Líderes alertam para “graves consequências” caso
Estados Unidos e Europa ataquem a Síria sem provas de que ataque químico
ocorrera a mando de Assad
27/08/2013
Achille Lollo,
de Roma (Itália)
A
intervenção militar da OTAN contra a Síria, mesmo se limitada ao
lançamento de foguetes dos navios e dos submarinos, aos bombardeios
ditos “cirúrgicos” dos F-16 e aos ataques com aviões sem pilotos (os
drones telecomandados), provocou uma dura reação no Kremlin por parte do
presidente Vladimir Putin e do governo russo que não admitem mais
outras “guerra humanitárias da OTAN” contra países aliados ou amigos da
Rússia, tal como aconteceu com a Iugoslávia em 1999.
Por
isso, o ministro das Relações Exteriores Sergei Lavrov, após ter
conversado por telefone com o secretário de Estado dos EUA John kerry
publicamente advertiu que “se a hipótese de ataque militar à Síria for
efetivado haverá consequências muitos graves, uma vez que o Ocidente
acusa a Síria sem ter provas deste país ter feito uso de armas químicas.
Por outro lado, uma intervenção militar sem a aprovação do Conselho de
Segurança das Nações Unidas seria uma grave violação do direito
internacional.”
Depois, tentando esfriar a
situação, Sergei Lavrov sublinhou que conversou novamente com John
Kerry, o qual “prometeu fazer uma nova avaliação dos argumentos que
estão empurrando os EUA para uma intervenção militar.”
Fato
é que as palavras de Lavrov devem ter tocado algumas questões
estratégicas importantes. Tanto que o mesmo presidente Barack Obama, no
dia 26, disse que precisava de mais 48 horas para decidir se os EUA vão
apoiar o projeto da Grã-Bretanha e da França, que juntos atacariam a
Síria, “com uma guerra humanitária para salvar os civis, como foi feito
no Kosovo”, nos próximos dez dias.
A China
também, que no Conselho de Segurança, juntamente com a Rússia, havia
votado o envio de uma comissão de fiscais da ONU para realizar uma
profunda análise do que aconteceu em Goutha, tomou posição contrária à
“guerra humanitária” da OTAN. Wang Yi, ministro das Relações
Exteriores, alertou os países ocidentais pedindo “mais cautela em julgar
os elementos da crise na Síria, uma vez que quando se fala de armas
químicas todas as partes deveriam ser questionadas” e de que é preciso
resolver a questão síria por meio de uma solução política.
A
advertência do ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, se
refere, antes de tudo, à Conferência que a Rússia pretende realizar com
os EUA e outros países para debater uma real e possível solução política
para a crise síria, visto que a guerra civil entrou no terceiro ano.
O
Irã também advertiu os Estados Unidos por meio de uma intervenção na TV
iraniana do comandante das Forças Armadas, Massoud Jazayery, que sem os
meios termos da linguagem diplomática logo afirmou: “Os Estados Unidos
conhecem as limitações da linha vermelha na frente síria. Se Washington
vai violar essas limitações, então a Casa Branca vai sofrer sérias
consequências por tê-lo feito.”
Advertências
políticas que devem ter deixado o presidente Barack Obama ainda mais
confuso porque o que agora está em jogo não é somente a queda do regime
de Bashar el-Assad, mas, quem irá sucedê-lo. De fato, os grupos
salafitas e jihadistas sírios – todos ligados à Al Qaeda – monopolizam a
resistência armada, enquanto os homens do ESL ficaram famosos em
gerenciar os campos de refugiados no exterior no lugar de combater no
interior da Síria.
Achille Lollo é jornalista italiano, correspondente do Brasil de Fato na Itália e editor do programa TV “Quadrante Informativo”.
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