quinta-feira, 25 de julho de 2013

PELA RETIRADA DAS TROPAS DO HAITI

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CARTA ABERTA A TODOS OS PRESIDENTES MEMBROS PLENOS, ASSOCIADOS E OBSERVADORES DO MERCOSUL
No dia 12 de julho, ao meio dia, numa concentração em frente ao Edifício Sede do MERCOSUL, na ocasião da REUNIÃO do MERCOSUL, nós, as COORDENAÇÕES uruguaia, argentina e brasileira do movimento “PELA RETIRADA DAS TROPAS DO HAITI”, em conjunto com as organizações sociais haitianas, uruguaias, argentinas, brasileiras e internacionais, e com Movimentos da ALBA, entregamos ao Presidente Maduro, Presidente Pro Tempore do MERCOSUL, a seguinte CARTA ABERTA A TODOS OS PRESIDENTES MEMBROS PLENOS, ASSOCIADOS E OBSERVADORES DO MERCOSUL.
Montevidéu, 12 de julho de 2013
CARTA ABERTA AO PRESIDENTE PRO TÉMPORE DO MERCOSUL, Presidente NICOLÁS MADURO, E A TODOS OS PRESIDENTES de PAÍSES membros, associados e observadores do MERCOSUL.
Sr. Presidente Pro Tempore do MERCOSUL, Presidente da irmã República Bolivariana da Venezuela, Nicolás Maduro:
Por seu intermédio, queremos fazer chegar hoje a cada um dos Presidentes dos países membros, associados e observadores do MERCOSUL o clamor, até agora ignorado, das organizações sociais representantes dos amplos setores de nosso povo, acerca da atitude tomada pelos governos do Uruguai, Brasil, Argentina, Paraguai, Bolívia, Chile, Equador ante o pedido dos EUA e do Conselho de Segurança da ONU, de respaldar os exércitos golpistas da França e Canadá que ocuparam, em fevereiro de 2004, o Haiti, sequestrando seu legítimo Presidente Bertrand Aristide.
Somente 4 meses depois, estas potências implementaram as Missões de Paz (MINUSTAH) para transferir aos governos latino-americanos e outros, a tarefa de descumprir brutalmente o DIREITO INALIENÁVEL DO POVO HAITIANO A SUA AUTODETERMINAÇÃO,  desembarcando tropas de ocupação que nunca NENHUM GOVERNO LEGÍTIMO DO HAITI RECLAMOU. A partir do golpe de Estado, as potências invasoras designaram governos provisórios, organizando eleições ilegítimas, tendo o Partido Lavalas majoritário proscrito, com cortes eleitorais provisórias não eleitas democraticamente e participação de somente 20% do eleitorado.
A presença da MINUSTAH significou para o povo haitiano 9 anos de opressão econômica, política, social e militar. Nenhum dos propósitos de “estabilização”, “reinstitucionalização do Estado”, “cooperação humanitária”, “desarmamento de grupos armados” que ameaçam a população foram praticados, a instabilidade se acentuou. Pelo contrário, a desocupação, a exploração extrema do trabalhador nas zonas francas, a fome, a continuidade das políticas norte-americanas de saque do ouro, prata e cobre, a repressão dos setores populares, são razão e causa da DESESTABILIZAÇÃO de um povo oprimido. Vale a pena se perguntar como pudemos nos encaixar ao pensamento soberbo e racista dos impérios coloniais que inferiorizam os povos, considerando-os incapazes de se autogovernarem. Não é anacrônico com o discurso e a vontade de independência e integração da Pátria Grande que hoje viceja em muitas áreas da América?
É possível afirmar que um povo que resistiu à catástrofe do terremoto de 2010, baseando-se principalmente em suas próprias forças, suas culturas ancestrais de solidariedade e autogestão, em meio da devastação, com muito escassas ajudas alimentares, à exceção da extraordinária colaboração dos médicos cubanos há 12 anos e da ajuda civil venezuelana que se somou, não é capaz de decidir seu destino? Um povo que revolucionou o mundo muito cedo para os interesses imperiais, obtendo a emancipação numa revolução social anticolonial, libertária e antiescravista em 1804-1806?
Esse povo, como todos, possui memória e, por isso, só foi possível dominá-lo utilizando a força bruta, pelo genocídio, desde então até agora. Já não é crível a promessa de “colaborar humanitariamente” e “ajudar a reinstitucionalizar”. Em 9 anos, destinados a isso, a MINUSTAH não o fez. Além disso, pode um exército invasor ajudar a reinstitucionalizar? Não é um perfeito contra senso? As únicas “instituições” que a MINUSTAH e o império, a ONU, a OEA, a comissão presidida por Bill Clinton, podem criar, são as funcionais à continuidade de sua dominação e opressão. Só o povo haitiano pode eleger sua própria forma de organização social. Ninguém pode fazer por ele e ele deve fazê-lo livremente.
Por isso é inquestionável a obrigação urgente de retirar todas as tropas de Haiti. Eles devem resolver seus próprios problemas como cada um de nossos povos faz. Hoje existem 6 dos 10 departamentos do Haiti declarados como zonas de miséria e fome. Retiremos os exércitos e utilizemos esse dinheiro em contribuição ao que o povo haitiano, através da institucionalidade que ele mesmo se deu.
Por último, a MINUSTAH é responsável de ter introduzido o cólera no Haiti, que causou mais de 8.000 mortos e 800.000 enfermos, deixando milhares de crianças órfãs, que carregam um novo estigma social. A epidemia continua desenvolvendo-se e a ONU se nega a cumprir o protocolo das 7 Recomendações elaboradas por um grupo de especialistas que ela contratou.
A ONU se ampara na “imunidade das tropas” para esquivar-se da reparação dela exigida legalmente por 5.000 vítimas do cólera. Como caracterizar este operativo da ONU, baseado na “imunidade-impunidade”, que se nega a deter uma epidemia letal, introduzida por seus próprios efetivos, tendo em suas mãos todos os recursos materiais e humanos para fazê-lo? Não se parece muito com um genocídio? Continuarão hoje os governantes latino-americanos envolvidos na MINUSTAH, sendo parte deste instrumento imperial, a custa da tragédia e do genocídio haitiano?
Senhoras e Senhores Presidentes dos países membros, associados e observadores do MERCOSUL, em nome de nossos povos e do Povo Haitiano, detenham já esta intervenção, reconheçam o Haiti como parte desta pátria grande e também o seu direito à autodeterminação. As organizações abaixo assinadas exigem:
– A retirada imediata de todas as tropas estrangeiras do Haiti;
– Que a ONU indenize de forma imediata as milhares de vítimas do cólera;
– A utilização urgente dos recursos, até agora destinados às tropas militares, para deter a epidemia e assistir a saúde da população haitiana e em tudo o que o povo reclame, sem que isso signifique um novo endividamento;
– O reconhecimento do povo do Haiti por seus sacrifícios, que eliminaram obstáculos, no processo inconcluso da emancipação dos povos de nossa América.
Guillermo Chifflet – ex-deputado da Frente Ampla – Uruguai, que renunciou seu cargo, no ano de 2005, ao não acompanhar o voto de seu partido (PS/FA), favorável ao envio das tropas ao Haiti.
Dr. José Díaz – ex-deputado nacional (PS /FA.) e ex-Ministro do Interior (2005-2007)
Comitê Democrático Haitiano
Henry Boisrolin (Haiti)
PAPDA (Plataforma por um Desenvolvimento Alternativo – Haiti)
Nora Cortiñas (Mãe da Plaza de Mayo-Linha Fundadora) Argentina
SERPAJ – Uruguai
Coordenadora pela Retirada de Tropas do Haiti (Uruguai)
Comissão Nacional pela Água e pela Vida (Uruguai)
Redes-AT (Uruguai)
FEUU (Federação de Estudantes Universitários do Uruguai)
PITCNT (Plenária Intersindical de Trabalhadores) – Convenção Nacional de Trabalhadores (Uruguai)
FFOSE-PITCNT (Uruguai)
UTHC- PITCNT (Uruguai)
COFE- PITCNT (Uruguai)
UCRUS- PITCNT (Uruguai)
Plenária Memória e Justiça (Uruguai)
CONOSUR (Comissão Nacional de Organizações Sociais do Uruguai) Julio Faravelli
Comitê de Solidariedade pela Retirada de Tropas Argentina do Haiti (Argentina)
CTA – Central de Trabalhadores Argentinos  (Argentina)
Diálogo 2000 (Argentina)
Comissão Pró-HAITI (Brasil)
Jubileu Sul (Argentina e Brasil)
Junta Americana pelos Povos Livres (sede Paraná – Entre Ríos)
SEPLA (Sociedade de Economia Política e Pensamento Crítico Latino-americano)
AGMER (Associação de Professores – MARÍA GRANDE)
Comissão DDHH da CTA – Entre Ríos
Mauricio Castaldo – Secretário Geral
Luis H. Vignolo (Jornalista e Diretor Geral da Fundação Vivian Trías) Uruguai
Prof. Garabed Arakelian (Docente e Vice-Presidente da Fundação Vivian Trías) Uruguai
David Rabinovich (Jornalista e Vice-Presidente da Fundação Vivian Trías) Uruguai
Fonte: http://www.kaosenlared.net/america-latina/item/63469-uruguay-%7C%7C%7C-por-el-retiro-de-tropas-de-hait%C3%AD.html
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