Operários demitidos recebem homenagem de índios no Maracanã
Dupla foi aplaudida e ganhou presentes dos indígenas.
Carpinteiros
pularam o muro para ajudar os índios no último sábado (12).
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Sob aplausos e palavras de agradecimento, eles receberam presentes em retribuição à ajuda que deram no último sábado (12), quando o Batalhão de Choque da Polícia Militar cercou o local para realizar a desapropriação do espaço.
ajudar os índios (Foto: Janaína Carvalho/G1)
“Isso aqui é um patrimônio histórico. Reforma a gente aceite e entende, mas destruir não. Eles não estão reformando o Maracanã? Por que não podem fazer a mesma coisa com o museu?”, questionou o José Antônio.
Para o carpinteiro Francisco, que afirma ter sido um funcionário exemplar durante um ano e meio que trabalhou na reforma do Maracanã, não há do que se arrepender. “Poderia me arrepender se tivesse pulado o muro para pegar alguma coisa de alguém, algo que não me pertence. Não foi isso que eu fui fazer. Fui ajudar uma questão que acho justa”, disse Francisco.
do museu (Foto: Janaína Carvalho/G1)
“Hoje quando chegamos não conseguimos passar pela roleta, pois não tínhamos crachá. Foram chamar o chefe e ele disse que teríamos três opções, ou seríamos advertidos, ou seríamos demitidos por justa causa, ou transferidos. Disse que não aceitaria nenhuma das três, que só aceitava ser demitido com todos os meus direitos. Não fiz nada que considere errado”, concluiu o carpinteiro, destacando que sua mãe é de Reriutaba, cidade que fica no interior do Ceará, onde existia muito índio.
Ao deixar o museu, os operários se depararam com os colegas de trabalho do outro lado do muro e aproveitaram para brincar. “Olha, se vocês fizerem como a gente, vão parar do lado de cá”, disse José Antônio.
Segundo o grupo, a luta para que o terreno não seja desapropriado tem a ver com a cultura indígena. “Qual vai ser nosso destino se nos tirarem daqui? Vai ser mais uma memória apagada? Não estamos brigando pelo prédio, estamos brigando pela nossa história. Isso aqui é um ponto de cultura”, afirmou Kamayura Pataxó.
Polêmica começou há três meses
A polêmica sobre o destino do imóvel começou em outubro do ano passado, quando o governo do estado anunciou possíveis mudanças no entorno do Maracanã, para que o estádio pudesse receber a Copa do Mundo e as Olimpíadas. Pelo projeto da Casa Civil, o Maracanã seria transferido para iniciativa privada, que deveria construir um estacionamento, um centro comercial e áreas para saída do público.
Para isso, alguns prédios ao redor do estádio deveriam ser demolidos, entre eles o casarão do antigo Museu do Índio. A construção abrigou o museu até 1978, quando foi desativado. Há seis anos, cerca de 60 índios passaram a ocupar o local.
No último sábado, o Batalhão de Choque cercou o local por mais de nove horas. No fim da tarde deste sábado, o defensor público federal Daniel Macedo disse que foi informado que os representantes do governo decidiram fazer o pedido de imissão de posse apenas a partir de segunda-feira (14). A decisão teria sido tomada em reunião realizada no Palácio Guanabara.
Licitação para derrubar museu
O Estado informou que fez uma licitação para derrubar o antigo Museu do Índio, orçada em R$ 586 mil.
"Já houve licitação para demolição do Museu do Índio. Estou em fase administrativa, a parte de recursos, empenho, liberação. Acredito que antes da Copa das Confederações, nós vamos fazer isso", disse o presidente da Emop, Ícaro Moreno.
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