quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

O ouro e o "fim do mundo"

 


por Valentin Katasonov [*]

Há muito que o público e membros do Congresso dos EUA começaram a por em dúvida quanto resta de ouro nas reservas oficiais estado-unidenses e, mesmo se houver, se tem algo a ver com ouro. Em 2012 houve um fluxo de publicações nos media de todo o mundo que apresentavam evidência irrefutável de que o mercado mundial estava inundado com ligas metálicas a imitarem ouro (goldbricks) e que o tungsténio, que tem a mesma densidade (specific gravity), é utilizado ao invés do metal amarelo. Há um bocado de sinais indirectos de que banksters meteram a mão nas reservas de ouro do Tesouro já há muito tempo...

A última vez que "representantes eleitos" dos EUA viram ouro no Fort Knox (o maior armazém da reserva oficial) com os seus próprios olhos foi no princípio da década de 1950, ou seja, há seis dúzias de anos atrás. Em 2012 a pressão do congressista Ron Paul, um crítico irreconciliável do Federal Reserve Systems, pôs em vigor uma decisão de auditoria por amostragem.

A auditoria acaba de ser feita. Pouco se sabe dela. Houve algumas fugas de informação quanto ao cofre-forte subterrâneo do Reserve Bank of New York, em Manhattan. O processo envolveu cerca de meia dúzia de empregados da Cunhagem, o gabinete do inspector-geral do Tesouro e o Fed de Nova York. Ela foi monitorada por empregados do Government Accountability Office, o braço de investigação do Congresso. Lá dentro, uma báscula é circundada por 122 gaiolas azuis que mantêm cerca de 530 mil barras de ouro – 34.021 das quais pertencem ao Tio Sam (o resto a outros países). A equipe de auditoria contou o stock estado-unidense, seleccionando mais de 350 barras a fim de extrair amostras para análise. A auditoria verificou-se ser demasiado "selectiva" – só uma amostra entre cada 100 [barras] foi testada. E o grosso da reserva é mantido em outros lugares tais como Fort Knox, West Point e o U.S. Mint em Denver. Estas três localizações mantêm 95% das barras de ouro do país. Pessoalmente, não encontrei qualquer informação a confirmar que auditoria e testes tenham sido feitas nestes lugares. Assim, o rácio real pode não ser de 1:100 e sim de 1:1000.

É bastante estranho que toda a auditoria reduza-se a falsificações com tungsténio. Para este objectivo basta o ultra-som, não há necessidade de furar. Toda a reserva do Tesouro podia ter sido rapidamente testada com ultra-som para reduzir a despesa. Na minha opinião, os poderes estado-unidenses simularam (put on) um show que por perdurar durante dúzias de anos e custar um bocado (cada vez que um furo é feito há ouro perdido e as consequente despesas). Realmente, a furação e o ultra-som constituem uma parte importante da auditoria, mas não a decisiva. A questão principal é o estudo de documentos para compreender que transacções financeiras e comerciais com ouro do estado tiveram lugar. É isto que ninguém sequer sugere, nem mesmo Ron Paul.

Então, que relação tem a auditoria "limitada" com o "fim do mundo"? Eles dizem que a furação do lingotes já estava acabada no Verão, mas nenhum resultado veio ainda à luz. Naqueles dias houve uma frase que relampejou nos media dos EUA a dizer: "o Departamento do Tesouro recusou-se a divulgar o que a auditoria tem mostrado até o momento, dizendo que os resultados serão anunciados no fim do ano"... Deixem-nos observar: não se trata de Janeiro de 2013, mas o fim do ano, isto é, Dezembro de 2012. Será que isso significa alguma coisa?



Muito já foi dito neste Outono acerca da decisão da Alemanha de transferir o seu ouro no exterior para o seu território. A Alemanha é o segundo maior possuidor de reservas ouro do mundo com cerca de 3.400 toneladas (3.396 para sermos precisos), com um valor estimativo de US$190 mil milhões às taxas actuais. O grosso do "metal amarelo" é mantido no exterior. 31% é armazenado internamente, enquanto 45% é mantido nos EUA, 13% na Grã-Bretanha e 11% em França. O Bundestag sugeriu o retorno das reservas já em Janeiro, mas inesperadamente os planos bateram num muro de resistência ardente. Há alguém importante a quem desagrada fortemente a ideia de tê-lo de volta.

O Bundesbank, o possuidor das reservas oficiais de ouro, estava na primeira linha de defesa. O parlamento não tinha suficiente autoridade para lançar os procedimentos de repatriação. Ele relutantemente começou a fazê-los só depois de o Tribunal Federal Alemão tomar a decisão e fazê-lo efectuar uma auditoria das reservas mantidas no exterior pela transferência de pequenas partes do metal de volta para casa a fim de serem fundidas e reformadas para barras padrão para testar a sua autenticidade. Na totalidade os planos pedem a repatriação de 150 toneladas ao longo dos próximos três anos para verificar a qualidade e o peso das barras de ouro.

O Federal Reserve System, que guarda o ouro nacional em cofres-fortes, tornou-se a segunda linha de resistência à Alemanha. A princípio a oposição foi verbal. A CNBC, por exemplo, um media influenciável, foi utilizada. John Carney, Editor Sénior da CNBC.com, publicou um editorial que continha uma declaração integrante. Dizia: "Não importa nem um pouco se o Federal Reserve Bank of New York realmente tem ouro do banco central alemão ou se o ouro é puro. Desde que o Fed diga que está ali, ele é tão bom como se estivesse ali para todos as finalidades práticas para as quais possa ser colocado. Ele pode ser vendido, alugado (lease out), utilizado como colateral, empregado para eliminar passivos e contado como capital bancário da mesma fora quer exista ou não". E acrescentou: "Como mencionei acima, para quase todas as finalidades operacionais imagináveis, a existência real do ouro em Fort Knox ou no cofre-forte por baixo da sede do FRBNY na Liberty Street é irrelevante. Aqui a contabilidade é o que realmente importa. Desde que o Fed diga que o Bundesbank possui X toneladas de ouro, o Bundesbank pode actuar como se possuísse o ouro – mesmo se o ouro tiver sido engolido no buraco de um verme galáctico comedor de ouro". Segundo ele, "estou certo de que os responsáveis do Bundesbank entendem isto bastante bem, muito embora o Tribunal de Contas Alemão não entenda. Não há nada a ser ganho com a inspecção do ouro. Se ele está todo ali e puro, não há diferença em relação a uma ausência não descoberta. Mas se o ouro não estiver ali, bem, poderia seguir-se a calamidade quando a confiança nos depósitos de ouro do banco central se evaporasse instantaneamente".

A "recusa" torna impossível para os alemães descontinuarem seus insistentes pedidos sobre o retorno do ouro. A seguir, seguiram-se argumentos mais significativos, como por exemplo a força da natureza. Em Outubro deste ano a Costa Leste continental dos EUA foi assolada pelo furacão Sandy. Nova York também foi atingida. Os conspirologistas começaram a fazer sugestões de que o furacão foi "feito pelo homem", de que alguém precisava disso e de para este alguém importante o cofre-forte subterrâneo do Federal Reserve Bank of New York, em Manhattan, era o principal alvo a ser demolido, destruído ou inundado. A reportagens dos media estado-unidenses referentes ao assuntos são um tanto confusas. Exemplo: o Daily Bail, que faz parte do império CNBC, publicou em 30/Outubro/2012: "Numa conferência de imprensa convocada às pressas, o presidente do Fed, Ben Bernanke, anunciou segunda-feira à noite que a explosão da Con Edison em NYC havia destruído completamente o cofre-forte subterrâneo que mantinha todas as reservas ouro da Alemanha, anulando dessa forma todas as recentes tentativas alemãs de repatriação do ouro... Jon Hilsenrath, do WSF, informa que as reservas de ouro não estavam seguradas".

Além disso, alguns peritos dizem que não houve furação das barras. Os media sob o controle do Federal Reserve criaram uma "imagem de informação" ("information image") do desastre natural. Na realidade, segunda-feira houve apenas rajadas de vento misturadas com vento e chuva fina em Nova York enquanto o furacão continuava a comportar-se violentamente alhures. A Internet apresenta múltiplas fotografias cómicas feitas por amadores americanos a mostrarem a "natureza tornada selvagem". Segundo informação oficial as baixas mortais foram 13 nos EUA e Canadá. Tente verificar isso, especialmente se outro país estiver envolvido! Exemplo: na pequena cidade russa de Krymsk as baixas mortais do desastre natural foram 150-170. Por falar na explosão da Con Edison e das milhões de pessoas deixadas sem electricidade, há base sólida para acreditar que foi "fabricada pelo homem". Uma espécie de 11/Set em "miniatura".

É uma pena que nenhuns novos pormenores relativos ao cofre-forte de Manhattan tenham sido divulgados. Mesmo o Federal Reserve System nunca anunciou pormenores reconfortantes a dizer que estava tudo certo, que os cofres-fortes foram reparados, que o ouro seria devolvido. Silêncio agourento. A Alemanha tão pouco disse uma palavra. Há alguma coisa no ar. Aparentemente Bernanke não tem intenção de devolver o ouro aos alemães. Ou, talvez, não haja nada para devolver?

Que outros "desastres naturais" podem estar na forja? Alguém nos EUA parece ser experiente em encenar "desastres" desta espécie. Por exemplo: o 11/Set de 2001. Este evento pode indirectamente influenciar a questão do ouro alemão, bem como a manutenção nos cofres-fortes do Federal Reserve New York. Primeiro, depois de as torres gémeas do World Trade Cententer terem sido deitadas abaixo, umas poucas toneladas de ouro armazenadas no subterrâneo desvaneceram-se (eram privadas, não pertenciam a qualquer estado). Segundo, mesmo sob as ruínas alguns documentos, relativos à investigação de transacções ilegais de ouro do Federal Reserve e da CIA, desapareceram misteriosamente. A investigação foi travada em consequência.

Finalmente, um ano após o 11/Set/2001, o Neue Züricher Zeitung alemão citou a previsão do famoso bilionário Warren Edward Buffett de que o primeiro ataque nuclear terrorista sobre solo dos EUA verificar-se-ia nos dez anos seguintes. Isso cai em 2012, pois faltam poucos dias! Se um dispositivo nuclear atingir Nova York então o ouro tornar-se-á radioactivo e a Alemanha perderá o desejo de repatriá-lo. Neste caso isso dá algum significado à previsão de Warren Buffett. O fim do mundo pode tornar-se uma realidade – se não para toda a humanidade, então pelo menos para os nova-iorquinos. Estar na vizinhança do Federal Reserve começa a ficar perigoso.
24/Dezembro/2012


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