sábado, 17 de agosto de 2013

Primeiro-ministro do Egito propõe dissolução da Irmandade Muçulmana

 

"A reconciliação está aí para aqueles cujas mãos não estão sujas de sangue", disse membro do governo







Dias após o início de uma onda de violência no Egito, o primeiro-ministro interino Hazem el-Beblawi propôs a dissolução da Irmandade Muçulmana. A entidade, à qual o presidente deposto Mohamed Mursi é vinculado, afirma ter sofrido um golpe de Estado e se recusa a negociar com o governo provisório. Além disso, denuncia a repressão promovida pelo exército, que já resultou em mais de mil mortes.
Efe (16/08/2013)

Manifestantes egípcios transportam ferido após confrontos com a polícia na Praça Ramsés, no Cairo

A Irmandade convocou uma série de protestos desde julho contra a retirada de Mursi e montou dois acampamentos no Cairo, que foram desmontados na quarta (14) em uma ação policial que terminou em confronto e levou a um massacre que deixou mais de 600 mortos. Em repúdio à operação coordenada pelo governo interino, os islamitas convocaram na sexta (16) uma onda de protestos, chamada "dia da fúria". Houve novos confrontos nas manifestações, que deixaram 173 mortos e 1.330 feridos em todo o país, segundo o Ministério da Saúde.

A proposta de dissolução da Irmandade Muçulmana foi feita pelo chefe de governo ao Ministério de Assuntos Sociais, responsável por licenciar entidades não governamentais. De acordo com o porta-voz da pasta, Sharif Shawky, o pedido está em estudo. "A reconciliação está aí para aqueles cujas mãos não estão sujas de sangue", disse Shawky, em crítica ao movimento, considerado pelo governo interino como responsável pelas mortes durante a ação militar de quarta e os protestos de sexta.

A Irmandade Muçulmana foi registrada como organização não governamental em março, em resposta a um processo legal movido por opositores ao grupo que contestavam sua legalidade. Foi a primeira vez que o movimento islâmico conseguiu o reconhecimento do governo. O grupo, fundado em 1928, foi dissolvido em 1954 pelo regime militar egípcio e foi considerado ilegal até o início deste ano, quando o país era governado por Mursi. Seu braço político, o Partido Liberdade e Justiça, foi estabelecido em 2011, após a queda do ditador Hosni Mubarak.

Imprensa

Diversos relatos de agressão contra jornalistas foram feitos desde o início da violência. Um fotojornalista da Folha de SP foi atingido de raspão por uma bala, enquanto três repórteres --  um cinegrafista da TV inglesa Sky News, um repórter de um jornal de Dubai e um repórter de um jornal egípcio-- foram assassinados no primeiro dia de repressão.

A agência de notícia Reuters confirmou que a fotógrafa Asmaa Waguih levou um tiro na perna, mas está fora de perigo. Um fotógrafo da Associated Press que trabalhava perto da mesquita Rabaah al-Adawiya durante os conflitos foi atingido no pescoço por duas cápsulas de balas, informou o editor de fotografia da AP no Oriente Médio, Manoocher Deghati. O fotógrafo recebeu cuidados médicos e voltou ao trabalho, informou Deghati.

Ontem, as autoridades egípcias fecharam os escritórios da emissora Al Jazeera que faziam transmissões ao vivo para o Egito, denunciou em comunicado o Comitê de Proteção de Jornalistas. O grupo, com sede em Nova York, informou que as forças de segurança entraram nos escritórios e ordenaram às equipes que deixassem o prédio, que foi cercado para que ninguém voltasse ao local. Mesmo assim, a emissora continua oferecendo seu serviço pela internet.


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Um comentário:

  1. Nos incomoda ver pessoas desarmadas sendo baleadas nos choques entre o exército e os partidários de Mursi, alguns com seus fuzis.

    Qual peso terão os trabalhadores egípcios neste processo? Torcemos pela unidade e pela influencia deles e não pelo sectarismo.

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