segunda-feira, 22 de junho de 2015

Alejandro Acosta/ Mercado imobiliário: uma bomba prestes a explodir sobre a cabeça da população brasileira

prediosBrasil - Diário Liberdade - [Alejandro Acosta] De acordo com o Relatório Focus, do Banco Central, a projeção para o PIB neste ano, é de -1,3% e para a inflação é de 8,46%.

Foto: Ana Guzzo (CC BY-NC 2.0)
A deterioração da economia está levando a uma retirada maciça dos recursos da poupança. Somente nos cinco meses iniciais de 2015 já soma R$ 32,3 bilhões. Com o aumento da taxa de juros, o rendimento de aplicações convencionais de renda fixa voltou ao patamar de 1% ao mês, o que não acontecia há sete anos, muito distante do rendimento da poupança, que hoje se encontra abaixo dos 0,7% ao mês. Por que este fato é importante? Porque se relaciona diretamente com o crédito imobiliário.
O governo tenta manobrar para evitar o afundamento do mercado imobiliário. Desde 2012, quando os grandes fundos imobiliários internacionais abandonaram o país, por causa do aumento do risco, a especulação imobiliária tem sido sustentada diretamente pelo governo. A Caixa Econômica Federal alocou R$ 70 bilhões para crédito imobiliário em 2012. Em 2013, foram R$ 110 bilhões, além do reforço do Banco do Brasil, que também entrou no mercado. Em 2014, foram mais de R$ 135 bilhões, que serão mantidos neste ano.
Com o objetivo de conter a crise que avança no setor, o governo mudou as regras de aplicação dos recursos da poupança para financiamentos imobiliários com o objetivo de destinar R$ 22,5 bilhões adicionais. Agora, os bancos devem aplicar uma parte dos recursos que captam pela poupança em financiamento habitacional e especialmente no SFH (Sistema Financeiro da Habitação), contemplando imóveis de até R$ 750 mil. A bolha imobiliária continua crescendo, de maneira irredutível, rumo à implosão.
Rumo à implosão da bolha imobiliária
De acordo com o relatório da FIPE-ZAP do mês de abril de 2015, o percentual de pessoas que pretendiam comprar um imóvel caiu de forma leve, de 56% em setembro de 2014 para 48% em abril de 2015. Agora que a CEF restringiu o crédito para o financiamento de apenas 50% do imóvel, com certeza a queda deve ter sido ainda maior.
As transações finais, nos últimos 12 meses, estiveram mais inclinadas para os imóveis usados, que responderam por 59% do total. O governo tenta favorecer os imóveis novos com o objetivo de evitar o colapso das construtoras e incorporadoras, e dos bancos.
De acordo com o relatório, os especuladores imobiliários (operações de flip: compra na planta para vender na entrega) passaram de 44%, em 2013, para 37% em abril de 2015. Esse fato revela a contração do mercado, que tende a tornar-se ainda pior.
Apesar dos alugueis comerciais terem mantido os mesmos patamares de antes, a especulação com alugueis residenciais continua em queda livre.
Por que a queda dos preços conduz à implosão da bolha imobiliária?
O governo brasileiro tem procurado evitar o colapso do setor imobiliário, injetando bilhões no setor por meio, principalmente, da CEF (Caixa Econômica Federal).
As regras do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) foram mudadas para facilitar a liberação de recursos destinados à construção de imóveis. Foram alteradas as faixas intermediárias de renda para acesso ao financiamento. O subsídio aumentou e o juro máximo das operações caiu. O valor máximo do financiamento também aumentou.
Sem o aumento dos preços, os investimentos ficam inviáveis, pois quanto maior o aumento for, tanto maior serão os lucros. No sentido contrário, a queda nos preços leva a prejuízos, à queda nas compras pelos especuladores, que dominam o setor, e ao aumento da inadimplência, potencializada quando os compradores passam a deter dívidas superiores ao valor real do imóvel. Por esse motivo, existe um verdadeiro esquema para camuflar o problema, que tenta ser remendado com o repasse de recursos públicos.
O governo, inchando, ainda mais, o crédito imobiliário, acaba tentando apagar o incêndio com gasolina. De fato, está tentando manter os lucros dos capitalistas, mas, ao empurrar o problema para a frente, aumenta o potencial explosivo.

Diário Liberdade


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