quarta-feira, 15 de maio de 2013

Após tragédia, Bangladesh aumenta salário mínimo e autoriza sindicalização

Em média, funcionários do setor têxtil recebem 38 dólares por mês; até papa Francisco fala em "trabalho escravo"

O número de mortos no desabamento em Bangladesh em 24 de abril já ultrapassou 1.100. O governo, agora, após apelos da comunidade internacional e de protestos dos trabalhadores por melhores condições de trabalho, decidiu aumentar o salário mínimo para os funcionários da indústria têxtil. Além disso, foi feita a promessa nesta segunda-feira (13/04) da autorização para criação de sindicatos sem que necessite da autorização dos donos das fábricas.

As medidas prometem melhorar as condições  de trabalho do setor, que é considerado  o mais mal pago do mundo:  em média,  os trabalhadores ganham 38 dólares (cerca de 60 reais) por mês. "A lei foi aprovada pelo governo, agora será revisada pelo Ministério de Leis e depois terá que ser aprovada pelo Parlamento", disse Tareq Zahirul, porta-voz do Ministério de Têxteis.

Bangladesh vai reunir uma comissão de representantes das fábricas, líderes sindicais e governo para decidir as novas diretrizes do setor da indústria têxtil. Essa é uma promessa feita pela primeira-ministra do país, Sheikh Hasina, poucos dias após a tragédia.

Agência Efe

Máquinas continuam trabalhando nos escombros do prédio onde aconteceu o acidente; ainda há esperança de encontrar sobreviventes

Segundo Tarek Zahirul, “a comissão terá três meses para deliberar sobre estas condições, mas o aumento do salário mínimo entrará em vigor com efeito retroativo desde 1 de Maio”. De acordo com informações da Agência Efe, a última vez que os salários foram reajustado foi em 2010, quando o salário mínimo mensal era de US$ 21. Agora os trabalhadores pedem US$ 102 mensais.

A indústria têxtil é fundamental para a economia do Bangladesh, representando 78% das exportações. O setor dá trabalho a quatro milhões de pessoas e atrai grandes companhias do Ocidente por oferecer uma das mãos-de-obra mais baratas do planeta.

A comunidade internacional em diversas oportunidade já voltou seus olhares às péssimas condições de trabalho em Bangladesh. Há registro de vários protestos no mundo inteiro contra o trabalho escravo (ou praticamente escravo) que muitos trabalhadores são submetidos no país.

Agência Efe

Dezenas de pessoas se aglomeram nas imediações do prédio onde aconteceu o desabamento à espera de notícia

Até mesmo o papa Francisco qualificou no começo deste mês como "trabalho escravo" a situação dos operários têxteis que morreram no desabamento e disse em pronunciamento público que empresários que pagam salários injustos e buscam o lucro desenfreado vão "contra Deus".

As empresas estrangeiras como El Corte Inglês, Benetton, Primark, Bon Marche e Joe Fresh admitiram que produziam peças nas oficinas  no prédio onde aconteceu o acidente.

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Pensar Netuno, nota:

  Nestas condições de exploração selvagem, os donos do capital e do poder se vêm incomodados pela simples presença de um partido comunista. Manipular o fervor religioso para seus fins desavergonhados já vimos acontecer no Brasil(1963-64). O incêndio ao prédio-endereço do PC de Bangladesh foi fato lamentável.Que os trabalhadores em luta consigam romper os grilhões que lhes oprimem.
                         Venceremos!
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