cada cinco anos, advoga pelo retiro das servidoras públicas
no condado simultaneamente dos homens, já que na atualidade eles se
aposentam aos 60 anos e elas aos 55.
DIREITOS PROTEGIDOS
Um
Livro Branco do Conselho de Estado, divulgado no final de 2012 sobre a
proteção dos direitos de mulheres e crianças na China, relaciona todas
as legislações emitidas no país desde 1990 com a intenção de melhorar o
regime legal e as políticas vinculadas com esses setores da população.
Nessa direção, o Governo promulgou os planos de desenvolvimento para as
mulheres por períodos quinquenais desde 1995 até 2010 e em 2011
preparou um vigente até 2020 encaminhado a melhorar diariamente sua
saúde, condições de vida e ampliar seus direitos.
O documento
destacou avanços na atenção de grávidas, a diminuição da mortalidade
materna, e em geral progressos que ainda seguem se impulsionando porque
fica muito por fazer em setores da sociedade mais atrasados e
desfavorecidos, comentam os analistas.
A mortalidade materna em
2011 foi de 26 pela cada 100 mil partos, 72,4 por cento menos que em
1990 e 50,8 por cento por embaixo da cifra de 2000.
Outro
aspecto que os especialistas asseguram será debatido no encontro no
Grande Palácio do Povo está vinculado com os serviços legais oferecidos
pela FMCh para tratar casos de violência doméstica, disputas
matrimoniais e familiares, que essa organização facilitou em 2012 a sete
mil mulheres.
Outras 15 mil petições e chamados de mulheres de
todo o país receberam atenção e resposta, o qual porta-vozes deste
organismo disseram responde ao interesse de promover a estabilidade e a
harmonia social.
No passado ano a organização feminina chinesa
trabalhou junto ao parlamento em investigações que conduzam a elaborar
leis sobre violência doméstica e a melhor proteção das mulheres em seus
postos de trabalho, e neste ano se impulsiona a adoção de novas
legislações nesse sentido.
Uma amostragem realizada pela FMCh em
2007 deu a conhecer que em 30 por cento dos então 270 milhões de lares
neste país se reportaram casos de violência doméstica e 85 por cento das
vítimas foram mulheres, e que nesse ano 100 mil casais se divorciaram
devido a esses abusos.
DESNÍVEIS NA POPULAÃ�ÃO
Nas
vésperas do congresso da FMCh, os analistas abordam o desequilíbrio na
população de homens e mulheres na China, uma consequência negativa da
política de um filho vigente desde a década de 1980 e a preferência de
muitos casais por um homem se não há uma segunda oportunidade.
Especialistas consultados a este respeito pela imprensa local indicam
que os problemas sociais causados pelo desequilíbrio entre a quantidade
de mulheres e homens passaram de invisíveis na década de 1980 a visíveis
na atualidade, e se fazem particularmente evidentes na dificuldade de
encontrar casal.
De acordo com o Escritório Nacional de
Estatísticas, no setor populacional chinês menor a 30 anos de idade
existem 20 milhões mais homens que de mulheres e nos próximos 10 anos
terá uma média anual de um milhão de homens mais que a quantidade de
mulheres em idade de casal.
Cálculos oficiais estimam que em
2020 China poderia ter 300 milhões mais de homens que de mulheres porque
nascem 119 meninos a cada 100 meninas, enquanto em zonas prósperas onde
existe a possibilidade de conhecer o sexo dos filhos durante a gravidez
a diferença atinge a proporção de 130 a 100.
Este é outro dos
desafios que enfrenta o país no futuro próximo, junto com os vinculados a
conseguir fechar a brecha entre ricos e pobres, atingir um
desenvolvimento sustentado da economia, avançar nas ciências e a
tecnologia, e conseguir realizar o Sonho Chinês, tudo com a ativa
participação de suas mulheres.
*Corresponsável da Prensa Latina na China.
arb/ir/cc |
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