Ambiente Fauna
Tráfico de Animais Silvestres
O Brasil é um dos principais alvos dos traficantes da fauna silvestre devido a sua imensa biodiversidade.
O Brasil é um dos principais alvos dos traficantes da fauna silvestre devido a sua imensa biodiversidade. Esses traficantes movimentam cerca de 10 a 20 bilhões de dólares em todo o mundo, colocando o comércio ilegal de animais silvestres na terceira maior atividade ilícita do mundo, perdendo apenas para o tráfico de drogas e de armas. O Brasil participa com 15% desse valor, aproximadamente 900 milhões de dólares!!!
A fauna apresenta números relevantes em relação a
biodiversidade no mundo. Entre os vertebrados, o Brasil abriga 517
espécies de anfíbios (das quais 294 são endêmicas), 468 de répteis (172
endêmicos), 524 de mamíferos (com 131 endêmicas) , 1.622 de aves (191
endêmicas), cerca de 3 mil peixes de água doce e uma fantástica
diversidade de artrópodos: só de insetos, são cerca de 15 milhões de
espécies (Ministério do Meio Ambiente, Relatório Nacional sobre a
iodiversidade, 1998).
A devastação das florestas e a retirada de animais silvestres
já causaram a extinção de inúmeras espécies e conseqüentemente um
desequilíbrio ecológico. Os animais mais exóticos, raros e até ferozes,
dentre muitos outros, pagam com a vida pelo simples prazer que algumas
pessoas têm em possuir um animal silvestre em casa.
Seguindo uma lógica cruel - que determina o valor da espécie pela sua raridade e grau de ameaça de extinção, o tráfico da vida selvagem é hoje um dos principais fatores do desaparecimento da fauna brasileira.
O Brasil abriga mais de 10% de 1.400.000 seres vivos catalogados no planeta. Na classificação mundial em diversidade de espécies
o Brasil é o primeiro em primatas, borboletas e anfíbios. A cada ano um
número incalculável de filhotes é retirado das matas para serem
vendidos como mercadoria. Para os traficantes, o nosso animal silvestre,
alguns em perigo de extinção, não passa de uma mercadoria e a natureza,
nossos campos e matas, um grande estoque em prateleira!
A Lei de Crimes Ambientais,
criada em fevereiro de 1998, considera os animais, seus ninhos, abrigos
e criadouros naturais, propriedade do Estado, considerando que a
compra, a venda, a criação ou qualquer outro negócio envolvendo animais
silvestres é crime inafiançável.
A maior parte das pessoas que possuem animais silvestres em casa
enfrentam uma série de problemas. Algumas acreditam estar protegendo os
animais sem levar em consideração todo o sofrimento e estresse pelo
qual o animal passa. Ao perceberem o trabalho e cuidados especiais que
estes animais exigem, além da dificuldade em mantê-los, as pessoas
acabam doando os animais aos zoológicos.
O animal em cativeiro perde a
capacidade de caçar seu alimento, de se defender dos predadores ou de se
proteger de situações adversas. Se forem libertados, mesmo que em
locais propícios, dificilmente sobreviverão.
De cada 10 animais traficados, 9 morrem
antes de chegar ao seu destino final. Em outras palavras quase 38
milhões de espécimes são arrancados de seus ninhos (aves) e tocas
(mamíferos). Desse número, apenas 1% chegará ao destino final. Vocês têm
idéia quantos filhotes estão morrendo, diariamente, nas mãos dos
contrabandistas? Eles saem do país, pelas fronteiras, escondidos em
malas e sacolas, passando nas barbas da polícia, totalmente dopados,
anestesiados e provavelmente já mortos por maus tratos!!
Não bastasse a ação dos traficantes,
que é intensa, diária e implacável, o quadro de degradação ambiental que
o país enfrenta é o resultado de anos de exploração descontrolados dos
nossos recursos naturais. Já é do conhecimento de todos que desde o seu
descobrimento, há 500 anos, o Brasil perdeu mais de 90% da sua cobertura
original de Mata Atlântica. Exatamente por isso, nossa fauna também
está ameaçada. Alí, nesses apenas 10% de Mata Atlântica, concentram-se
centenas de espécies seriamente ameaçadas de extinção e o ritmo dessa
destruição só faz aumentar o perigo para esses animais.
No Brasil, 218 espécies animais
encontram-se ameaçadas de extinção, sendo que 7 delas foram consideradas
extintas por não existir registros de sua passagem, observação e
presença nas matas há mais de 50 anos.
O Brasil ocupa o 2º. lugar no mundo de espécies de "aves" ameaçadas.
As principais causas da diminuição das populações de animais silvestres são :
- redução de seus "habitats" devido à destruição da cobertura vegetal primária;
- crescente ocupação humana;
- exploração econômica de áreas de florestas, pântanos e cerrado;
- tráfico de animais silvestres;
- caça e pesca predatórias e indiscriminadas, sem leis adequadas que regulamentem sua permissão.
Há quadrilhas organizadas e
especializadas no tráfico de animais e que são bem estruturadas para a
venda ilegal. Cerca de 70% do comércio é para o consumo interno e o
restante é exportado. Este tráfico envolve um grande
número de pessoas, iniciando com os capturadores ou caçadores
(geralmente pessoas muito pobres e que conhecem o hábitat dos animais).
A captura acontece em lugares em que há
grande biodiversidade: como a região Norte, o Pantanal e o Nordeste —
regiões pobres do ponto vista sócio-econômico. As principais áreas de
captura estão nos estados do Maranhão, Bahia, Mato Grosso do Sul, Mato
Grosso, Goiás, Tocantins, Minas Gerais e região amazônica. Depois, o
animal passa por vários intermediários até chegar aos grandes comerciantes que ficam no eixo Rio - São Paulo.
Nestas capitais acontecem o maior
volume de vendas. Os animais tem diversos destinos: muitos são vendidos
ilegalmente em feiras, outros vão para criadores ou criadouros, quando
exportados, o destino é normalmente a Ásia, a Europa ou o Estados
Unidos. É comum acharmos na feira de Praga (Europa) araras brasileiras
por 4 mil reais, ou seja, o animal que foi capturado por 50 centavos
(R$0,50) é vendido por oito mil vezes mais.
Há informações de que a lucratividade
do negócio ilícito atraiu a cobiça de organizações criminosas como a
máfia russa, que também está participando do tráfico de animais.
Quando recolhidos pela fiscalização,
os animais silvestres encontram-se em péssimas condições, alguns já
mortos, dopados, maltratados, com fome, sede e frio. São filhotes, são
bebês, mal enxergam, sem pêlos e sem penas... Necessitam ser rapidamente
alojados, alimentados, protegidos e recebem cuidados médicos. Alguns
animais sofrem outro tipo de violência: têm seus olhos furados, para não
enxergarem a luz do sol e não cantarem - caso das aves, evitando chamar
a atenção da fiscalização. Todos são anestesiados para que pareçam
dóceis e mansos.
No Brasil, o comércio ilegal da fauna silvestre divide-se claramente em duas modalidades básicas:
O tráfico interno,
que tem como característica a sua desorganização, sendo praticado por
caminhoneiros, motoristas de ônibus, pequenos comerciantes e miseráveis,
que saem de suas cidades levando animais silvestres que vão lhe
garantir dinheiro para a viagem e comida.
O tráfico internacional
- sofisticado, esquematizado, planejado, com pessoas inteligentes,
grandes nomes na sociedade internacional, artistas milionários, inúmeras
empresas e grandes laboratórios, que seguem esquemas criativos e
originais, distribuem subornos e contam com a condescendência de
funcionários do próprio governo, de empresas aéreas e até de políticos.
O tráfico da fauna silvestre brasileira divide-se em três objetivos distintos:
- Colecionadores particulares;
- Animais para fins científicos;
- Animais para comercialização internacional em "pet shops".
Todos esses animais deixam o país
através dos portos e aeroportos das principais cidades brasileiras ou
então, através das fronteiras dos países limítrofes ao Brasil, como
Argentina, Paraguai, Bolívia, Colômbia, Venezuela, Guianas e
principalmente o Suriname, onde jatinhos particulares, aguardam a
chegada de dezenas de caminhões brasileiros que levam nossos animais,
aos milhares, para terras internacionais.
Estatísticas
Animais de Estimação | |
Nome Comum | Valor em US$ / Unidade |
Jiboia | 800 a 1.500 |
Tartaruga | 350 |
Arara- Vermelha | 3.000 |
Tucano-toco | 2.000 |
Animais para Coleção | |
Nome Comum | Valor em US$ / Unidade |
Arara-azul-de-lear | 60.000 |
Papagaio-de-cara-roxa | 6.000 |
Mico-leão-dourado | 20.000 |
Jaguatirica | 10.000 |
Animais para Fins Cientifícos | |
Nome Comum | Valor em US$ |
Jararaca-ilhoa | 20.000 (por unidade) |
Cascavel | 1.400 (por unidade) |
Surucucu-pico-de-jaca | 3.200 (por unidade) |
Coral-verdadeira | 31.300 (por grama de veneno) |
Animais mais procurados pelo tráfico:
Papagaio-de-cara-roxa
Arara canindé
Arara-vermelha
Corrupião
Curió
Tie-sangue
Saíra-sete-cores
Tucano
Mico-leão-dourado
Macaco-prego
Jaguatirica
Animais para colecionadores particulares e zoológicos:
este talvez seja o mais cruel dos tipos de tráfico da vida selvagem,
pois ele prioriza principalmente as espécies mais ameaçadas de extinção.
Quanto mais raro for o animal, quanto mais ameaçado, ou quanto menos
exemplares existir na natureza, maior é o seu valor de mercado.
Exemplos:
Arara Azul de Lear
Arara Canindé (azul/amarela)
Papagaio Cara Roxa
Mico Leão Dourado
Jaguatirica
Animais para fins científicos:
neste grupo encontram-se as espécies que fornecem a química base para a
pesquisa e produção de medicamentos. É um grupo que percebeu as
facilidades no país e por isso mesmo aumenta a cada dia.
Exemplos:
Jararaca
Jararaca Ilhôa
Cascavel
Sapos Amazônicos
Aranha marrom
Outras aranhas
Besouros
Vespas
Os animais abaixo têm substâncias extraídas para serem vendidas por grama.
Exemplos:
Jararaca
Urutu
Surucucu
Coral
Aranha marrom
Escorpião brasileiro
Animais para pet shop's:
É a modalidade que mais incentiva o tráfico de animais silvestres no
Brasil. Devido à grande procura, todas as espécies da fauna brasileira
estão incluídas nessas categoria. Os preços variam de acordo com a
espécie e quantidade encomendada.
Exemplos:
Jibóia
Tartaruga
Arara Vermelha
Tucano
Melro
Saíra
Saguí
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Fonte: Ambiente Brasil
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