terça-feira, 17 de setembro de 2013
Em Dezembro de
2009, a revista Nature publicou um artigo de uma equipa de astrónomos
liderada pelo israelita Avishay Gal-Yam (do Weizmann Institute of
Science) no qual é descrita a descoberta do que parece ser o primeiro exemplo fidedigno de uma supernova despoletada pelo processo de “pair-instability”, previsto pela teoria desde os anos 60.
Um modelo no céu
A luminosidade da SN 2007bi
foi dez vezes superior à de outras supernovas, Contudo, o que tornou
realmente especial a “hipernova” é o facto de se ter tornado o modelo
através do qual se explicam as previsões de um tipo de morte estelar
exótica conhecido por “instabilidade de pares”. Esse processo
extraordinário gera antimatéria no interior do astro e é
fundamentalmente distinto do que outras supernovas sofrem. Segundo a
descrição de Gal-Yam, as elevadíssimas pressões e temperaturas que se
verificam no núcleo dessas estrelas monumentais fazem os fotões muito
energéticos transformarem-se em eletrões e na sua contraparte de
antimatéria, os positrões: “Surge, então, uma reação descontrolada em
que a estrela queima tal quantidade de oxigénio em tão pouco tempo que a
energia libertada ultrapassa toda a energia gravitacional do astro.
A explosão é tão brutal que não resta
qualquer vestígio da estrela progenitora; apenas uma nebulosa em rápida
expansão, composta, maioritariamente, pelos elementos sintetizados pela
violência da deflagração.” Gal-Yam explica igualmente, num artigo
publicado na Nature, que, durante a explosão, foi expulsa uma
grande quantidade de níquel-56, equivalente a sete vezes a massa do Sol.
A sua desintegração radioativa iluminou o gás em redor, o que levou o
clarão da explosão a subsistir durante meses. No Centro
Harvard-Smithsonian de Astrofísica, no Massachusetts, outro grupo de
especialistas estuda as supernovas de tipo Ia, fundamentais para avaliar
a aceleração da expansão do universo. “Apesar disso, é uma vergonha
sabermos tão pouco delas”, afirma um dos elementos da equipa, o
astrónomo Robert Kirshner.
Os cientistas pensam que esta última
variedade surge a partir das explosões termonucleares de uma anã branca
que pertence a um sistema binário, o qual seria integrado por dois
astros próximos que orbitam em redor de um centro de massa comum.
Aparentemente, há dois meios que podem dar origem a uma supernova de
tipo Ia. Assim, a anã branca poderia transferir matéria para outro
objeto até perder a sua estabilidade e explodir, criando um brilho
milhares de milhões de vezes superior ao do Sol. Por outro lado, o
fenómeno também se produziria se uma das estrelas fosse literalmente
destruída pelas forças gravatacionais da outra. Saber distinguir ambos
os casos poderá revelar-se crucial para entender a evolução do cosmos.
“As supernovas entusiasmam-me, mas
reconheço que as minhas preferidas são as de tipo Ia”, revela Kirshner.
“As supermassivas são como adolescentes com cartões de crédito. Num
segundo, gastam todo o capital, o seu combustível, e ficam com a conta a
zero. Nessa altura, explodem. Por sua vez, as de tipo Ia mantêm uma
estreita escala de brilho. É como se tivessem voltagens diferentes.
Podemos saber se são lâmpadas de 100, de 50 ou de 25 watts. Com base no
seu fulgor, é possível estabelecer a distância a que se encontram, mais
ou menos como acontece quando vemos os barcos a partir de um porto. No
entanto, talvez o aspeto mais fascinante desses espetaculares fenómenos é
que estão envolvidos na criação de praticamente tudo o que podemos
encontrar à nossa volta, desde o ferro que compõe a estrutura da Torre
Eiffel até ao carbono das bases do nosso ADN.
Há muito tempo, numa galáxia longínqua...
Os astrónomos não só procuram supernovas
raras ou gigantes, como longínquas. Em novembro, uma equipa da
Universidade de Toronto (Canadá) revelou na revista Astrophysical Journal a
descoberta de duas supernovas muito luminosas com um deslocamento para o
vermelho de 2,05 e 3,9, respetivamente, o que as coloca a mais de dez
mil milhões de anos. O deslocamento para o vermelho de um objeto
significa que se afasta de nós a uma determinada velocidade, ao
contrário do deslocamento para o azul, que significa o contrário. Os
investigadores monitorizaram milhares de galáxias-bebé, numa etapa
próxima do Big Bang, pois constituem o berço onde se formam
essas estrelas gigantes. Albergam a esperança de que as distantes
supernovas lhes permitam encontrar a primeira geração de astros do
universo.
Fonte: SUPER
Fonte: SUPER
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