“Terroristas”*
15.Jun.13 :: Colaboradores
Para
a classe dominante, a “luta contra o terrorismo” é um dos argumentos
fundamentais na ofensiva contra os direitos e as liberdades dos
trabalhadores e dos povos. Para Erdogan os manifestantes da Praça Taksim
são “terroristas”. Já a bárbara repressão policial desencadeada contra
eles, naturalmente, não o será. Passos Coelho ainda não teve a ousadia
de ir tão longe. Mas cada dia a mais que o governo PSD/CDS/Cavaco seja
mantido em funções acrescenta novas ameaças nessa direcção.
O
primeiro-ministro turco, Erdogan, tratou de “terroristas” os milhares e
milhares de manifestantes que, em diversas cidades do seu país, vêm
mantendo nas ruas um vigoroso combate contra as políticas do seu
governo. Políticas antidemocráticas e reaccionárias no plano interno,
acção concertada com o imperialismo e o sionismo no plano externo,
nomeadamente na operação de agressão contra a Síria.
Para Erdogan os manifestantes são “terroristas”, mas a bárbara repressão policial desencadeada contra eles, pelos vistos, já não o será. Na sua terminologia brutal, Erdogan não faz mais do que enveredar pelo caminho que em tantos outros lados tenta ser seguido: o da ilegitimação e da criminalização do protesto social. Com outras cautelas (ainda) é o que tentam inculcar os Passos, Portas e outros papagaios perante a perspectiva das grandes acções de luta que se avizinham.
Mas há mais: para o poder dominante, “terroristas” não poderão ser apenas aqueles que resistem, aqueles que saem à rua em protesto, aqueles que dão voz à exasperada cólera das massas em defesa dos seus direitos. “Terroristas” potenciais são toda a gente. Basta ver as recentes denúncias acerca do programa “Prism” da agência norte-americana NSA. Trata-se de espiar, obter dados, vasculhar a vida privada de milhões de milhões de utilizadores da internet. Em nome de quê? Da luta contra o “terrorismo”, está bem de ver. Em seu nome não há dado privado, opinião expressa, contacto feito, palavra dita que um monstruoso aparelho de espionagem não esteja sistematicamente a monitorizar e a registar.
A NATO actualizou o seu conceito estratégico integrando o universo da comunicação electrónica na lista dos cenários de guerra. O “Prism” da NSA e da CIA mostra como um tal cenário é, fundamentalmente, o da dominação absoluta construída sobre uma intimidação social global para a qual a palavra “terrorismo” hoje justifica tudo. Algo como o que o grande poeta turco Nazim Hikmet descreve:
“O pior de tudo:
é trazer a prisão dentro de si
consciente disso ou não.”
As massas em luta são a resposta contra uma tal prisão. Cada indivíduo que se integre na causa e na luta do seu povo tem mais força histórica do que todos os Erdogans deste mundo.
*Este artigo foi publicado no “Avante!” nº 2063, 13.06.2013
Para Erdogan os manifestantes são “terroristas”, mas a bárbara repressão policial desencadeada contra eles, pelos vistos, já não o será. Na sua terminologia brutal, Erdogan não faz mais do que enveredar pelo caminho que em tantos outros lados tenta ser seguido: o da ilegitimação e da criminalização do protesto social. Com outras cautelas (ainda) é o que tentam inculcar os Passos, Portas e outros papagaios perante a perspectiva das grandes acções de luta que se avizinham.
Mas há mais: para o poder dominante, “terroristas” não poderão ser apenas aqueles que resistem, aqueles que saem à rua em protesto, aqueles que dão voz à exasperada cólera das massas em defesa dos seus direitos. “Terroristas” potenciais são toda a gente. Basta ver as recentes denúncias acerca do programa “Prism” da agência norte-americana NSA. Trata-se de espiar, obter dados, vasculhar a vida privada de milhões de milhões de utilizadores da internet. Em nome de quê? Da luta contra o “terrorismo”, está bem de ver. Em seu nome não há dado privado, opinião expressa, contacto feito, palavra dita que um monstruoso aparelho de espionagem não esteja sistematicamente a monitorizar e a registar.
A NATO actualizou o seu conceito estratégico integrando o universo da comunicação electrónica na lista dos cenários de guerra. O “Prism” da NSA e da CIA mostra como um tal cenário é, fundamentalmente, o da dominação absoluta construída sobre uma intimidação social global para a qual a palavra “terrorismo” hoje justifica tudo. Algo como o que o grande poeta turco Nazim Hikmet descreve:
“O pior de tudo:
é trazer a prisão dentro de si
consciente disso ou não.”
As massas em luta são a resposta contra uma tal prisão. Cada indivíduo que se integre na causa e na luta do seu povo tem mais força histórica do que todos os Erdogans deste mundo.
*Este artigo foi publicado no “Avante!” nº 2063, 13.06.2013
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