sábado, 11 de janeiro de 2020

A farsa de Guaidó na Venezuela




A farsa de Guaidó na Venezuela

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Sem votos suficientes para se reeleger presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, o deputado oposicionista Juan Guaidó, montou um verdadeiro teatro para ocultar seu isolamento político e passar a ideia de que havia sido impedido de entrar na sede do parlamento a mando do governo Maduro.
Heron Barroso

Foto: Matias Delacroix/AP
CARACAS  No último domingo (05/01), a Assembleia Nacional da Venezuela se reuniu para eleger seu novo presidente. O deputado oposicionista Juan Guaidó, até então chefe do parlamento e autoproclamado presidente do país, não conseguiu o apoio necessário à sua reeleição e perdeu o posto para o também deputado da oposição Luis Parra, do partido Primero Justicia.
Para ocultar o isolamento político que o levou a perder apoio dentro da própria oposição ao governo Maduro, Guaidó montou uma cena onde, supostamente, teria sido impedido pela Guarda Nacional Bolivariana de entrar na Assembleia Nacional, onde ocorria a votação. Imediatamente, os grandes meios de comunicação da burguesia e as agências internacionais de notícias passaram a denunciar a “repressão” e o “golpe” contra Guaidó e seus seguidores. Estava montada a farsa com vistas a desgastar o governo venezuelano e reforçar a ideia de que o país vive sob uma brutal ditadura.

Isolamento político

A expectativa em torno da escolha do novo presidente da Assembleia Nacional da Venezuela era grande. Juan Guaidó havia perdido apoio dentro e fora do país após a fracassada tentativa de golpe de 30 de agosto passado. Setores mais moderados da oposição ao governo Maduro estavam se distanciando do autoproclamado presidente, que se mantinha em pé graças, principalmente, ao apoio dos Estados Unidos, da União Europeia e dos países do chamado Grupo de Lima, entre eles o Brasil.
A sessão que escolheria o novo chefe do parlamento estava marcada para as 11h, mas só começou depois das 14h, sem a presença de Guaidó, que se negava a entrar na sede da Assembleia Nacional se não fosse acompanhado por outros cinco ex-deputados cassados. “Ou entramos todos, ou não entramos”, disse. Este foi o verdadeiro motivo do impasse.
A Guarda Nacional Bolivariana, responsável pela segurança da sessão, só estava autorizada a permitir a entrada dos parlamentares em exercício do mandato, o que não era o caso dos cinco colegas de Guaidó, alguns com mandato de prisão, acusados de participação na tentativa de golpe contra o presidente Nicolás Maduro, em agosto.
Guaidó, ao contrário, em nenhum momento teve seu acesso impedido. Porém, viu ali a oportunidade de montar um teatro farsesco (incluindo uma ridícula tentativa de pular o portão da Assembleia Nacional) para criar a ideia de que ele mesmo estava sendo vítima de uma tentativa de impedir sua entrada no local.
“A polícia inclusive explicou a ele (Guaidó) que se quisesse entrar sem os deputados cassados, não haveria nenhum problema, mas ele disse que só entraria se seus acompanhantes pudessem acompanhá-lo”, relatou a jornalista brasileira Fania Rodrigues, do Opera Mundi, que acompanhou de perto a cena.
O presidente eleito da Assembleia Nacional, Luis Parra, também disse que Guaidó não quis entrar. “Ninguém impediu Juan Guaidó de entrar. Ele não entrou porque não tinha votos, por isso ficou fora do Palácio Legislativo Federal. Outros que tinham mandado de prisão entraram bravamente. Não vamos ficar viciados no passado e Guaidó é o passado”, disse.

Chamado ao diálogo

Enquanto a farsa de Guaidó ocorria do lado de fora, dentro da Assembleia Nacional a votação para escolha do novo presidente do parlamento venezuelano terminava na vitória de Parra, que destacou que seu objetivo é diminuir a polarização entre chavistas e opositores. “Nós vamos abrir caminho para transitar a despolarização do país e do parlamento. Nossa primeira mensagem a Nicolás Maduro é que ele tem que voltar a dar a cara no Parlamento, mas também respeitar o Parlamento que foi legitimamente eleito por 14 milhões de venezuelanos”, disse.
Em resposta, Maduro afirmou que reconheceria a escolha de Parra como presidente da Assembleia Nacional e disse que Guaidó não passava de um fantoche dos Estados Unidos. “O país repudia Juan Guaidó como títere do imperialismo norte-americano, um ser muito corrupto e que deixa a Assembleia Nacional multimilionário, com os 400 milhões de dólares que lhe deu o governo estadunidense”.

Guaidó, lacaio do imperialismo

Uma vez derrotado, Juan Guaidó, agora ex-presidente da Assembleia Nacional, afirmava que não reconhecia a derrota. No mesmo dia, ele e seus aliados organizaram uma suposta nova sessão do parlamento para reeleger Guaidó com a presença, segundo eles, de 100 deputados, de um total de 167. Porém, até o momento, nenhuma lista de presença assinada por esses deputados foi apresentada para comprovar o quórum da sessão.
Dessa forma, Juan Guaidó turbina seu currículo agora também como autoproclamado presidente da Assembleia Nacional e já obteve para esta nova farsa o reconhecimento dos Estados Unidos, OEA, União Europeia e do Grupo de Lima, mostrando a que interesses está a serviço.
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