quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Campos dos Goytacazes-RJ: Escolas alugadas chegam a 50%

Escolas alugadas chegam a 50%

Segundo a diretora do sindicato Estadual dos Profissionais da Educação (Sepe), Christine Marcelino, cerca de 50% das escolas e creches de Campos, último município do Estado no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), funciona em imóveis alugados, que não foram construídos com a finalidade de serem unidades de ensino. Segunda (16) e terça-feira (17), a InterTV Planície divulgou imagens de falta de infraestrutura de escolas e creches de Campos. O assunto chegou a ser abordado no blog “Na Curva do Rio”, da jornalista Suzy Monteiro e hospedado na Folha Online.
— Nós vemos na propaganda custeada pela Prefeitura sobre a educação, onde é mostrada algumas creches e escolas-modelo, mas sabemos que a realidade é outra. São muitas unidades de ensino que necessitam de reformas urgentes. Já fizemos várias denúncias em relação a isso. Recentemente, o Sepe visitou a creche do bairro Fazendinha e foram constatados inúmeros problemas, inclusive com danos na instalação elétrica, oferecendo riscos para alunos e professores — disse Christine, ao lembrar de uma creche-escola na Codin, onde parte do teto de uma sala de aula cedeu, há dois anos.
De acordo com a reportagem feita pela jornalista Aline Proença, com produção da jornalista Cíntia Barreto, em algumas unidades, as crianças dormem de forma improvisada no chão e dividem espaços lotados. No vídeo, uma professora da Creche Escola Santos Dumont, que funciona em um imóvel alugado e as crianças comem na garagem, chegou a afirmar que não existe nem cama para os alunos dormirem. Já na Escola Municipal Carlos Bruno, em Ribeiro do Amaro, a estudante Valéria de Souza chegou a dizer que não gosta de estudar na escola por causa das aulas que são dadas no refeitório, ao lado da cozinha. “É muito ruim estudar ali porque tem dia que fica uma fumaça de cheiro de queimado. Gás”, disse. A dona de casa Maria Rangel, avó de uma aluna, alertou para o perigo. “É perigoso. Pode o botijão estourar, pegar fogo. Aí não tem para onde correr”, comentou. Em uma creche da periferia, que apresentou infiltrações no teto e paredes mofadas, a professora Denise Viana disse que teve problemas respiratórios dentro da unidade. “Quando entrei aqui, eu adquiri uma sinusite crônica que a doutora disse que não tem cura. De 15 em 15 dias eu tomo antibiótico”, contou. Os flagrantes foram feitos durante três semanas pela equipe de reportagem da InterTV.
Para a integrante do Movimento Educadores de Campos em Luta, Joailda Corrêa, o poder público municipal “tem negligenciado o direito das crianças”. Em diversas manifestações o movimento utilizou fotos de situações precárias que são encontradas nas escolas e creches. “Nós este ano fizemos várias denúncias sobre as situações que acontecem em algumas escolas e creches de Campos. Elas apresentam condições inadequadas tanto para os alunos quanto para os professores e, consequentemente, isso acaba atrapalhando o desempenho do aluno”, opinou.
Secretária diz que situação foi “herdada”
Em nota enviada pela secretaria de Comunicação, a secretária de Educação, Cultura e Esportes, Marinéa Abude, afirmou que as casas alugadas foram herdadas de gestões anteriores mas que, nos últimos anos, a Prefeitura tem intensificado os investimentos para reverter o quadro. Sobre as reformas, a Prefeitura informou que “ao todo, 17 novas unidades já foram construídas, sendo 12 creches e cinco escolas, e cerca de 200 foram reformadas. Mais 14 unidades estão em obras, sendo 11 creches nos seguintes bairros: Jóquei, Saturnino Braga, Jardim Aeroporto, parques Eldorado, Santa Clara, Prazeres, Santa Rosa, Penha, Baixa Grande, Travessão e Jardim Ceasa.
A Prefeitura informou, ainda, que Marinéa esteve com o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, junto com o deputado federal Anthony Matheus, onde teria sido conseguida verba para construção de mais 17 creches no município, além da implantação de 27 salas de recursos multifuncionais para atender alunos portadores de necessidades especiais. Em relação à unidade de Fazendinha, o governo municipal disse que a creche também está incluída no cronograma de unidades de ensino que passarão por intervenções.
rio Sérgio JúniorFoto: Genilson Pessanha
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