sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Rússia, China e Irã se opõem à guerra contra a Síria

Líderes alertam para “graves consequências” caso Estados Unidos e Europa ataquem a Síria sem provas de que ataque químico ocorrera a mando de Assad

27/08/2013

Achille Lollo,
de Roma (Itália)

A intervenção militar da OTAN contra a Síria, mesmo se limitada ao lançamento de foguetes dos navios e dos submarinos, aos bombardeios ditos “cirúrgicos” dos F-16 e aos ataques com aviões sem pilotos (os drones telecomandados), provocou uma dura reação no Kremlin por parte do presidente Vladimir Putin e do governo russo que não admitem mais outras “guerra humanitárias da OTAN” contra países aliados ou amigos da Rússia, tal como aconteceu com a Iugoslávia em 1999.
Por isso, o ministro das Relações Exteriores Sergei Lavrov, após ter conversado por telefone com o secretário de Estado dos EUA John kerry publicamente advertiu que “se a hipótese de ataque militar à Síria for efetivado haverá consequências muitos graves, uma vez que o Ocidente acusa a Síria sem ter provas deste país ter feito uso de armas químicas. Por outro lado, uma intervenção militar sem a aprovação do Conselho de Segurança das Nações Unidas seria uma grave violação do direito internacional.”
Depois, tentando esfriar a situação, Sergei Lavrov sublinhou que conversou novamente com John Kerry, o qual “prometeu fazer uma nova avaliação dos argumentos que estão empurrando os EUA para uma intervenção militar.”
Fato é que as palavras de Lavrov devem ter tocado algumas questões estratégicas importantes. Tanto que o mesmo presidente Barack Obama, no dia 26, disse que precisava de mais 48 horas para decidir se os EUA vão apoiar o projeto da Grã-Bretanha e da França, que juntos atacariam a Síria, “com uma guerra humanitária para salvar os civis, como foi feito no Kosovo”, nos próximos dez dias.
A China também, que no Conselho de Segurança, juntamente com a Rússia, havia votado o envio de uma comissão de fiscais da ONU para realizar uma profunda análise do que aconteceu em Goutha, tomou posição contrária à “guerra humanitária” da OTAN. Wang Yi, ministro das Relações Exteriores, alertou os países ocidentais pedindo “mais cautela em julgar os elementos da crise na Síria, uma vez que quando se fala de armas químicas todas as partes deveriam ser questionadas” e de que é preciso resolver a questão síria por meio de uma solução política.
A advertência do ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, se refere, antes de tudo, à Conferência que a Rússia pretende realizar com os EUA e outros países para debater uma real e possível solução política para a crise síria, visto que a guerra civil entrou no terceiro ano.
O Irã também advertiu os Estados Unidos por meio de uma intervenção na TV iraniana do comandante das Forças Armadas, Massoud Jazayery, que sem os meios termos da linguagem diplomática logo afirmou: “Os Estados Unidos conhecem as limitações da linha vermelha na frente síria. Se Washington vai violar essas limitações, então a Casa Branca vai sofrer sérias consequências por tê-lo feito.”
Advertências políticas que devem ter deixado o presidente Barack Obama ainda mais confuso porque o que agora está em jogo não é somente a queda do regime de Bashar el-Assad, mas, quem irá sucedê-lo. De fato, os grupos salafitas e jihadistas sírios – todos ligados à Al Qaeda – monopolizam a resistência armada, enquanto os homens do ESL ficaram famosos em gerenciar os campos de refugiados no exterior no lugar de combater no interior da Síria.

Achille Lollo é jornalista italiano, correspondente do Brasil de Fato na Itália e editor do programa TV “Quadrante Informativo”.
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