Coreia do Norte:
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O químico norte-coreano Ri Sung-gi![]() Após a rendição do Japão e a libertação da Coreia, em 1945, Ri foi libertado da prisão e retornou a Seul onde encabeçou o Departamento de Química da Universidade de Seul. Contudo, sem apoio suficiente ou recursos do Governo Militar do Exército dos EUA, o qual dominou a metade sul da Coreia após 1945, Ri e sua equipe passavam a maior parte do tempo ociosos. Quando estalou a Guerra da Coreia, em 1950, o então líder norte-coreano Kim Il-sung apelou a cientistas do sul a que trabalhassem pela causa nacionalista. Em meio aos bombardeamentos aéreos, muito cientistas, inclusive Ri, que discordavam das políticas do governo militar dos EUA, foram voluntariamente para o norte. À Coreia do Norte, 80 por cento da qual é montanhosa, faltam grandes extensões de terra plana propícia ao cultivo do algodão. Kim Il-sung, a par do trabalho de Ri sobre fibras sintéticas, montou um gabinete para ele junto ao seu próprio gabinete e encarregou-o da tarefa de vestir o povo. Finalmente, com recursos suficientes para continuar a sua investigação, Ri arregaçou as mangas. A Coreia do Norte não tinha petróleo para produzir nylon, mas as suas montanhas eram um vasto manancial de carvão e outros minerais. Ri utilizou antracite e pedra calcária para criar o vinalon, um tipo de fibra sintética a que os norte-coreanos habitualmente chamam de "têxtil Juche", numa referência à filosofia norte-coreana da auto confiança (self-reliance). Em 1960, a Coreia do Norte estabeleceu o complexo Vinalon 8 de Fevereiro, uma fábrica em escala comercial em Hamhung dedicada à produção em massa de vinalon. |
"O entendimento do trabalho de Ri Sung-gi sobre o "têxtil juche" abriu os meus olhos para a filosofia da auto-confiança", disse Kim Soobok. Ele queria aprender mais e começou então a sua trajectória de estudo da ciência e tecnologia na Coreia do Norte.
Kim visitou a Coreia do Norte múltiplas vezes de 2012 a 2015 e viajou por muitas regiões, incluindo Nampo, Pyongsong, Anju, Namhung, Wonsan, Geumgangsan, Gaesong e a municipalidade de Saepo County, ao norte da DMZ [zona desmilitarizada]. Ali, ele visitou o Instituto de Ciência Vegetal Pyongyang, o Complexo Siderúrgico Chollima, o Complexo Químico da Juventude Namhung, a Fábrica de Telhas Chollima, os Pomares do Rio Daedong, o departamento de biologia da Academia Nacional de Ciências, a Rua dos Cientistas de Satélites e um centro de pecuária na Municipalidade de Saepo. A cada ida visitou também a feira internacional de comércio efectuada duas vezes por ano em Pyongyang e entrevistou peritos da Grande Sala de Estudos do Povo e da Academia Nacional de Ciências, bem como várias universidades, para aprender acerca dos sectores alimentar e energético da Coreia do Norte.
"Podem-se encontrar vídeos na Internet acerca destes lugares, mas aprendi muito mais por realmente estar ali pessoalmente e conversar directamente com as pessoas", diz Kim. "Cada dia era tão interessante que o tempo voava". Kim nunca estudou ciência, a qual sempre considerou como campo especializado reservado a peritos. Mas na Coreia do Norte ele descobriu que a ciência não é algo fora do alcance de pessoas comuns e ficou surpreendido pelo modo como aplicavam conhecimento científico simples para melhorar suas vidas quotidianas. "Se cientistas fossem à Coreia do Norte teriam muito a aprender e a fazer ali", afirmou. "Quero partilhar o que vi com pessoas daqui e ampliar o nosso entendimento do país".
Devido à proibição de viagens de Trump, Kim já não pode mais viajar à Coreia do Norte. No ano passado ele planeara comparecer à Feira Comercial Internacional de Rason e à Feira Comercial Internacional de Pyongyang e desejara aprender mais acerca do "fluxo em canais naturais" (os quais discute em profundidade na parte um desta série). Ele também planear comparecer ao Chuseok, o feriado nacional que celebra o fim da colheita, juntamente com os prisioneiros políticos repatriados que sofreram longas penas (os quais haviam sido aprisionados na Coreia do Sul durante as ditaduras de Syngman Rhee, Park Chung-hee e Chun Doo-hwan, sendo libertados e repatriados para o norte por ocasião da histórica cimerica Kim Dae-jung-Kim Jong-il, em 15 de Junho de 2000).
O mais recente conjunto de sanções de Trump à Coreia do Norte impediu Kim de estudar o país sob outros aspectos. Relatos no Youtube de vídeos educacionais sobre a Coreia do Norte foram encerrados. "Dois anos de colecta de vídeos desapareceram da noite para o dia", disse Kim. Ele arrepende-se de não ter tido a previdência de guardar os ficheiros no seu disco duro.
As descobertas que Kim apresenta nesta série de artigos fazem parte de um trabalho que estava em andamento quando a proibição de viagens de Trump o forçou a pô-lo em suspenso por tempo indefinido. Embora incompleta, a sua investigação, espera ele, pode contribuir para um melhor entendimento da Coreia do Norte e do seu povo.
Kim visitou a Coreia do Norte múltiplas vezes de 2012 a 2015 e viajou por muitas regiões, incluindo Nampo, Pyongsong, Anju, Namhung, Wonsan, Geumgangsan, Gaesong e a municipalidade de Saepo County, ao norte da DMZ [zona desmilitarizada]. Ali, ele visitou o Instituto de Ciência Vegetal Pyongyang, o Complexo Siderúrgico Chollima, o Complexo Químico da Juventude Namhung, a Fábrica de Telhas Chollima, os Pomares do Rio Daedong, o departamento de biologia da Academia Nacional de Ciências, a Rua dos Cientistas de Satélites e um centro de pecuária na Municipalidade de Saepo. A cada ida visitou também a feira internacional de comércio efectuada duas vezes por ano em Pyongyang e entrevistou peritos da Grande Sala de Estudos do Povo e da Academia Nacional de Ciências, bem como várias universidades, para aprender acerca dos sectores alimentar e energético da Coreia do Norte.
"Podem-se encontrar vídeos na Internet acerca destes lugares, mas aprendi muito mais por realmente estar ali pessoalmente e conversar directamente com as pessoas", diz Kim. "Cada dia era tão interessante que o tempo voava". Kim nunca estudou ciência, a qual sempre considerou como campo especializado reservado a peritos. Mas na Coreia do Norte ele descobriu que a ciência não é algo fora do alcance de pessoas comuns e ficou surpreendido pelo modo como aplicavam conhecimento científico simples para melhorar suas vidas quotidianas. "Se cientistas fossem à Coreia do Norte teriam muito a aprender e a fazer ali", afirmou. "Quero partilhar o que vi com pessoas daqui e ampliar o nosso entendimento do país".
Devido à proibição de viagens de Trump, Kim já não pode mais viajar à Coreia do Norte. No ano passado ele planeara comparecer à Feira Comercial Internacional de Rason e à Feira Comercial Internacional de Pyongyang e desejara aprender mais acerca do "fluxo em canais naturais" (os quais discute em profundidade na parte um desta série). Ele também planear comparecer ao Chuseok, o feriado nacional que celebra o fim da colheita, juntamente com os prisioneiros políticos repatriados que sofreram longas penas (os quais haviam sido aprisionados na Coreia do Sul durante as ditaduras de Syngman Rhee, Park Chung-hee e Chun Doo-hwan, sendo libertados e repatriados para o norte por ocasião da histórica cimerica Kim Dae-jung-Kim Jong-il, em 15 de Junho de 2000).
O mais recente conjunto de sanções de Trump à Coreia do Norte impediu Kim de estudar o país sob outros aspectos. Relatos no Youtube de vídeos educacionais sobre a Coreia do Norte foram encerrados. "Dois anos de colecta de vídeos desapareceram da noite para o dia", disse Kim. Ele arrepende-se de não ter tido a previdência de guardar os ficheiros no seu disco duro.
As descobertas que Kim apresenta nesta série de artigos fazem parte de um trabalho que estava em andamento quando a proibição de viagens de Trump o forçou a pô-lo em suspenso por tempo indefinido. Embora incompleta, a sua investigação, espera ele, pode contribuir para um melhor entendimento da Coreia do Norte e do seu povo.
06/Fevereiro/2018
A seguir, Parte 1: Ciência e tecnologia como o caminho para o progresso económico
O original encontra-se em www.zoominkorea.org/
Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .
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