segunda-feira, 11 de novembro de 2013
Albano Nunes (*)
Celebrar as heroicas
jornadas de 7 de novembro de 1917 é muito mais do que exercício de
memória e justa homenagem ao proletariado russo e à vanguarda
bolchevique que o guiou na conquista do poder.
É uma oportunidade para refletir sobre o caminho percorrido desde
aqueles "dez dias que abalaram o mundo" e daí extrair ensinamentos para a
luta no presente pela realização dos mesmos ideais de emancipação
social e humana que agigantaram os revolucionários que se lançaram, com
indescritível entusiasmo e determinação, no empreendimento inédito de
construção de uma sociedade sem exploradores nem explorados
É incontestável que o novo sistema econômico e social, assente na
intervenção e criatividade das massas, mostrou rapidamente a sua
superioridade e se projetou entre os explorados e oprimidos de todo o
mundo como um farol de esperança, concreta possibilidade de reorganizar a
sociedade no interesse dos trabalhadores e estímulo poderoso à sua
luta.
O fascismo e a guerra de agressão à pátria de Lênin foram a reação
criminosa do poder dos monopólios ao avanço impetuoso do socialismo, mas
a sua derrota, com a decisiva contribuição da URSS, significou um novo
salto libertador.
Os anos que se seguiram à 2.ª Guerra Mundial ficaram marcados por um
novo ciclo de desenvolvimento capitalista propiciado pela gigantesca
destruição de forças produtivas que a guerra provocou.
Mas ficaram, sobretudo, marcados pelo avanço do movimento operário nos
países capitalistas, pelas poderosas lutas de libertação nacional que
conduziram à derrocada dos impérios coloniais, pela extensão do campo
dos países socialistas a um terço da Humanidade.
Perante as trágicas derrotas do socialismo no final do século XX e as
recorrentes campanhas sobre a "morte" e a "inviabilidade" do ideal e do
projeto comunista, e mesmo a sua criminalização, é oportuno recordar
estas realidades. Porque é necessário combater as mentiras
anticomunistas e o revisionismo histórico que está a alimentar o
crescimento da extrema direita populista e fascizante por essa Europa
fora.
Por dever de solidariedade para com os comunistas que estão a ser
discriminados, perseguidos e mesmo ilegalizados em vários ex-países
socialistas. Porque o restabelecimento da verdade sobre as experiências
históricas do socialismo, comportando embora atrasos, erros e graves
deformações, é da maior importância para relançar na consciência e na
vontade dos povos a atração pelo ideal e o projeto comunista.
Os êxitos do novo sistema social e a sua grande contribuição para o
progresso social e a paz no mundo levaram a esquecer a prevenção de
Lênin de que seriam necessárias várias tentativas para alcançar a
vitória definitiva sobre o capitalismo, e no movimento comunista à
generalização da ideia da irreversibilidade das conquistas do
socialismo.
O trágico desaparecimento da sociedade iniciada pela Revolução de
outubro veio mostrar que o processo revolucionário mundial é mais
complexo, acidentado e demorado do que foi previsto. Mas como já Marx
sublinhara a propósito da Comuna de Paris, as derrotas no caminho da
libertação são temporárias e comportam sempre lições para a continuação
de uma luta que tem a seu favor a necessidade histórica.
É bem conhecida a afirmação de Lênin de que todas as nações chegarão ao
socialismo, mas que, no quadro de leis gerais comuns, cada uma o fará à
sua maneira. Na continuidade histórica da Revolução de Abril, a
democracia avançada que o PCP aponta aos trabalhadores e ao povo é parte
integrante e indissociável da luta pelo socialismo em Portugal.
(*) Albano Nunes é membro do secretariado do CC do Partido Comunista Português (Com o Diário Lberdade)
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