Coreia do Norte: Uma vítima, não uma ameaça
por Felicity Arbuthnot
![]() "Decapitação" "Matem o rei e o regime entrará em colapso. Esta é a lógica apresentada pelos planeadores militares sul coreanos para uma "unidade de decapitação" que estão a constituir com o único objectivo de assassinar o líder supremo da Coreia do Norte, Kim Jong-un. Eles estão convencidos de que, no caos que se seguiria, a liderança da Coreia do Norte seria desintegrada e abandonaria o programa nuclear sobre o qual assenta seu prestígio.
Planeadores da defesa sul coreanos ordenaram "ataques de decapitação" em exercícios aéreos, navais e terrestres nos quais os alvos são simulados para que se pareçam com um dos muitos esconderijos ou residências de Kim. Tais exercícios são o prelúdio para a posterior constituição formal da unidade Spartan 3000, ainda este ano.
O ministro da Defesa da Coreia do Sul, Song Young-moo, ordenou [a constituição] de forças especiais de uma "brigada da morte" de comandos para encabeçar o grupo. Aviões de combate e destroyers com mísseis guiados providenciariam todo o apoio de que precisasse. O Ministério citou o teste com êxito do disparo de um míssil Taurus, fabricado na Alemanha, a um alvo ao largo da costa sudoeste como exemplo do armamento que pode ser utilizado numa tentativa de matar o líder norte coreano. "O míssil, com um alcance de 310 milhas [499 km], voou cerca de 150 milhas [241 km], atingindo o seu alvo no Mar Amarelo". A Coreia do Sul, naturalmente, não está a ser ameaçada de ser varrida da face da terra pelo teste do disparo de um míssil para o mar, como o seu vizinho do norte. Pense acerca das palavras "unidade de decapitação" – a horrenda imagem que transmite mesmo a qualquer mente semi-normal. Esta espécie de maquinação até reduz os horrores de criminosos dementes que literalmente decapitam no Médio Oriente. Mas os protectores deles também são apoiados pelos EUA. Talvez a palavra "decapitação" agora já seja utilizada de modo displicente nos círculos políticos e militares dominados pelos EUA. Os arrepiantes princípios do secretário da Defesa Mattis Também não deveria ser esquecidos que na Trumpesfera, em que o general Jame Mattis é agora secretário da Defesa, ele tem alguns princípios interessantes. A vida é evidentemente muito barata e a morte é o mais displicente dos empreendimentos: Algumas das suas visões [2] incluem:
Precisamente o "experimento em democracia americana" infligido mais recentemente ao Afeganistão, Iraque, Líbia e Síria, com a Coreia do Norte e o Irão na sua mira.
Com agradecimentos a William Blum, a lista das carnificinas em massa dos projectos de "democracia" dos EUA, desde 1949, está aqui: [3] . Por falar em Afeganistão, aqui estão pensamentos do general Mattis sobre a propagação da democracia naquela parte do mundo:
No mundo real o possuidor de tais visões pode certamente encontrar lugar numa unidade psiquiátrica, senão numa prisão de segurança máxima.
Aberturas diplomáticas ignoradas Contraste isto com uma abordagem ignorada [4] vinda da Coreia. Em 28 de Setembro
O preâmbulo termina com cortesias diplomáticas e "a mais alta consideração".
A carta (na íntegra em 4) é escrita na terceira pessoa e diz o que se segue:
Trump, declara a carta:
A correspondência conclui com as seguintes palavras:
Com Trump a ameaçar que o seu dedo está a pairar sobre o botão nuclear, certamente poucos poderiam discordar com os sentimentos da RDPC.
Donald Trumpo jactou-se ameaçadoramente de "destruir totalmente" a Coreia do Norte no seu discurso à Assembleia Geral da ONU em 19 de Setembro. As sábias palavras fundadoras da Carte da ONU são evidentemente desconhecidas para ele. Tem havido um silêncio ensurdecedor dos governos do mundo a respeito da carta acima. A ministra australiana dos Negócios Estrangeiros, Julie Bishop, a qual visitou a Coreia do Sul em Agosto, ao invés de reagir com uma mão estendida comentou: "Li isto como uma mostra de que a estratégia colectiva de aliados e parceiros para impor a máxima pressão e sanções diplomáticas e económicas sobre a Coreia do Norte está a funcionar... Assim, penso que isto mostra que estão a sentir-se desesperados, a sentir-se isolados, tentando demonizar os EUA, tentando dividir a comunidade internacional". Entretanto, o director de segurança internacional do Lowy Institute for International Policy, Euan Graham, foi mais positivo ao comentar:
A Coreia do Norte é o agressor?
Para alguém que leia a maioria dos media ocidentais onde a RDPC é a mais recente nação a ser demonizada, o melhor e mais sucinto sumário da infindável traição dos EUA desde o armistício de Julho de 1953 está em [5] . Aqui está um excerto a partir do princípio de 1990: Recorde-se também que os EUA tem armas nucleares na Coreia do Sul desde o fim dos anos 50 até 1991. "Em Janeiro de 1993 o presidente Bill Clinto anunciou os maiores jogos de guerra de sempre (com toda espécie de armamento nuclear). "Estes tiveram lugar em Março, dentro e em torno da costas da Coreia. A RDPC reagiu a um ambiente mais beligerante informando da intenção de retirar-se do Tratado de Não Proliferação nuclear, ao qual havia aderido em 1985. O Norte também demonstrou a viabilidade do míssil de médio alcance Nodong 1, em Maio de 1993". Se alguma vez a causa e o efeito foram rigorosamente demonstrados, aqui está um primeiro exemplo. "Kim Il Sung morreu em Julho de 1994 e o seu filho, Kim Jong II, substituiu-o como líder. "No início do Verão daquele ano o governo dos EUA concluiu que um ataque militar a Yongbyon – sob séria consideração – iniciaria uma guerra com o Norte. "Mas ao invés de guerra, sob a influência de uma paragem voluntária pelo Norte do reactor de Yongbyon, conversações levaram ao Acordo Quadro de Outubro de 1994. "Sob este acordo, o Norte concordou em continuar a paragem do reactor em troca de reactores de água leve e um novo relacionamento com os EUA. "Empréstimos e créditos foram facilitados para o acordo e os EUA comprometeram-se a fornecer óleo de aquecimento para suprir problemas de calefacção do Norte no curto prazo. "O acordo requeria relações diplomáticas plenas e um compromisso dos EUA de não ameaçarem ou alvejarem o Norte com armas nucleares. "Eloquentemente, nenhum teste de mísseis do Norte foi efectuado entre Maio de 1993 e Agosto de 1998. "Em Junho de 1998 o Pentágono encenou exercícios simulados de ataques nucleares de longo alcance contra a Coreia do Norte e em Outubro daquele ano um vice-general dos EUA falou publicamente acerca de planos para substituir o regime norte coreano e mesmo de iniciar o projecto preventivamente se houvesse bases sólidas para esperar um ataque. "Estes desenvolvimentos dificilmente confirmavam o compromisso dos EUA de desenvolver um relacionamento mais cooperativo com o Norte. "A ascensão de George W. Bush à presidência em 2001 produziu uma declaração dos seus conselheiros de que o acordo de 1994 estava caduco (dead in the water). (Portanto) em Dezembro de 2002 a RDPC expulsou os inspectores da AIEDA, reiniciou o reactor de Yongbyon e retirou-se do Tratado de Não Proliferação. "Bush nesse ínterim declarou sua intenção de tratar da Coreia do Norte após o Iraque. "Na Primavera de 2003 o Norte fez uma outra oferta aos EUA: descartaria seu desenvolvimento nuclear se os EUA normalizassem relações e providenciassem garantias básicas de segurança. "Seis anos depois, em 2009, em conversações sólidas envolvendo a Rússia e a China assim como o Japão, os EUA e ambas as Coreias tinham objectivos que incluíam a normalização de relações diplomáticas, um fim a sanções comerciais e o reconhecimento do direito de Norte a utilizar energia nuclear. "Mas estas conversações entraram em colapso depois de tanto os EUA como a República da Coreia rejeitarem o desmantelamento gradual do Norte das suas armas nucleares. "Em 2011 Kim Jong II morreu e o seu segundo filho, Kim Jong-un, tornou-se o novo líder do Norte. O sumário conclui:
O general Mattis, no momento em que se escreve, está na Coreia do Sul onde apresentou uma cópia quase idêntica do que antecedeu a invasão ilegal do Iraque. A lenga-lenga de Washington era que o Iraque "ameaçava seus vizinhos" embora mesmo vizinhos hostis respondessem que não o fizera. O Iraque naturalmente podia destruir parte do Ocidente "em 45 minutos". Era um pacote de mentiras.
Palavras de Mattis:
![]() Este é homem de quem vinte e sete eminentes psiquiatras e psicoterapeutas escreveram num livro recém publicado, The Dangerous Case of Donald Trump: "Advertimos colectivamente que a alguém tão mentalmente instável como este homem simplesmente não deveriam ser confiados os poderes de vida e morte da Presidência". É tempo de os diplomatas do mundo responderem à carta da Coreia do Norte e enfrentarem a urgência deste momento, antes de ser demasiado tarde para a região e possivelmente para o planeta.
29/Outubro/2017
1. inews.co.uk/... 2. freebeacon.com/national-security/the-best-from-mad-dog-mattis/ 3. williamblum.org/... 4. www.documentcloud.org/documents/4113487-North-Korea-Letter.html 5. morningstaronline.co.uk/... Ver também: O original encontra-se em www.globalresearch.ca/north-korea-a-threat-or-a-victim-some-facts/5615502 Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ . |
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