Damasco,
10 ago (Prensa Latina) Entre as múltiplas e nefastas consequências da
guerra na Síria encontra-se hoje a ameaça de desaparecimento das
comunidades cristãs em uma sociedade que refrenda o laicismo, ameaçadas
pelo enraizado fundamentalismo de grupos radicais islâmicos.
Tal perigo se exacerba pela presença de grupos jihadistas (que chamam à
Jihad ou Santa Guerra) e takfiríes (extremistas) que procuram derrocar
ao governo do presidente Bashar al-Assad e impor um califato regido pela
sharia, a lei islâmica.
Entre ditos agrupamentos sobressai-se a
Frente al-Nusra, uma derivação em território levantino da rede
terrorista Al Qaeda, que impõe seu credo a ponta de espada ou pistola,
degolando ou disparando a todo aquele que qualifique de herege ou recuse
converter-se ao Islã.
Meses atrás, a Al-Nusra tomou a
localidade de al-Thawrah (também conhecida como al-Tabqah), na
setentrional província de Raqqa, tomando posse da represa do lago
al-Assad, o maior de seu tipo no país e principal hidrelétrica.
Os extremistas iniciaram a expulsão de todos os cristãos sírios que ali
viviam, sob a ameaça de que deviam ser convertidos ao islã, caso
contrário seriam assassinados, detalha um reporte da agência Assyrian
International News Agency.
Também tomaram o controle das três
quartas partes das instalações onde se albergavam os trabalhadores da
represa e só permitiram que permanecessem os muçulmanos sunítas para que
continuassem a mantendo-a operativa, precisa.
Segundo o artigo,
os irregulares ocuparam os lares dos cristãos e roubaram seus bens, que
agora vendem no mercado negro para comprar armas e munições com as
quais combater as autoridades.
Testemunhas cristãs que fugiram
de al-Thawrah, e que agora se encontram deslocados em outras partes do
território nacional ou no Líbano e na Turquia, relataram ao meio que os
opositores armados demolieram toda imagem ou ícone religioso da Igreja
Ortodoxa de Antioquia de São Sergio e São Baco, a principal da
localidade.
Romperam as cortinas do santuário, Biblias e outros
livros sagrados, ao igual que as cruzes, cadeiras e ícones de Jesús e
dos santos, lamentou um refugiado.
Outro explicou que ainda que
tenha abandonado a localidade, os extremistas se apossaram do número de
seu telefone celular, por onde o ameaçam com frequência lhe dizendo que
se retorna a Al-Thawrah "lhe cortarão a cabeça e a mostrarão na igreja
para que todos os muçulmanos possam vê-lo e se sentir-se orgulhosos
disso".
A igreja estava sob a jurisdição da Arquidiócese de
Alepo, cujo líder, o metropolita ortodoxo grego Boulos Yazigi foi
sequestrado o 22 de abril junto com seu par ortodoxo sírio da mesma
cidade, Gregorios Youhanna Ibrahim.
Ambos foram retidos por um
grupo de chechenos sócios da Frente al-Nusra, que assassinou o diácono
que os acompanhava e transladou os prelados até um lugar desconhecido
sem que até o momento se tenham notícias deles, assinala um reporte das
autoridades que denunciaram o acontecimento às Nações Unidas.
Tais fatos, unidos à a cada vez mais frequentes massacres dos radicais
islâmicos contra comunidades das minorias confessionais (alauitas,
drusos, cristãos), empurram ao êxodo em massa de ditos grupos ante o
temor de ser vítimas do fundamentalismo dos que alguns, no Ocidente,
fazem questão de qualificar como rebeldes.
rc/lr/cc |
0 comentários:
Postar um comentário