sexta-feira, 28 de março de 2014

Espanha/Dois milhões nas marchas da dignidade


Comunicado da coordenação estatal das marchas da dignidade



28.Mar.14 :: Outros autores



No passado sábado juntaram-se nas ruas de Madrid dois milhões de pessoas, colectivos e povos de todo o Estado, numa manifestação que qualquer pessoa com um mínimo de humanidade deveria secundar. Reclamamos uma vida digna, trabalho, casa, serviços sociais para todos e o não pagamento da dívida.
Com um amplíssimo apoio popular, as Marchas da Dignidade avançaram durante mais de 5 horas desde Atocha até Colón, num ambiente de luta e solidariedade entre povos que não se recorda há décadas. Uma acção construída durante meses, à base de trabalho militante.
Desde que partiram, as Marchas de la Dignidade percorreram todo o estado realizando assembleias em cada lugar por onde passavam, levando uma autêntica democracia a cada povo e recebendo a solidariedade das pessoas.
Face a esta demonstração de dignidade e democracia o sistema não tem nenhum discurso a contrapor, e a sua única resposta é a repressão:
A repressão mediática, com o silêncio absoluto de todos os media do regime, até que a realidade se impôs e se viram obrigados a reportar a nossa luta.
A repressão política, com declarações absurdas como as comparações com grupos de extrema-direita, com Ayuntamientos proibindo-nos de passar ou pernoitar nos seus municípios ou autoridades locais increpado companheiras e companheiros.
A repressão policial sofrida durante todo o caminho, quando a guarda civil desviava caminhantes por caminhos paralelos de terra e pedras para dificultar a sua marcha, ou quando a policia impedia que as assembleias decorressem com normalidade. Os controlos injustificados em estrada que retiveram mais de 100 autocarros e que originaram atrasos de entre uma e três horas. Mas especialmente quando, uma vez em Madrid, um aparato policial desproporcionado formado por 1.700 agentes da UIP trazidos de vários lugares do Estado foi utilizado para intimidar e reprimir o povo.
Antes de que a manifestação terminasse um exército policial atacou sem contemplações uma população civil indefesa.
A partir da própria instalação de som do acto que se estava celebrando em Colón foi pedido aos agentes que parassem o ataque, mas persistiram na agressão. Uma acção assim não se improvisa, era um plano premeditado para dispersar a manifestação e conseguir abrir os noticiários televisivos com imagens de violência.
Houve um exército policial que usou bastões, espingardas e gases lacrimogéneos para violar o legítimo exercício do direito de reunião. Foi uma montagem policial urdida a partir do Governo que violou direitos fundamentais como o de reunião e o de manifestação.
As pessoas detidas foram objecto de maus tratos. Foram mantidas oito horas de pé contra a parede, com as mãos ao alto, não lhes foi dada água, não lhes foi dado alimento em 24 horas. Às mulheres nem mudar de tampax foi permitido. Foram mantidos 37 horas em dependências policiais antes de serem colocados à disposição da justiça.
Exigimos ao regime que retire as acusações a todos os acusados e a libertação imediata do companheiro Miguel. Exigimos também a destituição da delegada do governo e do chefe da polícia de Madrid, que consideramos responsáveis directos do ataque, bem como a demissão do ministro do interior.
A dignidade está do lado do povo. Não terminamos aqui. Continuaremos organizando-nos, lutando e trabalhando a partir da mobilização popular já construída.
¡Não é tempo de lamentações, é tempo de luta!
Stats Desenho: lahaine.org
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