domingo, 20 de janeiro de 2013

Duas faces do Superporto do Açu

Duas faces do Superporto do Açu

Desde que o projeto para a instalação do Superporto do Açu foi anunciado, em 2007, estavam previstas inúmeras mudanças, positivas e negativas, que vem sendo confirmada e, aos poucos, mudam a rotina de milhares de moradores da cidade e da área rural de São João da Barra. Alguns deles não viram a mudança com bons olhos, gerando desconforto e prejuízos, principalmente aos produtores do 5º Distrito do município, que ontem fizeram uma panfletagem na BR 356, entre Cajueiro e Degredo, para expor à população o problema da salinização na área e uma possível desapropriação de novas terras.
O Superporto será o terceiro maior porto do mundo e o mais importante polo de apoio para a indústria de petróleo e gás do Brasil. Um empreendimento vultoso, que está trazendo o desenvolvimento para a região. No complexo industrial, estão sendo instaladas siderúrgicas, fábricas de cimento, uma unidade de construção naval da OSX, um complexo termelétrico da MPX, indústrias offshore, indústrias de tecnologia da informação, um polo metalmecânico e uma unidade para tratamento de petróleo, entre outros projetos. O funcionamento do Porto do Açu está previsto para ter início ainda em 2013.
No entanto, nada chega de graça, sem mudanças, e os frutos do desenvolvimento começam a ser colhidos. Para o município trouxe transformações significativas. O PIB saiu de R$ 665.837, em 2005, para R$ 2.039.370, em 2009. O Imposto sobre Serviços (ISS) arrecadou R$ 700 mil em 2004. Em 2010, subiu para R$ 12
milhões. A geração de emprego também aumentou na comparação de 2010 com 2011, saiu de 400 para 1.286 postos de trabalho. Em termos populacionais, a perspectiva é que São João da Barra, que atualmente tem 30 mil habitantes, passe para 200 mil em 2025.
Um progresso que está custando caro aos 1.500 produtores rurais que tiveram que deixar suas terras para dar lugar ao complexo industrial, a ser instalado ao redor do porto. Cerca de 90 famílias foram levadas para a Vila da Terra. Os que ficaram lutam na Justiça para não perder as terras onde viveram uma vida inteira.
— O tão sonhado progresso só veio para frustrar o sonho do produtor rural, que foi levado para um local onde a terra não é produtiva, não se tem insumo e nem apoio técnico. Muitas famílias que foram tiradas de suas terras vivem hoje sem perspectiva de vida. O único benefício para nós foi o melhoramento da estrada — disse o presidente da Associação dos Produtores Rurais e Imóveis (Asprim), Rodrigo Santos.
Na localidade de Água Preta, os moradores vivem hoje com um grande problema, causado pela construção do porto: a água doce utilizada pelos agricultores está sofrendo com o processo de salinização. O fato foi comprovado por pesquisadores da Uenf e poderá gerar punição, através da secretaria de Estado de Ambiente e do Instituto do Ambiente do Rio de Janeiro (Inea).
Jane Ribeiro

                                Fonte :Folha da Manhã

20/01/2013 12:15
Anterior Proxima Inicio

0 comentários:

Postar um comentário