quarta-feira, 24 de abril de 2013
A idéia
de que todas as galáxias estão se afastando entre si conduz a uma
conclusão extraordinária: houve um momento, no passado, em que todas
elas estiveram reunidas num único ponto. Nesse instante, o Universo
nasceu. Para determiná-lo,, é preciso inverter o sentido atual da
expansão das galáxias, de acordo com uma lei descoberta pelo astrônomo
Edwin Hubble, em 1927. É como rodar um filme de trás para a frente: o
resultado é cerca de 15 bilhões de anos De modo geral, a idéia funciona.
As mais antigas galáxias conhecidas existiram à época que o Universo
tinha apenas 1 bilhão de anos. Antes disso, à idade de 100 000 anos, a
compressão era tão grande que a temperatura alcançava milhares de graus
(suficiente para fundir o enxofre, fenômeno que os teólogos medievais
usavam para definir o calor do inferno).
O Cosmo estava cheio de um gás muito
simples, composto por átomos de hidrogênio, hélio e lítio. Quando se
recua ainda mais e a compressão aumenta, os próprios átomos perdem sua
"casca", formada por elétrons, e ficam reduzidos apenas a seus núcleos,
formados por prótons e nêutrons. Assim foi até à idade de 1 minuto e,
antes disso, mesmo os minúsculos núcleos se tornaram instáveis. Prótons e
nêutrons se mantêm coesos pela força nuclear, muito mais poderosa que a
força eletromagnética, que prende os elétrons aos núcleos. No entanto,
no período anterior a 1 segundo, a temperatura superava 1 bilhão de
graus, e essas partículas circulavam livremente. Apenas daí para a
frente haveria condições para que o Cosmo começasse a sintetizar os
elementos químicos.
Idade cósmica
A simples definição de velocidade,
familiar a todo estudante secundarista, permite calcular há quanto tempo
o Universo existe. É como perguntar há quanto tempo um carro deixou uma
cidade, quando se sabe que ele está a 120 quilômetros de distancia e se
afasta a 60 quilômetros por hora. A resposta, naturalmente, é 2 horas,
porque 120 dividido por 60 é 2. Imagine-se agora que duas galáxias
quaisquer, no momento do Big Bang, estavam juntas, como o carro e a
cidade. A partir daí, quando cronômetro começa a correr, elas se afastam
cada vez mais, até alcançar a distancia em que se encontram atualmente.
Há quanto tempo? Basta dividir essa distancia pela velocidade entre
elas: o resultado é a idade do Cosmo. Aparentemente, isso não é tudo,
pois a distancia entre as galáxias varia, conduzindo a inúmeros valores
para o tempo. O que se observa, porém, é que existe uma regra básica no
Cosmo: se a distancia aumenta, a velocidade aumenta na mesma proporção,
de tal modo que a divisão entre os dois números nunca se altera. Não é à
toa que essa lei tenha se transformado no alicerce da moderna ciência
do Universo.
A inflação do Universo
O conceito de inflação cósmica prescreve
que uma pequena porção do espaço, logo após o Big Bang, expandiu-se
desmesuradamente até se cristalizar na estonteante população de galáxias
que os astrônomos vêem no céu. Mas existe algo mais, além do céu:
incontáveis universos que evoluíram de outras pequenas porções do Big
Bang De acordo com as mais modernas teorias da Física, tais mundos
espoucaram como bolhas, inflados pela densa massa de energia primitiva. A
responsabilidade por esse fenômeno cabe a partículas chamadas bósons de
Higgs (em homenagem a seu criador, o escocês Peter Higgs). Além de sua
importância para o Cosmo, os bósons de Higgs são essenciais para se
compreender a matéria numa escala muito menor que o diâmetro de um
próton, o núcleo de um átomo de hidrogênio. Aí já não valem as leis da
Física nuclear; é preciso empregar equações bem mais avançadas, que
descrevem conjuntamente os dois tipos de força nuclear e a
eletromagnética.
Por isso, explica o astrofísico David
Schramm, o vazio entre os universos não é idêntico ao espaço que permeia
as galáxias. A matéria que ele abriga não é constituída pelos
familiares elétrons e quarks (Com os quais se montam os prótons). Como
as forças estão unificadas, existe uma espécie de simetria entre as
partículas, que são idênticas entre si ou se transformam sem cessar umas
nas outras. Nada disso ocorre no espaço assimétrico, cristalizado no
interior das bolhas universos durante a formidável crise de inflação.
Portanto, não há esperança de, um dia, uma nave como a Enterprise
visitar os mundos vizinhos, diz Schramm. "Lá fora encontraríamos apenas o
espaço indiferenciado, repleto de para energia Higgs”
Fonte: Super Interessante
Fonte: Super Interessante
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