sexta-feira, 1 de março de 2013
PROJETOS DE EIKE DEPENDEM CADA VEZ MAIS DO BNDES
Valor Econômico
EBX SE APOIA NO BNDES PARA "TOCAR" SEUS
PROJETOS
Desde a crise de 2008, captar recursos
tornou-se uma operação mais difícil para o bilionário Eike Batista e seu rol de
empresas X. O BNDES ganha cada vez mais importância no financiamento dos
projetos. De 2006, quando sua primeira empresa foi listada na bolsa brasileira,
a mineradora MMX, até o lançamento de ações do estaleiro OSX, em 2010, o
empresário levantou R$ 13,6 bilhões em IPOs, conforme dados da Comissão de
Valores Mobiliários (CVM). De 2005 até agora, o empresário obteve R$ 10 bilhões
do BNDES, com os maiores empréstimos ocorrendo a partir de 2009.
A dependência de recursos oficiais pode
aumentar. No momento, a MMX aguarda aprovação de financiamento de R$ 3 bilhões
do BNDES para a expansão da mina de Serra Azul (MG). A operação está em análise
no banco, última etapa antes da aprovação. A OSX, empresa de construção naval,
também entrou com pedido para construção de plataforma de petróleo.
Com ênfase no BNDES, grupo comandado por
Batista busca alternativas para financiar seus projetos, alguns com desempenho
abaixo do esperado pelo mercado
Há um mês, Eike Batista anunciou ao mercado o
desejo de fechar o capital da CCX Carvão da Colômbia. O pagamento será feito com
ações de outras empresas do grupo EBX em poder do empresário ao invés de
dinheiro. A opção reacendeu no mercado preocupação que há meses circulava entre
os investidores, a de que Batista estaria com dificuldades de conseguir crédito
novo para seus negócios. Apesar dos questionamentos, o grupo continua na busca
por fontes de recursos para desenvolver seus projetos, com ênfase no Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
No momento, a MMX, mineradora de ferro do
grupo, aguarda aprovação de financiamento de R$ 3 bilhões por parte do banco
para a expansão das minas de Serra Azul (MG). A possível contratação desses
recursos é esperada com expectativa por investidores que a consideram como um
sinal de respaldo do BNDES ao empresário. A OSX, empresa de construção naval da
EBX, também entrou com pedido de empréstimo no BNDES para a construção de uma
plataforma de petróleo.
O BNDES tem sido fonte permanente de dinheiro
para sustentar os projetos da EBX, em especial a partir da crise financeira de
2008, quando houve restrição de linhas de crédito privadas e as bolsas fecharam
as portas para novos IPOs (ofertas públicas iniciais de ações). Desde que
Batista listou a sua primeira empresa na bolsa brasileira, a mineradora MMX, em
2006, até o estaleiro OSX, em 2010, o empresário levantou, via IPOs, R$ 13,6
bilhões, conforme dados da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Batista captou no BNDES quase R$ 10 bilhões
desde 2005. Os maiores aportes do banco ao grupo, de R$ 4,1 bilhões e de R$ 2,7
bilhões, ocorreram em anos de crise, 2009 e 2012, respectivamente. Em 2009,
foram feitas as maiores operações do empresário com o banco, com destaque para
financiamento de R$ 1,3 bilhão para a LLX no porto do Açu (RJ) e de R$ 1,4
bilhão para a termelétrica de Pecém (CE). Em 2012, a maior operação aprovada
pelo banco para o grupo foi de R$ 1,3 bilhão para a OSX.
O apoio do BNDES e de outras fontes é uma
alternativa importante para o grupo levar os projetos adiante. Dados do Valor
Data, com base nos balanços do terceiro e do quarto trimestre de 2012, mostram
que cinco empresas de capital aberto da holding EBX (MMX, OGX, MPX, LLX e OSX)
tinham dívida líquida consolidada de R$ 15,8 bilhões até o fim do ano passado e
uma posição de caixa de R$ 8,3 bilhões. Em 2012, a EBX disse ao Valor que a
holding possuía US$ 9 bilhões em caixa. Agora, não informou a posição atual do
caixa.
O principal ponto de preocupação de
investidores com as empresas do grupo EBX é o fato de as companhias estarem em
meio a processos que demandam altos volumes de investimentos para finalizar os
projetos. O empresário desenvolve ativos de infraestrutura que exigem pesados
investimentos, mas que, se não forem concluídos, nada valem. Esse é o pior
cenário para o grupo. Na visão de um analista, Batista precisa atrair parceiros
que injetem dinheiro ou vender pedaços para desenvolver outros negócios.
Procurado, Batista não se manifestou. Por
email, o EBX informou estar em situação financeira confortável: "O grupo EBX
está capitalizado, com recursos suficientes para garantir a execução dos
projetos desenvolvidos no país. Todas as companhias de capital aberto do grupo
vêm cumprindo seus planos de negócios em dia, com "funding" substancialmente
equacionado para os próximos anos." Uma preocupação no mercado, porém, é que o
empresário teria contraído empréstimos como pessoa física com bancos privados e
dado ações das suas empresas em garantia. Diante das quedas de sua "blue chip" -
apenas no ano passado a OGX desvalorizou 67,84% -, circula no mercado a
informação de que ele teria renegociado as garantias, mas estaria mais difícil
conseguir novas linhas.
Nas últimas semanas, voltaram a circular
informações sobre as negociações de Batista para vender ativos. Ele encontrou-se
com executivos da Petronas, da Malásia. A petroleira estaria analisando a OGX há
meses, mas ainda não se sabe se ou quando as partes chegarão a um acordo.
Mas a operação que pode ser concluída com mais
rapidez é a venda do controle da elétrica MPX, braço de energia da EBX. É um
ativo mais maduro e, pela primeira vez, Batista deverá deixar o controle de uma
de suas empresas. A venda para a alemã E.ON, se confirmada, poderá dar fôlego
novo ao empresário no mercado. Nos bastidores, as informações são de que a E.ON
gostaria de comprar o controle sozinha, mas não pode fazê-lo pois teria de
consolidar dívida líquida de R$ 5,4 bilhões da MPX, dos quais R$ 1,9 bilhão
vencem este ano. A empresa estuda a emissão de debêntures ou de "bonds" para
alongar o perfil da dívida.
Em junho de 2012, Batista chegou a afirmar que
havia conseguido um sócio para sua mina de ouro, a AUX, mas esse negócio ainda
não foi oficializado. No mercado, existe o consenso que há comprador para os
ativos de Batista, mas não aos preços que o empresário deseja e que chegou a
conseguir no passado. O mercado deixa isso claro na precificação dos ativos do
EBX. No fechamento de capital da CCX, Batista está avaliando cada ação da
companhia a R$ 4,31. Esse valor é próximo ao dobro da cotação de mercado na
época do anúncio.
O Credit Suisse informou em relatório que a OSX
é negociada na bolsa perto de seu valor de liquidação. E a OGX está perto das
mínimas históricas. No caso da LLX, Batista tentou fechar o capital da empresa a
preços de mercado, mas voltou atrás depois que um laudo de avaliação atribuiu
valor à companhia superior ao da bolsa.
Um alento ao empresário é o fato de a liquidez
financeira global para os negócios estar voltando. Na megaoperação de compra da
Heinz por 3G e Berkshire, grandes bancos internacionais entraram financiando a
operação. Outro ponto que tem chamado a atenção dos investidores está no papel
de Batista como um importante financiador das próprias empresas. Na abertura de
capital da OSX, em 2010, o mercado não concordou com os preços avaliados na
operação e aceitou colocar recursos desde que com desconto. Para dar
continuidade ao negócio e, como sempre, apostando em seus empreendimentos, o
empresário comprometeu-se a aportar US$ 1 bilhão na companhia três anos depois,
para complementar os recursos para os projetos. Do total, o empresário liberou
US$ 250 milhões ano passado e vai aportar mais US$ 250 milhões em março.
Apesar do comprometimento de Batista em casos
como da OSX, o mercado não tem informações precisas sobre a capitalização da
holding EBX, de capital fechado. O que se sabe de mais recente foi o
investimento de US$ 2 bilhões feito pelo Mubadala Development Company, empresa
de investimento de Abu-Dhabi e de outros US$ 300 milhões da GE. Os recursos
ingressaram em veículos offshore no ano passado.
Com o mercado cobrando resultados e penalizando
as ações de suas empresas, Batista comprometeu-se, em 2012, a aportar mais US$ 1
bilhão, dessa vez na petroleira do grupo, a OGX. Recentemente, chamou um aumento
de capital na MMX, que alcançou R$ 1,37 bilhão. O empresário garantiu a
operação, mas não foi acompanhado pelos maiores sócios, a chinesa Wisco e a
coreana SK Networks. Em nota ao Valor, a EBX afirmou: "Os recentes anúncios de
aportes pelo controlador nas companhias do Grupo EBX enfatizam sua confiança nos
empreendimentos em curso."
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