Terroristas na Síria a utilizarem armas químicas
Já Vimos este filme...
A História repete-se. Os protagonistas são outros, mas as fórmulas são as mesmas de sempre...
Barack Obama apresentou-se aos
americanos e ao Mundo com uma auréola de Esperança, em contraposição ao
seu antecessor George W. Bush, que arrasou o Iraque, numa guerra cujas
razões e objetivos anunciados não passaram de uma falsidade. Foi aberta
apenas uma "Caixa de Pandora"... que fez despertar a velha e odiosa
rivalidade entre sunitas e xiitas. Quase todas as semanas chegam
notícias de violentos atentados bombistas que roubam a vida a dezenas de
inocentes, num país cada vez mais destruído, primeiro pelos
bombardeamentos norte-americanos, os tais cirúrgicos, e depois, sem um
fim à vista, por bombas traiçoeiras e vingativas de grupos extremistas
que lutam pelo predomínio da sua tribo e seita, numa guerra intestina
que muito bem serve os interesses da Oligarquia Ocidental e em
particular a dos USA. Esperava-se pois um Presidente diferente, não
apenas na cor e no estilo, mas também na política, nomeadamente na sua
componente externa, tanto que até recebeu um voto de confiança quando
recebeu "antecipadamente" o Nobel da Paz de 2009, embora dirigisse um
país em guerra no Afeganistão. Coisas da "Realpolitik"... Presta-se
agora para repetir a dose na Síria, não obstante a oposição de cerca de
60% da opinião pública norte-americana e só contar com o apoio
minoritário do Congresso, precisamente dos membros que fazem lóbi pela
Industria Belicista acantonada no Pentágono, além de mais de meio Mundo
discordar de uma intervenção militar punitiva no país do ditador Basahr
Al-Assad.
Num relatório classificado, divulgado
pelo Wikileaks, dirigido, entre outros, à Casa Branca, datado de
Dezembro de 2006, o Embaixador William Roebuck, assinala as fragilidades
e contradições do regime de Assad e dele próprio, visando o seu
derrube. Também recomenda que se aproveite o crescente receio dos
sunitas, nomeadamente da Arábia Saudita, face à aproximação do ditador
com o governo xiita do Irão. Quer os sauditas, quer os israelitas, não
vêem com bons olhos uma aliança entre aqueles dois países. Significa
tudo isto que pelo menos o desejo de intervenção na Síria tem quase sete
anos de gestação...
Não nos devíamos de admirar com esta
disposição indisfarçável dos USA, que é, nada menos nada mais, a
repetição do mesmo que derrubou o regime de Saddam Hussein, no Iraque,
nem com as contradições de um Poder Político, dito democrático, mas que
vive e sobrevive da "generosidade" das Corporações Industriais e
Financeiras que compram as Administrações da Casa Branca para que estas
lhes façam depois o frete... Nenhum candidato à Presidência dos USA pode
prescindir de doações em dinheiro em troca da promessa de "bons
negócios". Acontece o mesmo com o Congresso, sendo que aqui os políticos
são alimentados por luvas, também generosas, para que defendam os
interesses da Oligarquia Financeira e Industrial, muitas vezes ao
arrepio do bem geral do povo Norte-americano. Segundo o Robert B. Reich,
que serviu várias Governos como Secretário do Trabalho, professor
universitário e escritor, no seu livro "After-Shock: A Economia que se
segue e o Futuro da América", de leitura obrigatória para quem não quer
ficar pela rama dos noticiários, escreve que o gasto com lobistas disparou 1,44 mil milhões de dólares em 1998 para 3,47 mil milhões de dólares em 2009,
ou seja, aumentou cerca de 141% ! Coincidentemente, a 2ª Guerra do
Golfo e o início da operação no Afeganistão, ocorreram nesse espaço de
tempo. Noutro passo, lemos que Durante as eleições de 2008, Wall Street fez chover sobre os candidatos
um total de 155 milhões de dólares, sendo que a fatia de leão, 88
milhões de dólares, coube à campanha de Barack Obama. A Indústria
Seguradora doou uma quantia equivalente para assegurar a "igualdade de
oportunidades" ao nível das benesses da Administração. O Plano de Saúde
que Obama conseguiu para os cerca de 50 milhões de pobres foi a moeda de
troca desse apoio. Se atendermos aos números do Orçamento Federal
atribuídos à Defesa (leia-se: Indústria Belicista.), que o autor não
refere, mais de 50% do total que o resto do Mundo gasta, as doações e
prebendas desta Corporação devem ultrapassar em muito os valores atrás
referidos.
Durante muitos Séculos o fabrico de
armas e a produção de munições foi uma atribuição exclusiva dos Reinos.
Com o advento da Revolução Industrial e a ascensão da Burguesia, o
Capital Privado começou a investir na Indústria Militar, oferecendo aos
Governos equipamentos de produção em série de menor custo. Nos USA, o
desenvolvimento industrial esteve desde sempre nas mãos de meia dúzia de
Magnatas Capitalistas, que cresceram muito à sombra de concessões e
licenças de mineração e de ferrovias dadas pelo Estado, e também de
adjudicações do Governo para grandes obras e fornecimento de material
militar. Há portanto neste país a tradição, muito enraizada, de ser o
Capital Privado a investir no fabrico de armas e munições, quer em
armamento ligeiro, quer no pesado, e o Governo encomendar-lhe o que
precisa.
Pela natureza das coisas, as guerras
tornam-se necessárias... Tornam-se, porque são uma oportunidade de
negócio para a Corporação da Indústria Militar. Sem guerras não há
lucros... Como as empresas estão cotadas em bolsa, significa que os seus
acionistas e investidores especulativos, entre os quais existem
milhares de pequenos apostadores, muitos são pensionistas, basta a
expectativa de uma guerra para ganharem dinheiro... E a paz é
logicamente um cenário indesejável... Daí que Wall Street esteja por
estes dias a aquecer... Por outro lado, os principais sócios esperam
dividendos a cada ano de exercício. Portanto, haja guerras!
Artur Rosa Teixeira
(artur.teixeira1946@gmail.com)
Ponta Delgada, 9 de Setembro de 2013
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