segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Ciência: Formigas são preguiçosas quando isoladas

Espécie apenas se organiza segundo necessidades colectivas

2013-04-23

Cada um dos pequenos seres foi marcado com um código de barras (Imagem: Alessandro Crespi)
Cada um dos pequenos seres foi marcado com um código de barras (Imagem: Alessandro Crespi)
A entomologista Danielle Mersch, da Universidade de Lausanne (Suíça), publicou um artigo na «Science» sobre a sociologia das formigas, onde relata que estas, quando se encontram isoladas, são, na verdade, preguiçosas. “Teríamos de reescrever a fábula do La Fontaine”, brinca a investigadora.

Danielle Mersch e a sua equipa usaram uma técnica minuciosa para estudar a organização de uma espécie conhecida como a ‘formiga doceira’ (Camponotus fellah), que apresenta como vantagem para o estudo o facto de criarem pequenas colónias, de não hibernarem e de terem rainhas de fácil captura.

Cada um dos pequenos seres foi marcado com um código de barras em 2D (QR code) e colocado numa superfície de plasticina num espaço frio, para que se mantenham imóveis. As formigas receberam ainda um código colorido que representava a idade, em semanas.

Ao todo, foram estudadas seis colónias de centenas de insectos durante 41 dias a fio. O formigueiro estava numa caixa de 26 centímetros, num espaço escuro e ligado por um túnel a outra caixa com a mesma dimensão, onde os investigadores reproduziram em alternância dias e noites e onde colocaram alimentos, de forma a simular o ambiente do exterior.

Entretanto, as duas caixas eram filmadas e vigiadas 24 horas por dia por um programa de análise que detectava a posição dos códigos. Segundo Alessandro Crespi, investigador a cargo do desenvolvimento da tecnologia informática, quando um dos animais se encontrava face a face com uma das suas congéneres e a uma distância em que as suas antenas eram susceptíveis de se tocar, estima-se que entravam em comunicação.

Tendo em conta a inactividade de algumas, a equipa conseguiu dividi-las em três grupos – as jovens, que ficam no formigueiro e se ocupam dos ovos e das larvas; as domésticas multitarefas, que gerem os dejectos e restos da colónia, etc. e as mais velhas que tratam de arranjar alimentos no exterior. Ou seja, “as formigas organizam-se segundo necessidades colectivas” e as reticências que algumas têm em desempenhar determinadas tarefas são mais ou menos importantes segundo a idade, mas não definitivas.

O sistema de organização desta espécie permite estabelecer o tempo necessário para que uma informação rode a colónia.

  Fonte: CiênciaHoje
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