quarta-feira, 19 de julho de 2017

Venezuela: Frente Popular anti-imperialista e antifascista

Frente Popular anti-imperialista e antifascista


por PCV, PPT, REDES, PRT, BRAVO SUR, VOCES y GAYONES [*]

…sabemos que o processo revolucionário venezuelano precisa de uma liderança coletiva e popular que represente os explorados e assente na humildade, constância, produção e trabalho, única forma de resolver as reivindicações e direitos populares, porque a libertação do povo é obra do próprio povo.
Caracas, 23 de maio de 2017

A profunda crise política, económica e social na Venezuela exige a mais ampla unidade das forças revolucionárias e populares, que garanta uma vitória sobre o imperialismo e o fascismo 

A República Bolivariana da Venezuela encontra-se ameaçada, uma vez mais, pelo desenvolvimento das ações de violência política de setores da extrema-direita, para a execução de um plano desestabilizador urdido pelo imperialismo estadunidense, com o objetivo de impor, por via da força e da chantagem, um governo ao serviço da sua hegemonia no continente, desarticulando os processos de libertação nacional iniciados na América Latina no princípio deste século, revertendo as mudanças progressistas que permitiram aos trabalhadores e trabalhadoras e ao povo em geral estabelecer direitos e conquistas sociais negados historicamente por governos que serviram absolutamente os interesses da grande burguesia, associada, em condições de subordinação, ao imperialismo norte-americano.

Compreendendo a alta responsabilidade que o momento exige, as organizações PCV, PPT, REDES, PRT, BRAVO SUR, VOCES y GAYONES dirigem-se ao povo da Venezuela, aos revolucionários do mundo e aos combatentes internacionalistas para informar que estamos a impulsionar uma política unitária, para somar vontades a favor de uma solução revolucionária para a crise que a Venezuela atravessa, tendo como eixo central as maiorias populares que, definitivamente, são o mais genuíno da pátria.

Os acontecimentos que se verificam no mundo, como consequência da crise geral do capitalismo, demonstram o grau de agudização das contradições e do perigo de guerras de agressão imperialistas, expressão da ação desesperada dos monopólios e dos seus representantes nos governos dominantes no mundo.

O imperialismo norte-americano conseguiu importantes avanços estratégicos e táticos, ao recompor parte da correlação de forças a favor das suas políticas, com a mudança de governo na Argentina, o golpe de Estado nas Honduras, os golpes parlamentares no Paraguai e no Brasil, a vitória da direita nas eleições parlamentares na Venezuela, a manutenção de bases militares em vários países da região, a entrada da Colômbia na NATO, recompondo o seu domínio no continente para continuar a agressão contra os governos soberanos.

Em consequência, a América Latina vê-se agredida e vive uma complexa situação, que exige dos revolucionários análises acertadas e ações incisivas que consigam travar a ofensiva neoliberal, sair do refluxo e colocar-nos na ofensiva, levando o movimento popular a pôr-se à cabeça da luta social e política com firmeza, denunciando a corrupção, o boicote do patronato e dos latifundiários, a violência exploradora com a sua sequela de pobreza, escassez de bens e fome, assim como o entreguismo e o extrativismo como formas de aprofundar a dependência de uma ou outra potência imperialista.

Como já afirmámos, no caso da Venezuela, a ofensiva da direita mais reacionária atingiu níveis de violência, com traços fascistas, que procuram criar as condições para uma intervenção planificada do Departamento de Estado e da UE, através de instrumentos como a OEA, o MERCOSUR, a Aliança do Pacífico, com o apoio de alguns governos de extrema-direita da região, mercenários que atuam como ponta de lança para a agressão já em curso.

Está demonstrado que os grandes monopólios injetam dinheiro e oferecem logística aos comandos mercenários terroristas, bloqueiam o financiamento ao país, fazem lóbi comunicacional a nível mundial, atentam contra a vida com ações terroristas para acelerar as condições de intervenção estrangeira, que preparam todos os dias e pela qual os traidores vorazes anseiam.

Sabemos que o presente é de luta e que o caminho da unidade autêntica está cheio de escolhos e dificuldades, mas estamos determinados a construí-lo, começando pelo reconhecimento e o respeito mútuo, encontrando-nos nas lutas do povo e, a partir daí, construindo um programa para uma pátria melhor, porque sabemos que o processo revolucionário venezuelano precisa de uma liderança coletiva e popular que represente os explorados e assente na humildade, constância, produção e trabalho, única forma de resolver as reivindicações e direitos populares, porque a libertação do povo é obra do próprio povo.Frente à perigosa escalada terrorista que põe em risco a soberania e independência nacionais e as conquistas do povo trabalhador, apelamos a uma resposta unitária com contundência e coerência. É necessário dinamizar sem perda de tempo a ampla aliança anti-imperialista para derrotar o plano terrorista e golpista. Sãonecessárias, urgentemente, a ação conjunta e a articulação entre as organizações revolucionárias, as forças do movimento operário e popular e a oficialidade patriótica da FANB [Força Armada Nacional Bolivariana]. É necessário um PLANO UNITÁRIO PATRIÓTICO E POPULAR para derrotar a direita terrorista e o imperialismo. Fazer o contrário é atuar com irresponsabilidade, o contrário é, na prática, entregar-se. As e os verdadeiros revolucionários não se entregam, lutam unidos até vencer. 

Hoje, em que o povo explorado e oprimido se encontra ameaçado pelas garras imperialistas e elementos fascistas, que avançam no seu propósito de exterminar as ideias revolucionárias, contra-atacamos com esta proposta unitária, levantando a voz para resgatar o sonho e a esperança das maiorias populares, que anseiam por uma profunda e decisiva transformação económica, política e social. Convidamos todos os nossos irmãos de classe a que, a partir das suas organizações sociais de base, partidos políticos, grémios, sindicatos, cooperativas, movimentos sociais, comunas e outras formas organizativas de luta que o povo construiu, se juntem, em termos de igualdade, a esta Frente Popular que estamos empenhados em construir. Sem unidade não haverá vitória e sem vitória não haverá futuro.

PCV, o PPT, o PRT, Redes, Bravo Sur, Voces Anti-imperialistas y Gayones manifestam com este documento o firme compromisso de abrir um espaço amplo para organizar a mobilização e a luta, com energia e consciência de classe para, a partir do povo e com o povo, satisfazer as necessidade das maiorias através do desenvolvimento da produção, da segurança alimentar, derrotando a insegurança e a violência reacionária. Abrimos as portas a quem está na disposição de lutar pelos direitos das maiorias exploradas e oprimidas até à vitória.

Só a mais ampla unidade popular, com a classe operária consciente e organizada na vanguarda, garante a defesa da pátria bolivariana e o aprofundamento revolucionário das mudanças, com os olhos postos na verdadeira construção do socialismo, em bases científicas e consequentes. 

Face à crise capitalista, a opção é a revolução socialista!
Contra a agressão imperialista, Frente Popular Anti-imperialista e Antifascista!
Por uma Assembleia Constituinte revolucionária! 


Caracas, 23 de maio de 2017

[*] PCV – Partido Comunista da Venezuela
PPT – Pátria Para Todos
REDES – Redes Sociais na Venezuela
PRT – Partido Revolucionário do Trabalho
BRAVO SUR – Blog coletivo – 
sistematização da Assembleia Regional de Bravo Sur Carabobo
VOCES y GAYONES – Vozes anti-imperialistas e movimento Gayones (grupo indígena antes da chegada dos colonos, que habitava vastas zonas da Venezuela)

O original encontra-se em prensapcv.files.wordpress.com/2017/05/documento-fpaa.pdf
e a tradução em pelosocialismo.blogs.sapo.pt/frente-popular-anti-imperialista-e-1617 


Este documento encontra-se em http://resistir.info/ .

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