quinta-feira, 20 de setembro de 2012

A mão neoliberal do imperialismo continua assaltando os povos e tem reação na India.

 

Greve geral contra reforma econômica leva milhões às ruas na Índia

Medida prevê corte de benefícios da população e pretende abrir mercado a empresas estrangeiras








Agência Efe

Manifestantes queimam bonecos representando membros do governo; população protesta contra abertura do setor varejista

Milhões de pessoas saíram às ruas na Índia nesta quinta-feira (20/09) para participar de uma greve geral e protestar contra as reformas econômicas anunciadas pelo governo. Preocupado com a repercussão negativa que elas causaram na população e em muitos partidos aliados que ameaçam sair da coalização governista, o primeiro-ministro, Manmohan Singh, fará um pronunciamento à nação nesta sexta (21) para justificar as medidas.

De acordo com a CAIT (sigla em inglês para Confederação Pan-Indiana de Comerciantes), os protestos podem ter mobilizado 50 milhões de pessoas. O número ainda não foi confirmado pelas organizações que coordenaram as manifestações nem pelas forças de segurança.

Entre os pontos mais sensíveis da reforma estão o aumento de 12% no preço do diesel (anteriormente subsidiado) e a limitação para seis do número de botijões de gás que as famílias de baixa renda podem comprar por ano. Mas o ponto que gerou mais críticas foi a abertura do mercado nacional às grandes cadeias de distribuição estrangeiras. O comércio varejista, companhias aéreas e emissoras de televisão seriam os principais afetados.

Agência Efe

Militantes do Partido Comunista indiano protestam contra o governo impedindo a circulação de uma locomotiva de trem em Chennai

As multinacionais poderão comprar até 51% das empresas de capital aberto nos Estados que concordarem em implementar a medida. Atualmente, elas podem apenas ter participação minoritária no comércio varejista, sempre associadas com companhias nacionais.

Durante anos, as grandes multinacionais como a norte-americana Walmart e a francesa Carrefour aguardam essa medida para um mercado estimado em 470 bilhões de dólares por ano.

Alta adesão

Em uma incomum coincidência de posições, todos os partidos da oposição e até mesmo alguns aliados da coalizão liderada pelo CNI (Congresso Nacional indiano), que comanda o governo, convocaram protestos.

O secretário-geral da Confederação dos Comerciantes da Índia, Praveen Khandelwal, disse a jornalistas que os protestos envolveram cerca de 25 mil associações, que representam milhões de empresários, vendedores ambulantes e agricultores.

Lojas fechadas, transporte público interrompido e manifestações nas ruas refletem o elevado nível de adesão ao protesto convocado pela oposição. A greve atingiu os 28 Estados da nação, com a participação de milhões de transportadores, comerciantes, agricultores, empregados e trabalhadores em geral.



A imprensa local informou que a circulação de trens, ônibus e até mesmo dos pequenos tuc-tucs (triciclos motorizado que são usados como táxis) estava total ou parcialmente paralisada nas principais cidades, assim como o comércio e os serviços.

Em Nova Délhi, os líderes dos partidos de esquerda exigiram que o governo recue da medida ou renuncie.

Já os militantes do conservador BJP (Sigla e inglês para Partido do Povo Indiano), principal legenda da oposição, disseram que planejam protestar em frente à residência do primeiro-ministro e enfrentar a possibilidade de prisão.

Na cidade de Calcutá, capital do Estado de Bengala Ocidental, a chefe do Executivo no território, Mamata Banerjee, reiterou que seu partido, o Congresso Trinamool, iria retirar seu apoio se as reformas não forem canceladas. Segundo a imprensa, o rompimento com o governo deve ocorrer na sexta-feira (21). A agremiação, de orientação trabalhista, conta com 19 das 545 vagas na câmara de deputados indiana, a Lok Sabha.

Agência Efe

Rodoviária em Bangalore fica completamente deserta em razão da greve geral organizada contra as medidas liberais do governo

No quadro político indiano, o CNI têm 206 assentos e lidera a coalizão UPA (sigla em inglês de Aliança Progressista Unida), com 248 representantes (ainda contando o Congresso Trinamool), liderados por Sonia Gandhi, que se opõe às medidas, e afirma ser de orientação de centro-esquerda. Seus principais adversários são a NDA (Aliança Nacional Democrática), com 154 congressistas e comandada pelo BJP, com 114. A esquerda é representada pela Terceira Frente, com 77 membros, e é bem fragmentada em diversos partidos de tendência comunista.

Por sua vez, o governador do nordeste do Estado de Bihar, Nitish Kumar, qualificou como “suicida” a decisão de abrir o setor de varejo ao capital estrangeiro e advertiu que esta medida jamais se aplicará sob seu governo.

Críticos da medida argumentam que ela vai ser a ruína dos agricultores, pequenos empresários e os proprietários de mais de 12 milhões de "kiranas", pequenos comércios tradicionais.

No Estado de Assam (nordeste do país), serviços e atividades comerciais foram completamente fechados, em sinal de rejeição à decisão. Já em Punjab (noroeste), muitos dos manifestantes marcharam levantando botijões de gás e queimando imagens ou bonecos representando a figura do primeiro-ministro.

Ferrovias nos estados de Uttar Pradesh e Bihar, e nas cidades de Calcutá e Bangalore foram praticamente fechadas.

Justificativa

Por sua vez, o governo tentará explicar a medida à nação alegando que elas são necessárias para recuperar a competitividade da economia local e gerar empregos, tornando o país “mais atrativo para investimentos internacionais”.

"Acredito que essa medida ajudará a fortalecer nosso crescimento e gerar empregos para esses tempos difíceis" afirmou ele ao jornal The Times of India. Singh espera obter apoio de todos os setores da opinião pública.

O NCI apoiou formalmente a decisão formulada pelo gabinete do premiê Singh. Ravij Shukla, ministro da União e líder do partido, apoiou publicamente a decisão do governo, afirmando que os principais beneficados seria os pequenos proprietários de terra e os consumidores, já que iam para de ser explorados por atravessadores.

Para justificar sua decisão, ele afirma que, no passado, a oposição era contra o uso de computadores nos bancos, e hoje o país é uma potência no setor de tecnologia da informação, e que a China adotou medidas semelhantes no passado. “A esquerda não criticou a China na época, mas quando tentamos fazer isso por aqui eles se opõem com unhas e dentes”.
                                  Fonte: Opera Mundi

 
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