terça-feira, 29 de abril de 2014

O aproximar da guerra


por Paul Craig Roberts [*]
O regime Obama, revolvendo-se no orgulho e na arrogância, escalou desenfreadamente a crise ucraniana numa crise com a Rússia. Deliberadamente ou por estupidez, as mentiras propagandísticas de Washington estão a conduzir a crise a uma guerra. Relutante em ouvir mais ameaças sem sentido vindas de Washington, Moscovo já não aceita chamadas telefónicas de Obama e de altos responsáveis estado-unidenses.

A crise na Ucrânia foi origida pelo derrube por Washington do governo democrático eleito e sua substituição pelos seus sequazes escolhidos a dedo. Os sequazes trataram de actuar por palavras e acções contra as populações nos antigos territórios russos que líderes do Partido Comunista Soviético haviam anexado à Ucrânia. A consequência desta política louca é a agitação por parte das populações que falam russo para retornarem à Rússia. A Crimeia já se reincorporou à Rússia e a Ucrânia oriental e outras partes do sul da Ucrânia provavelmente se seguirão.

Ao invés de perceber o seu erro, o regime Obama encorajou seus sequazes instalados em Kiev a usarem violência contra aqueles nas áreas que falam russo, os quais estão a agitar-se por referendos de modo a poderem votar o seu retorno à Rússia. O regime Obama encorajou a violência apesar da declaração clara do Presidente Putin de que os militares russos não ocuparão a Ucrânia a menos que seja utilizada violência contra os manifestantes.

Podemos seguramente concluir que Washington ou não ouve quando lhe falam ou deseja a violência.

Como Washington e a NATO não estão posicionadas neste momento para levar forças militares significativas para dentro da Ucrânia com que confrontar os militares russos, porque o regime Obama está a tentar provocar acções dos militares russos? Uma resposta possível é que o plano de Washington para desalojar a Rússia da sua base naval no Mar Negro tendo fracassado, o plano de retirada de Washington é sacrificar a Ucrânia a uma invasão russa de modo a que possa demonizar a Rússia e forçar um grande incremento em gastos militares da NATO e em posicionamentos de tropas.

Por outras palavras, o prémio de retirada é uma nova guerra fria e milhões de milhões (trillions) de dólares mais em lucros para o complexo militar/segurança de Washington.

O punhado de tropas e aviões que Washington enviou para "reconfortar" os regimes incompetentes naqueles pontos permanentes de perturbação para o Ocidente – Polónia e países bálticos – e os vários navios com mísseis enviados para o Mar Negro representam nada mais do que provocações simbólicas.

As sanções económicas aplicadas a responsáveis individuais russos assinalam apenas a impotência de Washington. Sanções reais prejudicariam os estados da NATO, fantoches de Washington, muito mais do que prejudicariam a Rússia.

É claro que Washington não tem intenção de chegar a qualquer solução com o governo russo. As exigências de Washington tornam esta conclusão inevitável. Washington está a exigir que o governo russo puxe o tapete sob as populações que protestam no leste e sul da Ucrânia e que force as populações russas na Ucrânia a submeterem-se aos seus sequazes em Kiev. Washington também pede que a Rússia volte atrás na reunificação com a Crimeia e a entregue a Washington de modo a que o plano original de expulsar a Rússia da sua base naval no Mar Negro possa avançar.

Por outras palavras, a exigência de Washington é que a Rússia ponha outra vez o ovo partido no seu estado original e que o entregue a Washington.

Esta exigência é tão irrealista que vai muito além do significado de arrogância. O Louco da Casa Branca está a dizer a Putin: "Eu fracassei na minha tomada do seu quintal. Quero que você conserte a situação para mim e assegure o êxito da ameaça estratégica que pretendo levar ao seu quintal".

Os media presstitutos ocidentais e os estados europeus fantoches de Washington estão a apoiar esta exigência irrealista. Consequentemente, os líderes russos perderam toda a confiança na palavra e nas intenções do Ocidente e é assim que as guerras começam.

Políticos europeus estão a colocar seus países em grande perigo e o que ganham? Será que estes políticos europeus são chantageados, ameaçados, subornados com sacos de dinheiro, ou estarão tão habituados a seguir a liderança de Washington que são incapazes de fazer qualquer outra coisa? Como a Alemanha, Reino Unido e França têm benefícios por serem forçados por Washington a uma confrontação com a Rússia?

A arrogância de Washington é sem precedentes e é capaz de conduzir o mundo à destruição. Onde está o sentido de auto-preservação da Europa? Por que a Europa não emitiu ordens de prisão para cada membro do regime Obama? Sem a cobertura proporcionada pela Europa e pelos media presstitutos, Washington não seria capaz de conduzir o mundo à guerra. 
26/Abril/2014

Ver também: 
  • Moscow calls US, NATO military buildup near Russian borders ‘unprecedented’

    [*] Autor de The Failure of Laissez Faire Capitalism e Economic Dissolution of the West and How America Was Lost .

    O original encontra-se em www.paulcraigroberts.org/2014/04/26/moving-closer-war-paul-craig-roberts/ 


    Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .
  • Anterior Proxima Inicio

    0 comentários:

    Postar um comentário