quarta-feira, 16 de maio de 2012
Palestina: Nakba
15 DE MAIO de 1948 – NAKBA - A
tragédia palestina ampliada para o Mundo Árabe e a solidariedade da esquerda
brasileira 


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Maristela R. Santos Pinheiro
Neste dia, inicia-se, com a fundamental
conivência do imperialismo, cujo centro ainda era a Inglaterra, a política de
limpeza étnica na Palestina, quando centenas de sionistas armados e organizados
em milícias mercenárias entram na Palestina trazendo o terror, a violência e a
morte para mais de 675 vilarejos palestinos; milícias assassinas cujos nomes a
história jamais esquecerá: Irgun, Stern, Hanagá – esta última deu origem ao
atual Exército de Defesa de Israel.
A estratégia de terror adotada na ocupação das
terras palestinas para a construção de um Estado Judeu foi deliberadamente
planejada tendo em vista os interesses geopolíticos da emergente nação
estadunidense, no Mundo Árabe.
“Em 7 de março de 1949, um memorando do chefe
do Estado-Maior da Força Aérea norte-americana dirigido ao Estado-Maior conjunto
sobre “os interesses estratégicos dos Estados Unidos em Israel” requeria um
ajuste nesse sentido: “O equilíbrio dos poderes no Oriente Próximo e no Oriente
Médio foi radicalmente alterado. Em troca de seu apoio a Israel, os Estados
Unidos podem agora tirar vantagens estratégicas da nova ordem política”. Com
base nesses cálculos, o chefe do Estado-Maior da Força Aérea recomendou que a
formação e a cooperação militares fossem reconsideradas e, especialmente, que a
influência soviética sobre o novo Estado fosse neutralizada.”.
Veja texto in: http://www.diplomatique.org.br/artigo.php?id=1031&PHPSESSID=7344ed5e82e51d5534f731688bd394681
Já se passaram 64 anos desde maio de 1948, e se
lançarmos um olhar histórico para região podemos ver claramente a crescente
importância desta “poderosa base militar” para a estratégia dos EUA no Mundo
Árabe e seu entorno.
Nesses 64 de Nakba, a tragédia, o genocídio e a
ocupação militar, política, cultural e econômica foi reproduzida e ampliada como
principal meio de dominação imperialista sobre a região árabe e seu entorno,
como o Afeganistão e a Líbia.
Os países cujos governos estão dispostos à
cooperação político-militar-econômica tem o apoio irrestrito do sionismo para
manter seus povos sob controle ditatorial e não admitem oposição, que a rigor
são tratadas como terroristas, ou seja: prisões, torturas e assassinatos
seletivos. Caso da Arábia Saudita, Bahrein, Qatar e o Iêmen.
Os Estados que se insurgem contra a dominação
imperialista têm suas soberanias destruídas, os Estados desmontados e seus povos
dizimados, caso trágico do Iraque; do Afeganistão, desde a Guerra Fria, quando
os EUA financiam e armam a Al Qaeda (velhos amigos) e da Líbia destruída pelo
exército de mercenários pagos pelo Qatar; acessória britânica e sionista; a Al
Qaeda e a poderosa OTAN. Os povos desses países sentem na carne, como nenhum
outro, o benefício da R2P , a Responsabilidade Para Protejer , da democracia
capitalista!
Com a ajuda da CCG – Conselho de Cooperação do
Golfo – entidade que reuni Arábia Saudita, Bahrein, Catar, Emirados Árabes
Unidos, Kuwait e Omã – aliados incondicionais dos EUA e de Israel, países como a
França, a Inglaterra, EUA e o Estado sionista introduzem muitas armas
israelenses e grupos mercenários, milícias armadas e assassinas, que investem
contra a população civil numa tentativa furiosa de desestabilizar o Estado
sírio, conhecido na região pelo seu irrestrito apoio às resistências
antiimperialista do Oriente Médio, em particular a da Palestina e do Líbano.
Nesses macabros e terríveis episódios de terror contam com a presença marcante
da Irmandade Muçulmana nos bárbaros e explosivos acontecimentos que ameaçam e
matam a população civil síria e que exigem a intervenção militar imperialista à
Síria, sem o menor constrangimento.
Mas, as coisas não estão saindo exatamente como
o esperado: O povo sírio se unificou em torno das mudanças democráticas
dirigidas pelo governo; tomou para si o destino do país e luta diariamente nas
ruas, numa demonstração bravíssima de resistência anti imperialista, para que
seu país não tenha o mesmo desfecho que se deu na Líbia, cuja aliança da OTAN,
leia-se países imperialistas, com o fundamentalismo “islamofascista” conseguiu
destruir e fragmentar de tal forma o Estado que a vida do seu povo foi reduzida
à barbárie.
No Egito, a fim de frear a ofensiva
antiimperialista e anti-sionista do povo árabe, essa quadrilha financia e dá
suporte político e institucional a dócil e aliada Irmandade Muçulmana,
organização pró-ocidental, que concorrerará as eleições através de seu braço
político, o Partido Liberdade e Justiça. Mas na praça Tahrir, símbolo da
ofensiva, a massa incansável segue se organizando em sindicatos independentes e
organizações políticas e não desistem apesar de toda repressão. Na Tunísia o
grosso do investimento com a mesma finalidade vai para organização
Annahda.
A luta não foi vencida, mas tão pouco
foi ganha!
Por trás da estratégia de acalmar os ânimos das
massas egípcias, está o interesse de manter o domínio econômico das grandes
corporações multinacionais: bancos, agronegócios, indústrias e os negócios das
armas e o domínio político do Egito, importantíssimo para que não se quebre o
frágil equilíbrio mantido pelo imperialismo no Mundo Árabe.
O Egito, o coração e a alma do Mundo Árabe;
mais de 80 milhões de habitantes; a mais importante classe operária; vizinho da
Palestina pela Faixa de Gaza , maior “campo de extermínio” a céu aberto do
mundo; vizinho de Israel e dono de uma força militar significativa na região
joga um papel determinante na manutenção do status quo.
A intenção do imperialismo/sionismo não se
esgota aí, ameaçam chegar até a Pérsia e definir geopoliticamente sua supremacia
mundial, abalada pela crise sistêmica que varre o planeta e abala a acumulação
do capital, através da rapina das riquezas minerais, no caso o petróleo e da
GUERRA que fomentará mais a economia desse sistema que se alimenta e se amplia
com o terror.
A situação é muito complexa e envolve inclusive
altíssimos investimentos nas ONGs dos Direitos Humanos, a associação destas com
o National Endowment for Democracy (NED); ONGs cujos projetos e programas
“inofensivos” escondem a colaboração destas com os interesses sionistas, da OTAN
e do imperialismo.
Veja o texto “Las organizaciones de derechos
humanos fomentan las guerras”
Não haverá paz no Mundo Árabe, não haverá
justiça social enquanto existir essa poderosa base militar nuclear (Israel) em
seu seio, sustentada financeiramente pela burguesia imperialista, pelos grandes
grupos coorporativos, pelo capital financeiro e bélico e politicamente pelos
Estados Imperialistas, incluindo os da Europa.
Essa compreensão me leva a ousar dizer que a
solidariedade internacionalista com a luta do povo palestino deve estar a altura
das necessidades dessa nova conjuntura internacional; sendo assim, a defesa da
causa palestina, após 64 anos, não pode mais ser vista de forma isolada, por que
verdadeiramente não é solidariedade internacionalista, dessa forma.
A Palestina não é uma ilha fechada com seus
problemas políticos internos; ao contrário, 64 anos de ocupação sionista na
Palestina significou, na prática, a ampliação da política de terror para outros
países árabes, para todo o povo árabe, significou a ampliação da dominação
política-econômica-cultural no Mundo Árabe. Da mesma forma, o desfecho da luta
no Egito e na Síria, cada qual com suas realidade específicas, afetará
diretamente à luta do povo palestino para o bem ou para o mal. São partes da
mesma luta, da mesma intifada, da mesma dominação, por isso encerram uma forte
relação dialética.
Neste ponto temos um grave problema a
superar na esfera da solidariedade internacionalista
As correntes e organizações políticas que
transitam nos movimentos sociais e sindicais, comprometidas com a política
externa do governo brasileiro, e alinhadas com as posições da Al Fatah, fazem
campanhas reproduzindo a falsa discussão da possibilidade dos dois estados
(vide texto “E os palestinos? O que pensam
sobre um Estado para todos, Ou, dois Estados. http://old.kaosenlared.net/noticia/palestina-laica-livre-soberana-para-todos
)
Por óbvio, essa discussão no seio da
solidariedade internacionalista gerou e gera uma certa tensão, mas, até aqui,
não impediu a prática da unidade na ação, toda vez que o movimento de
solidariedade brasileiro, em seu conjunto, foi chamado para ir às ruas ou fazer
declarações conjuntas. Em diversos momentos, apesar das dificuldades que essa
diferença estratégica levanta, o conjunto amplo da esquerda brasileira trabalhou
junto na defesa da causa palestina, apesar das diferenças táticas, de nossas
filiações partidárias e dos alinhamentos com as organizações políticas
árabes/palestinas.
Mas, lamentavelmente, a partir da investida da
contra-revolução na Líbia, e em seguida, na Síria, um setor importante da
solidariedade internacionalista passa a apoiar abertamente os setores árabes
ligados ao imperialismo; a generalizar os levantes numa mesma análise e sob uma
mesma bandeira; a ter como base de informações as ONGs, ligadas aos Direitos
Humanos; a citar fontes como a Al Jazeera, emissora reconhecidamente
comprometida com o “ocidente”; a reconhecer como verdadeiras as informações da
Mídia nacional corporativa e, por fim, a fazer um chamado para o envio de armas
para os já bem armados grupos mercenários..... É ESTARRECEDOR !!!
Não acreditamos na possibilidade de
estarmos do mesmo lado na solidariedade à luta de um povo com grupos que
trabalham para fortalecer os inimigos desse mesmo povo (e da humanidade) em
outro cenário.
Essa não é uma diferença qualquer, a unidade
necessária para o bom encaminhamento da solidariedade internacionalista em
defesa da causa palestina foi quebrada.
A base segura da solidariedade
internacionalista à luta dos povos requer uma análise marxista aprofundada que
se leve em conta todos os elementos da realidade, incluindo as contradições que
gera, as posições tiradas destas análises são pautada pelo cenário que mais
fortaleça a luta dos trabalhadores , desses povos, por um mundo mais justo,
contra o capital.
Sinceramente, não consigo ver no horizonte uma
solução capaz de superar esse gravíssimo problema político, mas isso não
significa que a esquerda brasileira perdeu o passo do internacionalismo, por
sorte, temos a maioria e importantes forças, organizações sociais e partidos
políticos do nosso país firmes e na defesa intransigente da luta do povo
palestino e do povo árabe, de caráter antiimperialista e anti-sionista, em
particular, me sinto a vontade para citar a atuação dos Comitês de Solidariedade
organizados nos Estados.
VIVA A UNIDADE DO POVO SÍRIO CONTRA O
IMPERIALISMO!
VIVA A LUTA ANTIIMPERIALISTA DO POVO
EGPCIO!
VIVA A LUTA DO POVO DO BAHREIM CONTRA A
DITADURA !
VIVA O HEZBOLLAH !
VIVA A PALESTINA LIVRE!
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