Geneticista fala sobre estudo que identificou nova
variante do coronavírus no estado do RJ
Divulgação/LNCC
09:00 24.12.2020URL curta
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Pesquisadores identificaram uma nova linhagem do vírus SARS-Cov-2
circulando no estado do Rio de Janeiro. Segundo as análises, as mutações foram
identificadas em 38 dos 180 genomas sequenciados no estudo.
O Laboratório de Bioinformática (Labinfo), do
Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC, unidade de pesquisa do
Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações) identificou cinco mutações no vírus
SARS-CoV-2 somente no estado, caracterizando uma possível nova linhagem
originária da B.1.1.28 do novo coronavírus.
A coordenadora da pesquisa é
a geneticista, bioinformata com doutorado em Genética pela UFRJ e
pesquisadora do LNCC, Ana Tereza Ribeiro de Vasconcelos, que explicou à Sputnik
Brasil a importância da identificação dessa linhagem do vírus e que repercussão
pode ter no atual momento da pandemia no país.
"Como ele é um vírus que está entrando no
hospedeiro recentemente, é muito importante acompanharmos essas taxas de
modificações e ver em quais regiões de quais proteínas essas mutações estão
acontecendo. O que o SARS-Cov-2 está mostrando com essas mutações é que ainda
estamos na fase aguda da pandemia, estamos com uma circulação do vírus muito
grande no Brasil, e temos que monitorar e acompanhar pra ver como ele está
mudando", disse Ana Tereza.
De acordo com a pesquisadora, o monitoramento vai
continuar acontecendo no estado do Rio e vários outros grupos de pesquisadores
estão realizando o mesmo trabalho em outras regiões do país.
"Estamos trabalhando em rede, há várias
integradas. A nossa, por exemplo, do Ministério da Ciência e Tecnologia junto
com as das instituições aqui do Rio de Janeiro. Precisamos ter um panorama, uma
fotografia de como esse vírus está se dispersando pelo Brasil, e quais são as
mutações que estão acontecendo", declarou a cientista.
Tecnicamente falando, segundo Ana Tereza, a
linhagem B.1.1.28 já circulava no Brasil no início do ano. As mutações são
cinco, além de uma específica no domínio de ligação ao receptor da proteína da
espícula (spike) — a E484K, anteriormente associada ao escape de anticorpos
neutralizantes contra SARS-CoV-2, amplamente espalhada nos genomas dessa
linhagem.
A especialista esclareceu que alguns estudos
publicados por cientistas internacionais relataram, em experimentos
laboratoriais, que os vírus que possuem a mutação E484K podem escapar dos
anticorpos produzidos pelo sistema imune em alguns pacientes. Há indícios de
que os anticorpos que são produzidos por algumas pessoas infectadas têm
dificuldade de agir sobre vírus com essa mutação.
"A mutação se encontra justamente na spike,
responsável por se ligar às células humanas e introduzir o material genético do
vírus no hospedeiro. Apesar dos estudos laboratoriais, não temos evidências do
comportamento dos vírus com esta mutação do ponto de vista populacional. Muitos
testes ainda têm que ser realizados para validar esse experimento"
explicou a geneticista.
Ana Tereza disse que, de acordo com as análises
filogenéticas, o surgimento desta nova linhagem ocorreu em julho de 2020 e foi
identificada, principalmente, na cidade do Rio de Janeiro.
Além da capital, também surgiu em amostras vindas de Niterói (Região
Metropolitana), Cabo Frio (Região dos Lagos) e Duque de Caxias (Baixada
Fluminense).
Segundo a cientista não existe indicação de que
essa linhagem seja mais transmissível ou que possa interferir na efetividade
das vacinas que estão sendo desenvolvidas.
"As mutações não estão em regiões importantes
do vírus que prejudiquem a pesquisa das vacinas. Quando estiver disponível,
temos que tomar a vacina porque, com isso, esse vírus vai diminuir e quem sabe
chegar a zero algum dia", finalizou.
Como dito acima:Além da capital, também surgiu em amostras vindas de Niterói (Região Metropolitana), Cabo Frio (Região dos Lagos) e Duque de Caxias (Baixada Fluminense).Se espalhando,esperamos saber do nível de dano desta variante.
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