O
desmembramento da Jugoslávia levou a múltiplos mini-estados separatistas, cada um dos quais caiu sob a dominação económica da UE e o controle militar dos EUA. No jargão ocidental isto foi alcunhado de "auto-determinação democrática" – a vergonhosa realidade é a da limpeza étnica maciça, do empobrecimento e da criminalidade.
A independência da Catalunha e a Espanha neo-franquista
A Espanha está sob o domínio de um regime que descende do ditador fascista Francisco Franco. O
presidente Mariano Rajoy e o seu mal chamado "Partido Popular" (PP) e o seu real auxiliar, o
rei Felipe VI , envolveram-se em escândalos de corrupção maciços, lavagem de dinheiro e contratos fraudulentos de construção público-privados. As políticas neoliberais de Rajoy contribuíram significativamente para um crash financeiro que resultou numa taxa de desemprego de 30% e num programa de austeridade que retirou aos trabalhadores espanhóis o seu poder de negociação colectiva.
Frente à busca de auto-determinação da Catalunha através de eleições livres e democráticas, Rajoy ordenou uma invasão policial e militar, apreendendo urnas eleitorais, rompendo cabeça e assegurando controle total.
O exercer pacífico dos catalães da auto-determinação através de eleições livres, independentes da manipulação imperial, foi rejeitado tanto pela UE como por Washington como "ilegal" – por desobedecer Rajoy e suas legiões neo-franquistas. [NR: ver
referências acerca da Catalunha )
A auto-determinação para a Palestina e a colonização e subjugação israelense apoiada pelos EUA
Durante meio século Washington apoiou a brutal ocupação e ocupação israelense da "Cisjordânia" palestina. Os EUA negaram sistematicamente auto-determinação ao povo do Palestina e aos seus milhões de refugiados deslocados. Washington arma e financia a expansão israelense através da captura violenta de território e recursos palestinos, bem como da inanição, encarceramento, tortura e assassinato de palestinos pelo crime de afirmarem seu direito à auto-determinação.
A esmagadora maioria de presidentes e responsáveis do Congresso dos EUA, no passado e no presente, submissamente recebem suas indicações dos presidentes das 52 Principais Organizações Judias (israelenses) que acrescentam milhares de milhões aos cofres da Tel Aviv colonial. Israel e seus apaniguados sionistas dentro do governo estado-unidense manipulam o governo dos EUA para guerras desastrosas no Médio Oriente contra a auto-determinação de nações árabes e muçulmanas independentes.
Arábia Saudita: inimiga da auto-determinação do Iémen
O regime despótico da Arábia Saudita tem combatido contra a auto-determinação nos Estados do Golfo e no Iémen. Os sauditas, apoiados por armas e conselheiros dos EUA, desalojaram milhões de civis iemenitas e mataram milhares numa campanha de bombardeamento implacável. Ao longo da última década os sauditas bombardearam e bloquearam o Iémen, destruindo sua infraestrutura para milhões de crianças num esforço para derrotar o movimento de libertação iemenita liderado pelos Huthis.
Os EUA e o Reino Unido forneceram mais de cem mil milhões de dólares em vendas de armas e deram apoio logístico, incluindo coordenação de bombardeamentos, aos tiranos sauditas enquanto bloqueavam qualquer acção diplomática da ONU para aliviar o imenso sofrimento provocado. Neste crime de guerra atroz, Washington e Israel são os mais próximos associados da monarquia saudita a negar a auto-determinação ao povo oprimido do Iémen que há muito resiste ao controle saudita.
Conclusão
O estado imperialista estado-unidense, tal como todos os que aspiram construir impérios, reprime ou apoia movimentos pela auto-determinação conforme os seus interesses de classe e imperiais. Sejamos claros: a auto-determinação é uma questão definida por classe;
não é um princípio moral-legal geral.
A utilização e abuso selectivo da auto-determinação por parte do imperialismo não é um caso de "hipocrisia" ou de "duplos padrões", como se queixam seus defensores da esquerda liberal.
Washington aplica um padrão único : Será que este movimento avança o Império assegurando e sustentando regimes vassalos e seus apoiantes? A linguagem da
"libertação" é um mero esmalte para assegurar a fidelidade de vassalos que se opõem a estados independentes.
Durante décadas países europeus do Leste, balcânicos e bálticos foram encorajados a lutar pela
"auto-determinação" contra o Pacto de Varsóvia liderado pelos soviéticos, só para posteriormente abraçarem o jugo da vassalagem sob o comando da NATO, da UE e de Washington. Em muitos casos suas soberanias e padrões de vida entraram em colapso a seguir a limpezas étnicas, incluindo a expulsão em massa de sérvios da Croácia e do Kosovo e da repressão linguística-cultural de russos étnicos na Letónia e Ucrânia.
Os "combatentes pela liberdade" curdos seguem senhores da guerra étnicos que foram financiados pelos EUA e Israel e que se apossaram de cidades, recursos petrolíferos e território para servir como bases militares contra os governos soberanos do Iraque, Irão e Síria.
Neste contexto, os senhores da guerra e oligarcas curdos são vassalos leais e uma componente integral da consagrada política dos EUA-Israel destinada a dividir e enfraquecer aliados independentes da Palestina, Iémen e movimentos de libertação genuínos.
Claramente, o critério para decidir quais reivindicações de auto-determinação são válidas exige que se identifique se são avançados interesses de classe e anti-imperialistas.
Para além dos conflitos imediatos, muitos regimes independentes, por sua vez, tornam-se dominadores opressivos das suas próprias minorias e de críticos nativos. A "auto-determinação" ad infinitum pode em última análise levar a indivíduos esquizóides – exaltando seu povo mítico enquanto oprime outros. Hoje, o sionismo é a paródia final da "auto-determinação". Países recém independentes e governantes frequentemente negam a minorias o seu próprio direito à auto-determinação – especialmente àquelas que apoiaram o poder anterior.
Na medida em que a luta "nacional" é limitada à independência política ela pode levar a uma mera "mudança de guarda" – mantendo a exploração de classe opressiva e introduzindo novas formas de opressão cultural-étnica e de género.
Em alguns exemplos as novas formas de exploração de classe podem mesmo ultrapassar as suas condições anteriores sob a vassalagem imperial.
Curdos, tibetanos, fascistas ucranianos nacionalistas, uigures e outros dos chamados combatentes da liberdade acabam por ser cipaios militares para incursões agressivas dos EUA contra a China, o Irão e a Rússia independentes. Apoiantes de esquerda destes dúbios "movimentos de libertação" estão a reboque do império.
A "globalização" capitalista é o maior inimigo de hoje da autêntica auto-determinação. A globalização imperial apoia micro-estados fragmentados – nada melhor para convertê-los em novos vassalos com o seu próprio hino e bandeira!
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