Luta contra o aumento esquenta em São Paulo
Muitas centenas de policiais com armas
ostensivas, viaturas, motos e um helicóptero garantiam que o clima de
tensão permanecesse elevado. No cruzamento da Avenida Paulista com a
Consolação a assembleia popular que precede o ato teve início, com a
votação sobre o trajeto que a manifestação devia percorrer.
Em comparação com as mobilizações de
junho de 2013, é visível o avanço organizativo e político do movimento
atual, ainda que permaneçam vários limites. O debate político sobre o
trajeto que tem começo, meio e fim; a organização das correntes e grupos
partidários em colunas; e a segurança da faixa dianteira com um cordão
de militantes são exemplos das lições aprendidas pelo movimento com tudo
que ocorreu em junho.
No debate sobre o trajeto foram
defendidas cinco propostas diferentes. Venceu, contra a vontade dos
dirigentes do MPL, a proposta de marchar à prefeitura e depois até a
secretária de transporte para cobrar do prefeito Hadad e do governador
Alckmin a revogação do aumento da tarifa.
O repúdio às tentativas do prefeito de
desmobilizar o movimento também esteve marcado. Na noite anterior, Hadad
se reuniu com representantes da direção majoritária da UNE e de outras
entidades estudantis para “negociar” pontos do passe-livre estudantil. A
assembleia respondeu unânime que o objetivo da luta é revogar o aumento
e conquistar a a tarifa zero no transporte.
Na descida da Consolação foi possível ver
toda a força e organização do movimento que fazia uma marcha bonita,
numerosa e politizada. Várias casas demonstravam apoio à marcha com
cartazes e acenos aos manifestantes.
No cruzamento da Consolação com a Dona
Antônia a polícia fez a primeira provocação. Bombas de gás e pimenta
foram jogadas bem no meio da marcha com o objetivo de dividir e
dispersar parte dos manifestantes. Não conseguiram. No final da praça
Roosevelt a marcha estava ainda maior, com novas adesões das pessoas que
saiam do trabalho.
Em frente à prefeitura, a polícia fez
formação praticamente cercando a marcha. Um ato político foi realizado
com projeções na fachada da prefeitura, jograis e palavras-de-ordem. A
denúncia da violência da PM teve grande destaque.
Quando a marcha se preparava para seguir
até a secretaria de transporte, a PM usou de artilharia pesada. Muitas
bombas de gás, de efeito moral e balas de borracha tornaram a dispersão
inevitável. A PM desatou a repressão levando à detenção pelo menos 8
pessoas.
A luta contra o aumento da tarifa em 2015
mostra ter tanta vitalidade e adesão quanto a de 2013. Mais uma vez, a
repressão policial não parece intimidar quem sai às ruas contra a máfia
dos transportes. A consequência de tentar calar a mobilização popular é,
como sempre, imprevista.
O terceiro ato contra o aumento será na
próxima terça-feira, 20, às 17 horas, com concentração próximo ao metrô
Tatuapé, na Zona Leste.
Da Redação.
A Verdade
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