sábado, 2 de julho de 2016

Ataques com drones ,crimes dissimulados

Ataques com drones mataram até 116 civis entre 2009 e 2015, diz governo dos Estados Unidos


É a primeira vez que EUA publicam informações sobre vítimas de programa de drones; estimativa é muito inferior à de organizações que monitoram ataques
Atualizada às 19:42
O governo dos Estados Unidos divulgou nesta sexta-feira (01/07) dados sobre os ataques com drones do país ao redor do mundo, o aspecto mais criticado das operações militares dos EUA sob a Presidência de Barack Obama. Segundo a Casa Branca, entre 64 e 116 civis foram mortos em 473 ataques de drones dos EUA em Paquistão, Iêmen, Somália e Líbia – estimativa muito menor do que a de organizações da sociedade civil que monitoram os ataques.
A estimativa exclui ataques aéreos em Iraque, Síria e Afeganistão, já que estes são considerados zonas de guerra, informou o escritório do Diretor Nacional de Inteligência dos EUA, James Clapper.
Essa é a primeira vez que os EUA publicam informações sobre as vítimas de seu programa confidencial de ataques seletivos contra suspeitos de terrorismo através de aviões não tripulados, que começou em 2002, por iniciativa do então presidente George W. Bush, e que se intensificou durante o mandato de Obama.
Agência Efe / Arquivo

Ataques com drones são o aspecto mais criticado das operações militares dos EUA sob a Presidência de Barack Obama
Somente em abril desse ano Obama reconheceu que as operações de drones dos EUA contra supostos terroristas matam também civis. “Não há dúvidas de que civis foram mortos e isso não deveria ter acontecido. Em situações de guerra, temos que nos responsabilizar quando não estamos agindo de forma apropriada”, disse o presidente norte-americano na ocasião.
Os dados divulgados hoje indicam que houve 473 operações "fora de áreas com hostilidades ativas" entre 20 de janeiro de 2009, quando Obama assumiu o poder, e 31 de dezembro de 2015.
Esses ataques provocaram entre 2.372 e 2.581 mortes de "combatentes", pessoas consideradas pelo governo dos EUA como ativas em organizações terroristas, e entre 64 e 116 mortes de "não combatentes", definidos pela inteligência norte-americana como "indivíduos que não podem ser alvo de ataques sob a lei internacional".



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O número de civis contrasta com as estimativas de grupos independentes que reuniram informações e investigaram durante anos os relatórios sobre essas mortes em ataques seletivos dos EUA.
A organização New America, que pesquisa políticas públicas e tem sede em Washington, e o Bureau de Jornalismo Investigativo, grupo de jornalismo sem fins lucrativos com sede em Londres, estimam entre 200 e 800 civis mortos nessas operações desde que Obama chegou ao poder.
"O governo dos EUA reconhece que há diferenças entre nossas estimativas e as de ONGs", diz o relatório divulgado hoje. O DNI atribui essas diferenças ao fato de sua metodologia "empregar informações geralmente não disponíveis para ONGs". Além disso, os EUA afirmam que, em alguns casos, as ONGs consideram como civis alvos que o país avalia como "combatentes".
Wikimedia commons

'EUA devem manter e promover melhores práticas para reduzir a probabilidade de vítimas civis', diz Obama
“Embora este seja um sinal de progresso, a informação divulgada falha em fornecer informações suficientes para permitir que o público avalie o dano a civis, a legalidade de ataques individuais ou a efetividade geral do programa de assassinatos direcionados, especialmente por estes dados dizerem respeito somente a áreas fora da Síria, do Iraque e do Afeganistão”, declarou a organização Human Rights First em comunicado.
Junto com o relatório, Obama publicou um decreto que estabelece como prioridade a proteção de civis na hora de lançar ataques seletivos contra suspeitos de terrorismo e ordena publicar anualmente a informação sobre as mortes provocadas pelos drones, embora seu sucessor na presidência possa decidir não fazer isso.
"Os EUA devem manter e promover melhores práticas para reduzir a probabilidade de vítimas civis, dar os passos adequados quando isso ocorrer e extrair lições de nossas operações para melhorar a proteção dos civis", afirmou Obama na ordem executiva.

*Com Agência Efe
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