sábado, 28 de setembro de 2013

Bancos: 7000 demissões em 2013

Bancos privados fecham 7 mil postos de trabalho em oito meses

Contraf
Os bancos privados que operam no país fecharam 6.987 postos de trabalho entre janeiro e agosto de 2013, andando na contramão da economia brasileira, que gerou 1,07 milhão de novos empregos no mesmo período. Além dos cortes, o sistema financeiro mantém a rotatividade de mão de obra alta, mecanismo que os bancos usam para reduzir custos.
É o que mostra a Pesquisa de Emprego Bancário (PEB) divulgada nesta terça-feira 24 pela Contraf-CUT, que faz o estudo em parceria com o Dieese com base nos dados do Cadastro Geral de Emprego e Desemprego (Caged), do Ministério do Trabalho.
"Mesmo aumentando os lucros e mantendo a mais alta rentabilidade do sistema financeiro internacional, os bancos brasileiros, principalmente os privados, continuam demitindo trabalhadores e empregando a rotatividade para reduzir os salários dos trabalhadores", critica Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT. "Por isso a categoria incluiu a preservação do emprego, mais contratações e o fim da rotatividade como duas das principais reivindicações da Campanha Nacional de 2013."
Segundo o Caged, os bancos brasileiros contrataram 26.940 bancários entre janeiro e agosto e desligaram 30.314. No total do sistema financeiro, foram fechados 3.374 postos de trabalho. O Caged não discrimina a evolução do emprego por empresa; apenas por setor. A Caixa Econômica Federal apresentou um saldo positivo de 3.357 empregos nos primeiros oito meses do ano. E como o Banco do Brasil manteve o quadro de funcionários estável, fica evidente que os cortes nos postos de trabalho se concentram nos bancos privados.
Veja aqui o estudo do Dieese sobre o saldo do emprego bancário.
Rotatividade reduz salário e concentra renda
A pesquisa Contraf-CUT/Dieese mostra que o salário médio dos admitidos pelos bancos entre janeiro e agosto foi de R$ 2.896,09, contra salário médio de R$ 4.550,64 dos desligados. Ou seja, os trabalhadores que entram no sistema financeiro recebem remuneração 36,4% inferior à dos que saem. Com isso, os bancos buscam reduzir suas despesas.
"Isso explica por que, embora com muita mobilização os bancários tenham conquistado 16,2% de aumento real no salário e 35,6% de ganho real no piso salarial desde 2004, a média salarial da categoria diminuiu. Esse é o mais perverso mecanismo de concentração de renda, num país que faz um grande esforço para se tornar menos injusto", denuncia Carlos Cordeiro.
Em dezembro de 2011, último dado da Rais, o salário médio do bancário era 94,5% do que valia em 2001. Veja aqui gráfico com o comparativo entre a evolução do PIB, do lucro líquido dos cinco maiores bancos e da remuneração média dos bancários.
Os 10% mais ricos no país, segundo estudo do Dieese com base no Censo de 2010, têm renda média mensal 39 vezes maior que a dos 10% mais pobres. Ou seja, um brasileiro que está na faixa mais pobre da população teria que reunir tudo o que ganha durante 3,3 anos para chegar à renda média mensal de um integrante do grupo mais rico.
No sistema financeiro a concentração de renda é ainda maior. No Banco Itaú, por exemplo, os executivos da Diretoria receberam em 2012, em média, R$ 9,05 milhões por ano, o que representa 191,8 vezes o que ganha o bancário do piso. No Santander, os diretores embolsaram R$ 5,62 milhões no ano passado, o que significa 119,2 vezes o salário do caixa. E no Bradesco, que pagou R$ 5,0 milhões no ano a seus executivos, a diferença é de 106,0 vezes.
Ou seja, para ganhar a remuneração mensal de um executivo, o Caixa do Itaú tem que trabalhar 16 anos, o caixa do Santander 10 anos e o do Bradesco 9 anos.
"A sociedade brasileira mostrou nas recentes manifestações de rua que quer mudança e certamente está de olho na prática dos bancos, de juros e tarifas escorchantes. Queremos transformar o crescimento em desenvolvimento econômico e social. Isso passa por melhoria de salário e mais emprego, o contrário do que os bancos estão fazendo", comenta Carlos Cordeiro.

Grupo Abril Educação demite diretores sindicais em retaliação à luta pelos direitos dos trabalhadores

seel-sp.org.br
No mês de agosto o grupo Abril Educação violou a CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas) ao demitir dois de seus trabalhadores – ambos diretores sindicais do SEEL (Sindicato dos Trabalhadores em Editoras de Livros): Joseval Fernandes, com mais de 30 anos de empresa, e Aparecido Araújo, com 26 anos de editora. 
As demissões dos dois funcionários contrariam a legislação que garante a estabilidade provisória ao dirigente sindical. A diretoria do SEEL entrou em contato com os gestores do grupo para que uma reintegração dos funcionários fosse negociada, mas a empresa manteve a sua resolução arbitrária mesmo após ser alertada de que poderia ser alvo de processo judicial.
O grupo Abril Educação é um dos maiores vendedores de livros didáticos para o governo, ou seja, sustenta-se com parte do dinheiro público, mas desrespeita a legislação da qual se beneficia. Contraditório, para dizer o mínimo. Por que será que o grupo Abril Educação se valeu do artifício truculento para afastar os diretores sindicais de seu conglomerado editorial? 
A atuação dos líderes sindicais sempre esteve presente nos quadros de funcionários do grupo Abril Educação e das demais empresas, por que trata-se de um mecanismo de equilíbrio de forças das relações entre capital e trabalho. 
A atitude do grupo Abril Educação teve como princípio a limitação dessa atividade sindical dentro da editora, deixando os trabalhadores sem defesa legítima. Mas qual seria o temor enfrentado por uma empresa que respeita os trabalhadores, e oferece a eles boas condições de trabalho? E mais: por que uma empresa que atua dentro dos princípios trabalhistas optaria por reprimir a atividade sindical, em vez de aceitá-la como parte do processo democrático? 
O SEEL lamenta a atitude da empresa e enfatiza que tomará as medidas cabíveis em respeito ao mandato dos dois diretores.
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