sábado, 24 de agosto de 2013

Vaticano pede cautela e rejeita intervenção externa na Síria

"Quem se beneficia com este crime desumano?", questionou observador da Igreja na ONU, sobre armas químicas

O Vaticano pediu cuidado nesta quinta-feira (22/08) para que não se atribua precipitadamente o massacre com armas químicas em Damasco ao governo de Bashar al-Assad. Por meio de seu observador na ONU, a Santa Sé levantou a questão sobre “quem realmente se beneficia com este crime desumano”.

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"Não se pode fazer um julgamento antes que haja provas suficientes", declarou o bispo Silvano Tomasi, observador permanente do Vaticano nas Nações Unidas em Genebra, consultado pela Rádio Vaticano.

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"Devemos esclarecer os fatos", recomendou o bispo Tomasi, antes de se perguntar: "Que interesse imediato teria o governo de Damasco em provocar uma tragédia como essa, sabendo que ele seria considerado diretamente culpado de qualquer forma?".

Agência Efe

Protesto sírio na Jordânia contra uso de armas químicas. No cartaz, em árabe, lê-se "só na Síria, quem respira morre"

Tomasi também ressaltou a oposição da Santa Sé à intervenção na Síria, pedindo que sejam feitas negociações "sem condições prévias" e que se estabeleça um "governo de transição". "A experiência com o Iraque e com o Afeganistão mostrou que a intervenção armada não traz resultados construtivos", disse, apelando para o fim do fornecimento de armas tanto para o governo quanto para os rebeldes.
O diplomata criticou "qualquer análise incompleta da realidade síria e do Oriente Médio em geral". "Tenho a impressão de que a imprensa e os grandes meios não levam em conta todos os elementos na base desta situação de violência e de conflito incessante", lamentou. Ele também se posicionou contra a cobertura feita pela imprensa sobre os confrontos no Egito.

Tomasi disse ainda que existem “interesses evidentes” na Síria, afirmando que “há aqueles que querem um governo sunita e aqueles que querem manter uma participação de todas as minorias”.

A Santa Sé abertamente prefere a segunda solução e os cristãos na Síria optaram por apoiar Bashar al-Assad como garantidor de um Estado mosaico e com participação de maior número de grupos.

A maior preocupação do Vaticano na região é o fortalecimento de um islamismo radical que obrigue os cristãos a buscar o exílio, além de prejudicar suas relações com os muçulmanos.

 Fonte: Opera Mundi
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