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segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Nikolai Starikov / Como funciona a máquina de propaganda do ocidente

Como funciona a máquina de propaganda do ocidente

por Nikolai Starikov
1. O seu princípio fundamental é a fragmentação. Isto pode parecer estranho, mas a fragmentação é o fundamento supremo da lavagem ao cérebro ocidental.

Não é segredo que o sistema de ensino nas "democracias avançadas" está concebido de forma a criar artificialmente uma visão muito estreita do mundo. Em contrapartida, o sistema escolar soviético tenta criar uma visão abrangente do mundo, mesmo entre os alunos mais preguiçosos, enchendo-lhes a cabeça com alta matemática, física, química e astronomia, por mais improvável que seja eles virem a usar todos esses conhecimentos. A compreensão da forma como o mundo está interligado, a causa e o efeito, e a capacidade de juntar tudo e analisar diversos factos, chama-se "pensamento analítico". É o primeiro passo para a criatividade.

Todas estas coisas desapareceram do sistema de ensino ocidental. O nosso país tentou adotar este sistema, numa "reforma do ensino", que tem um objetivo claro: a fragmentação da sociedade, não apenas em classes, mas em castas. A casta dirigente recebe um ensino clássico em escolas privilegiadas, as Cambridges e Eatons, em que se ensina uma visão abrangente do mundo e em que são forjados os futuros líderes e as elites do mundo ocidental. Todos os restantes recebem um "sistema de ensino avançado" que, na prática, aboliu os trabalhos de casa, e os estudantes acabam por quase nem saber ler. Quem quer que tenha frequentado a escola na URSS e conheça as escolas ocidentais poderá dizer como o programa na União Soviética era muito mais sólido. Os nossos estudantes do liceu resolviam problemas que os ocidentais estudavam na faculdade.

A ênfase neste sistema de ensino no Ocidente não acontece por acaso.

A fragmentação da consciência e a falta de uma visão abrangente do mundo são características da perceção da realidade de uma criança. Afinal, as crianças vivem no seu mundo, um mundo de jogos, de contos de fadas e de sonhos. Acabam por desenvolver uma visão adulta do mundo, com base na experiência, observando o que os rodeia segundo o que é a realidade.

2. O objetivo do sistema de ensino ocidental é criar crianças. Crianças crescidas. Os únicos adultos no sistema são os formados nas universidades de elite que recebem um ensino a sério. Daí, a ingenuidade espantosa dos ocidentais que caem facilmente em todo o tipo de absurdos, se lhos repetirem na TV. Por exemplo, a ideia de que os EUA são um farol de liberdade e democracia para todo o mundo, que, em vez de defenderem os seus interesses, apenas procuram disseminar uma "liberdade" bastante nebulosa.

Uma criança é fácil de convencer – o segredo é repetir-lhe uma história com convicção e energia. A máquina da informação ocidental é convincente porque regurgita o mesmo ponto de vista por toda a parte: não se apresenta outro ponto de vista. Ocorre o mesmo efeito, quando uma criança faz a mesma pergunta, primeiro à mãe, depois ao pai e, finalmente à avó. Perante a mesma resposta, convence-se que assim deve ser.

3. As crianças adoram brincar e divertir-se e a civilização ocidental moderna amplia a brincadeira e o divertimento eternamente. Há milhares de jogos e centenas de aplicações para jogos. Há filmes, livros, redes e locais especiais para jogar. Faz-se tudo para garantir que os adultos brinquem tanto quanto queiram. Será importante para a sociedade e para a humanidade, no seu todo, que as pessoas brinquem assim tanto? Qual é o objetivo da brincadeira para a espécie humana? Não se prevê qualquer benefício. Mas é conveniente poder governar indivíduos que só querem divertir-se, como crianças. Esta tendência leva à imaturidade. As pessoas não querem ter filhos – não admira, já que as crianças não constituem família nem procriam. É-lhes desnecessário. Ter uma família e criar filhos nossos geralmente deixa pouco tempo livre para os jogos e para o "divertimento".

Estas três características da civilização ocidental estão por trás da estratégia usada para manipular o Zé Povinho. 

Colocam-se com êxito, na cabeça dele, pensamentos coloridos e fragmentados. Este Zé Povinho, homem-criança, o ocidental médio, não tem uma compreensão real do que acontece e está plenamente disposto a acreditar numa história, se ela for bastante colorida e repetida bastantes vezes.

Então, como distinguir uma manipulação de uma apresentação honesta dos factos?
     1. Os manipuladores vão apelar às nossas emoções, usando os sentimentos – e uma quantidade mínima de factos – para criar uma impressão falsa.
     2. Os manipuladores vão apresentar os factos na sequência errada, violando a lógica, invertendo a causa e efeito. Vão mostrar, invariavelmente, um fragmento do que está a acontecer, mas nunca o quadro completo.

Reparem como as campanhas dos meios de comunicação ocidentais, assim como as dos nossos liberais pró-ocidentais, que estão ligados ao Ocidente por um cordão umbilical invisível, são sempre fragmentadas e emotivas.

Em agosto de 2008, "eram todos georgianos". Noutra altura, estavam a lutar contra a "tirania de Saddam Hussein". Uns anos depois, "reinava grande liberdade na Ucrânia", quando queimaram e apedrejaram a força policial desarmada "Berkut". Depois, de repente, estão cheios de preocupações quanto ao destino de Alepo, embora ainda ontem, não se preocupassem minimamente com o destino de Donetsk ou de Damasco e de Homs. A seguir, metem os pés pelas mãos quanto a "Putin a envenenar Litvinenko com polónio", e ninguém se preocupa em saber se isto foi verdade – um método assim certamente já teria envenenado mais de uma pessoa, possivelmente toda a cidade de Londres.

Colocam um pequeno fragmento de informações na boca do Zé Povinho ocidental, um homem-criança, e embrulham-no numa bela imagem televisiva. A imagem mostra camiões queimados, mas uma total ausência de crateras de bombas. Todos os que veem acreditam que a imagem mostra o resultado de um ataque da força aérea russa a uma coluna humanitária. Ninguém denuncia o facto de que, se a coluna tivesse sido realmente atingida por bombas aéreas, os camiões não se tinham incendiado, teriam sido pulverizados. Mas a imagem é a cores vivas e tão convincente!

Quem é o culpado pelo dilúvio de refugiados na Europa? Obviamente, os dirigentes europeus que abriram as comportas do continente a milhões de refugiados, principalmente do Afeganistão e de outros países do Médio Oriente. Mas o que é que diz a máquina de propaganda ocidental? A inundação de refugiados é culpa da Rússia, porque esta dificulta o derrube de Assad. Se a Rússia não tivesse interferido, a guerra já estaria acabada e ninguém teria que fugir para a Europa. A mentira não é apenas uma mentira óbvia, é uma dupla mentira: Se anseiam pela paz na Síria, não apoiem quem a violou – ou seja, a "oposição". Há seis anos, não havia refugiados sírios rumo à Europa, embora Bashar al-Assad estivesse vivo e saudável como seu dirigente. As ações da Rússia destinam-se a repor esse status quo anterior à guerra. Mas a Rússia está a ser acusada pelo derramamento de sangue e pela destruição da Síria e também pelo facto de uns 100 mil refugiados terem ido parar à Alemanha.

Quando o Pentágono ou o Departamento de Estado, muito a sério, referenciam "provas do Facebook", não estão a gozar nem a ser desonestos. Também eles foram educados PARA ISSO. É por isso que alguns deles acreditam genuinamente que essas informações são verdadeiras. Evidentemente, os adultos, a mamã e o papá nunca mentiriam ao seu filhinho, não é? Portanto, a criança acredita genuinamente que, se se recusar a comer a sopa, aparecerá um papão assustador, zangado com a sua falta de apetite – com todas as consequências. A criança nem sequer concebe a ideia de que não existe nenhum papão e que a mãe o inventou, para atingir o seu objetivo prático (alimentar a criança relutante). Um ocidental não pode acreditar que o filme sobre "ataques russos a uma coluna humanitária" possa ter sido fabricado, ou que o MI-6 possa ter envenenado Litvinenko com sais de tálio, ou que os meios de comunicação ocidentais desçam tão baixo como a mostrar "motins em Moscovo" com palmeiras ao fundo (porque, na realidade, a cena passa-se com motins em Atenas). Têm a certeza que um "país civilizado" nunca entraria numa falsificação destas?

Assim, agora o Ocidente e a Quinta Coluna na Rússia "são residentes de Alepo" ("Je suis Aleppo!"), apesar de nenhum deles se importar com a Síria em geral e com Alepo em particular. Só que, agora, os projetores do circo de informações ocidentais estão virados para aquele lado. Portanto, toda a gente olha obedientemente naquela direção, observando apenas o que lhe mostram.

Mas não se preocupem, daqui a nada vão esquecer tudo sobre Alepo. Vão mostrar-lhes e contar-lhes um conto assustador, novinho em folha, e o infantil Zé Povinho vai acreditar nisso. Vão começar a preocupar-se com alguém ou com qualquer coisa… até que a máquina de propaganda ponha em destaque outros factos, noutro país, deixando de noticiar a tragédia de Donbas ou das diversas cidades da Síria, ou do Iémen, ou de centenas de outros locais do planeta, cujas tragédias diárias recebem dos meios de comunicação ocidentais apenas um frio encolher de ombros. 
15/outubro/2016

O original encontra-se no blogue de Nikolai Starikov e a versão em inglês em
russia-insider.com/en/politics/how-western-propaganda-machine-works/ri17016 
Tradução de Margarida Ferreira. 


Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

O governo Temer assume a plataforma da UDN,

Entrevista - Pedro Cezar Dutra Fonseca

O projeto de Temer abala as bases do capitalismo

por Carlos Drummond — publicado 28/10/2016 15h22, última modificação 30/10/2016 11h58
O governo assume a plataforma da UDN, de destruir o legado de Vargas e fazer do Brasil um país subordinado, criando risco de instabilidade
Getúlio Vargas
No 1º de maio de 1944, em São Januário, Rio, a consagração do presidente mais amado da história



governo Temer mobiliza forças poderosas, dentro e fora do País, capazes de por em risco as principais instituições do capitalismo brasileiro, todas elas, à exceção do Banco Central, construídas nos governos de Getúlio Vargas.
É a enésima tentativa de acabar com o legado varguista e devolver o Brasil à condição de economia agrária ou com indústria internacionalmente subordinada, o eterno objetivo dos udenistas de todas as épocas. Com risco de enorme convulsão social, cabe alertar.
Reconhecido especialista na política econômica varguista, o economista Pedro Cezar Dutra Fonseca, professor titular do departamento de Economia e Relações Internacionais da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, esclarece na entrevista a seguir o percurso da revolução de 1930 e lança luz sobre o porquê de o movimento industrializante não ter partido de São Paulo, mas de elites agrárias regionais interessadas em promover a industrialização local enquanto mercado para a sua produção.
No plano das ideias, situa o confronto entre a sociologia da USP, FHC incluído, com tendência a desqualificar a Revolução de 1930, e economistas de esquerda como Celso Furtado, Ignácio Rangel e Maria da Conceição Tavares, que “sempre entenderam não ser nada desprezível uma economia periférica latino-americana ensaiar um projeto de industrialização, mesmo com todos os problemas que houve”.  
CartaCapital: Os ataques do atual governo à Petrobras, submetida a um processo de fragmentação, privatização e desnacionalização, à CLT, ao BNDES, põem em risco o legado varguista. Quais as consequências para o País? Há risco de irreversibilidades?
Pedro Cezar Dutra Fonseca: Das instituições do Estado no Brasil, possivelmente com exceção só do Banco Central, criado pelo governo militar, todas as outras, sejam empresas como a Petrobras ou bancos como o BNDES, órgãos como o IBGE, por exemplo, foram criadas pelos governos de Vargas. Elas foram se reatualizando e cumprindo novos papéis para a sociedade.
É difícil imaginar que isto aconteça, mas, no caso da sua extinção ou redução de importância, a consequência é grave. O BNDES é o maior banco de financiamento da América Latina, assim como a Petrobras é a maior ou uma das maiores empresas do continente.
Não é porque houve esses problemas todos nos últimos anos com a Petrobras que se pode apagar sua história toda, inclusive a questão da produção de petróleo no Brasil, que em certo momento, no governo Lula, emparelha com a demanda do mercado interno, em ascensão desde os anos 1950.
Outro aspecto importante é o da tecnologia de prospecção em águas profundas, sem paralelo no mundo, que possibilitou as descobertas do pré-sal. Realmente há um discurso que salienta só o lado negativo dos desvios de recursos nos últimos anos. Agora, há também o lado positivo da empresa e o seu papel estratégico para o País, que continua existindo, pela relevância que tem a produção de petróleo.
RETROAGIR AO MERCADO TOTALMENTE DESREGULADO ACABA EM GRAVE TURBULÊNCIA SOCIAL
CC: Portanto há um risco.
PCDF: Claro que sim. Assim como existe um risco na questão da CLT. Pode ser que alguma flexibilidade seja conveniente em alguns aspectos de negociação entre patrões e empregados. Agora, décimo-terceiro salário, férias, licença-saúde, são direitos universais dos trabalhadores. Voltar atrás nesses direitos consagrados em nome de uma flexibilização é muito complicado. Faz parte da história do capitalismo que os trabalhadores tenham férias, décimo-terceiro salário, previdência social.
Nós estaríamos retroagindo a história para o momento do mercado totalmente desregulado, e que acaba em enormes convulsões sociais. Possibilidade de reversão sempre existe na história que, ao contrário do que se pensa, é uma linha evolutiva, com vários retrocessos conservadores e que depois leva anos para recuperar. Entre muitos exemplos, pode-se citar o Congresso de Viena, o regresso conservador no Brasil na regência do Araújo Lima, diversos golpes militares ou civis.
CC: Quais foram as tentativas anteriores de desconstituir o legado econômico, institucional e político de Vargas?
PCDF: Esse projeto econômico e político do Vargas começa em 1930, com uma decisão que, na minha opinião, é consciente. Muitos autores nas áreas de história e de economia acham que iria acontecer de qualquer forma. Uma das características do meu trabalho é mostrar que se trata de algo consciente e que exige várias mudanças institucionais.
Em boa parte da literatura, mesmo de esquerda, Celso Furtado incluído, se diz que esse projeto foi inconsciente. Mas não foi, não se cria uma Siderúrgica Nacional sem querer. A mudança do código de minas, a reforma educacional como houve, a consolidação da legislação do trabalho, não foram só reativas. É preciso ter visão de conjunto e isso fica evidente nesse projeto, que sempre encontrou reação no Brasil.
DESDE 1932 ATÉ O GOVERNO TEMER, O ALVO PRINCIPAL SÃO OS DIREITOS TRABALHISTAS
CC: Quais foram as principais reações?
PCDF: Em 1932, São Paulo pegou em armas contra o projeto e foi sufocado pelo Exército Nacional, que estava ao lado de Vargas.  Em 1937, também houve uma tentativa, mas o golpe do Estado Novo impediu. Houve ainda a investida integralista e a candidatura de Armando Salles Oliveira. A ditadura do Estado novo reagia contra a tentativa de se voltar à República Velha. Não se pode esquecer que os revolucionários de 1932 em São Paulo queriam o reestabelecimento da Constituição de 1889, uma regressão da história em 40 anos.
Quando chega 1946, desde o primeiro momento a UDN se coloca contra esse projeto. Alega que é xenófobo, exclui o capital estrangeiro, que vai atrofiar o Estado, causar inflação. E que era melhor comprar o produto de fora mais barato em vez de produzir aqui, pois o consumidor nacional seria prejudicado.
Tentou-se impedir as posses de Vargas e de Juscelino, até se chegar ao golpe de 1964, feito também pelas forças anti-varguistas. Este foi, portanto, um projeto que sempre dividiu a sociedade brasileira, inclusive a elite. Não era só trabalhadores versus empresários ou algo do gênero. Havia uma divisão dentro do próprio empresariado.
CC: Alguns fatos aludidos pelo senhor remetem à situação atual. O governo e o Congresso querem apagar a Constituição de 1988 e o presidente da Petrobras, Pedro Parente, encomenda plataformas de exploração de petróleo no exterior por serem mais baratas. O que explica essa recorrência?
Pedro Fonseca
'Vargas viu espaço para uma indústria nacional', diz Fonseca (Foto: Ramon Moser)
PCDF: Quando derrubam Vargas, no fim do Estado Novo, uma das razões daquele movimento, muito forte em São Paulo, que é o do queremismo, pela Constituinte com Getúlio, é que a oposição, com a UDN formada, pleiteia uma nova constituição. Aí, começa a dizer o seguinte: esta nova constituição é para derrubar o entulho autoritário da ditadura, que seria a legislação trabalhista: jornada de oito horas, Justiça do Trabalho, férias, décimo-terceiro, isso tudo é baseado na Carta del Lavoro do Mussolini.
Mas como explicar para um trabalhador que se quer derrubar a ditadura e reinstaurar a democracia, mas ele não terá mais oito horas de jornada de trabalho, nem férias, etc.? É evidente que, nesse momento, a população começa a apoiar a ideia de Constituinte com Getúlio, um aval para não se mudar nada pelo menos na legislação trabalhista e social. Ou seja, a derrubada do Vargas significava derrotar não só a ditadura, mas a legislação trabalhista.
O DISCURSO MORALISTA ESCONDE SEUS VERDADEIROS OBJETIVOS COM A POSTURA ANTI-CORRUPÇÃO, QUE PEGA BEM
CC: Como era o discurso anticorrupção no tempo de Vargas?
PCDF: A oposição ao Vargas, comandada pela UDN, sempre teve um discurso moralista, ou moralizador. Ou seja, raramente dizia: sou contra a legislação trabalhista, contra a industrialização do País. Isso às vezes se encontra nos anais do Senado ou da Câmara, na fala de algum político. O ataque que se fazia para derrubar o governo era de que havia corrupção, era o que mais pegava bem na opinião pública, e a oposição explorava muito. Isso, em certo sentido, é parecido com hoje.
CC: Com a legislação trabalhista e a estabilização do emprego, Vargas possibilitou a previsibilidade de ganhos do trabalhador e contribuiu para a formação de um mercado de massa, ao menos para uma parte da indústria que estava se estruturando, a de bens-salário. Como o senhor analisa as tentativas posteriores de ampliação do mercado?
PCDF: A tentativa de ampliação do mercado interno dessa forma, com um desenvolvimentismo de massas que começa no governo Vargas, é quase retomada no governo Jango Goulart. Claro que em 1964 esse projeto cai por terra. Antes de mais nada, é preciso ter claro que o desenvolvimentismo em si não garante redistribuição de renda. É possível desenvolvimento com renda distribuída, como nos projetos de Vargas e de Goulart, mas pode acontecer também desenvolvimento com renda concentrada, como ocorreu no pós-1964.
No “milagre” brasileiro, o governo militar, desenvolvimentista, utilizou os bancos de fomento e fez uma política para a economia crescer aceleradamente, mas não incorporou um projeto de distribuição de renda. Nesse ponto, os governos de Lula e Dilma, num primeiro momento – é algo a ser estudado com mais vagar, estou pesquisando isso – lembram um pouco o que seria uma retomada do padrão de Vargas e de Goulart, de fazer desenvolvimento incorporando as parcelas de menor renda da população.
Aquilo que no Brasil se chamou eufemisticamente de nova classe média, que a rigor não é nova, nem classe, nem média, mas uma parte da população que antes não participava do mercado consumidor, ou participava marginalmente, e é incorporada ao mercado. A rigor, tratava-se de algo semelhante ao programa de Jango Goulart e de Celso Furtado, de antes de 1964, no Plano Trienal, de fazer uma série de reformas que permitisse uma melhor distribuição de renda e a constituição de um mercado de massas no Brasil.
A proposta de Lula e Dilma, portanto, não era algo que não existia antes no Brasil. Houve, só que politicamente se mostrou inviável a partir de 1964. Com Lula e Dilma, pelo menos houve uma tentativa, em parte retórica e em parte real, de incorporar a população de menor renda ao mercado consumidor, à economia capitalista propriamente dita.
A ENVERGADURA DA CONSTRUÇÃO POLÍTICO-ECONÔMICA DE VARGAS DEMONSTRA UM PROJETO CONSCIENTE DE DESENVOLVIMENTO
CC: Com resultados reais, mostram os números de vários setores da economia.
PCDF: Claro. Houve um período de crescimento do emprego formal dos trabalhadores, o coeficiente de Gini melhorou. Isso não se pode apagar do dia para a noite.
CC: Qual foi a singularidade da política econômica de Vargas, nos anos 1930, tendo em vista o predomínio da ideia de industrialização nacional e de autossuficiência das economias em todos os programas relevantes, do New Deal de Roosevelt aos do fascismo e do nazismo? Em que aspectos se evidencia a interferência específica do Vargas ao não fazer um mero transplante?
PCDF: O que essas políticas têm em comum é que todas foram formas de intervenção do Estado na economia. Entretanto, cada uma teve uma cara diferente. O New Deal foi um intervencionismo por causa do ciclo econômico, da Grande Depressão.
O fascismo e o nazismo tem a ver com peculiaridades da história europeia, como a derrota na Primeira Guerra e a tensão do comunismo na Europa, ao qual o fascismo e o nazismo são reação. No caso do Brasil, é claro que há o impacto da Grande Depressão, mas a característica mais importante é o surgimento, em parte da elite brasileira, de uma consciência de que o País precisava vencer aquele modelo agroexportador, concentrado em um ou dois produtos primários voltados para o mercado externo.
Poderia, portanto, produzir para o mercado interno, com base num projeto de industrialização. Essa é a peculiaridade do governo Vargas frente aos outros intervencionismos da época. É uma consciência que já vinha gradualmente desde o início da República, e que a Grande Depressão cria uma oportunidade histórica para afirmar, da necessidade de um projeto de industrialização do País. Essa é a maior diferença em relação aos processos dos outros países.
CC: Com Getúlio, estado forte e desenvolvimento pujante da iniciativa privada combinavam-se. Isso ainda é possível?
Getúlio Vargas
Vargas numa descoberta de petróleo em 1952, um ano antes de criar a Petrobras (Foto: Renato Pinheiro / Petrobras)
PCDF: Esse modelo de substituição de importações que começa em 1930 com a industrialização no País é um exemplo muito particular do que hoje se chamaria de uma parceria do Estado com o setor privado. Porque cabe ao Estado criar o ambiente institucional para fomentar o projeto de industrialização, mas quem o leva adiante é a iniciativa privada.
O Estado no período de Vargas faz políticas econômica, monetária, cambial, cria órgãos como o Instituto do Açúcar e do Álcool e o Conselho Federal de Comércio Exterior e, no limite, empresas estatais a exemplo da Companhia Siderúrgica Nacional e da Petrobras, em setores nos quais a iniciativa privada não tinha, na época, condições de investir.
No início, cogitou-se a possibilidade dos setores de petróleo e siderurgia serem privados no Brasil, mas não havia grupo nacional para isso e Vargas não aceitava, nesses setores considerados estratégicos, o controle do capital estrangeiro. Admitia até a hipótese de a Petrobras ter uma porcentagem do capital estatal e outra privada, desde que fosse privada nacional.
Ao longo desse período, foi possível estabelecer aquela parceria, o Brasil cresceu, se industrializou como uma economia capitalista. O resultado é que, nos anos 1970, no ápice da industrialização brasileira, o País praticamente completa a sua substituição de importações. Foi, portanto, um processo exitoso.
VARGAS NÃO ERA XENÓFOBO, SÓ NÃO ABRIA MÃO DE BARGANHAR COM AS POTÊNCIAS EM BENEFÍCIO DO PAÍS
CC: Mas isso seria possível hoje?
PCDF: Eu acho que é possível, sim. Isso aí é um arranjo político, que não exclui o capital estrangeiro.
CC: Como mostrou o governo de Juscelino Kubitschek.
PCDF: Ele não excluiu o capital estrangeiro. Mesmo na época do Vargas, se considerarmos o exemplo da Companhia Siderúrgica Nacional, ela foi feita com tecnologia e financiamento norte-americanos, apesar de ser de controle estatal. Acredito que essas parcerias, além de continuarem possíveis, hoje estão na ordem do dia. O arranjo não vai se repetir como era, mas impossível ele não é, não. Ao contrário, é exatamente como outros países também fazem.
CC: Como o senhor vê a formulação dominante de que a indústria está superada e vivemos numa época pós-industrial?
PCDF: Eu não vejo a indústria como superada. Esse é um grande debate na economia. A tendência é que a porcentagem do valor agregado da indústria no PIB caia ao longo do tempo, isso é verdadeiro. Mas não significa, entretanto, que esse setor fique menos importante, pois é na indústria que ocorre o avanço tecnológico.
Por exemplo, há toda uma sociedade de serviços com base na informática, mas uma hora a respectiva tecnologia tem de ser produzida pelo setor industrial. É onde vai surgir a massificação, inclusive dos produtos. Muitos serviços só se tornaram possíveis com os investimentos e as inovações tecnológicas surgidas no setor industrial. Na verdade, ela reforça ainda mais o seu valor, porque lidera uma cadeia produtiva.
CC: É o que mostra o exemplo do iPad. Apenas 7% do valor final corresponde a peças e montagem. Só que, sem esse produto físico fabricado pela indústria, não existiriam os restantes 93% compostos por serviços de transporte, marketing, distribuição, etc.
PCDF: Exatamente. Isso vale também para agricultura e o agribusiness. Na verdade, há uma industrialização desse setor. Aqueles investimentos que dependem da indústria são os que alavancam a produtividade do setor no longo prazo. Então esse debate tem às vezes este fetiche: “Ah, indústria não é mais relevante”. Não se pode interpretar o número dessa forma, tem-se que fazê-lo qualitativamente também.
O APOIO DAS ELITES AGRÁRIAS REGIONAIS VOLTADAS PARA O MERCADO INTERNO FOI FUNDAMENTAL EM 1930
CC: Esse discurso da sociedade pós-industrial foi apropriado para o governo dos Estados Unidos justificar a relocalização industrial na Ásia, geradora de desemprego doméstico.
PCDF: Sem dúvida.
CC: São Paulo, de líder da economia cafeeira, passou a líder da industrialização. Como vê a trajetória do poder paulista no País desde então? Qual é a lógica desse caminho sinuoso?
PCDF: É um processo muito interessante, porque a economia de São Paulo já se torna, no final do Império, a principal do País e essa condição permanece com a industrialização. É importante notar que São Paulo é o lugar com mais condições para o surgimento da indústria, porque ali estava o maior mercado interno e a infraestrutura, eletrificação, estrada de ferro, portos, que eram necessários para a economia cafeeira.
Foi exatamente naquele setor mais pujante da economia cafeeira que se gerou toda essa infraestrutura, o mercado interno, a riqueza ou acumulação de capital que vai possibilitar a industrialização. À primeira vista, parece uma coisa contraditória, mas não é. O que há sim é que sempre existirá uma parte da elite paulista muito forte vinculada a esse contexto exportador.
Coexistirão por longo tempo um paulista quatrocentão, vamos dizer assim, mais ligado aos interesses do café, e um empresariado emergente, composto por muitos imigrantes, que vão disputar hegemonia. Hoje esse conflito está em parte ultrapassado, com a força e a pujança da industrialização, mas durante muito tempo ele existiu. O que é mais surpreendente é a Revolução de 1930 não partir de São Paulo, mas do Rio Grande do Sul.
CC: Isso é curiosíssimo.
PCDF: É interessante porque, na crise da economia cafeeira, quem lidera esse movimento não é o setor agrário voltado para o mercado externo. O que a chapa de Getúlio Vargas e João Pessoa representava em 1930 não era burguesia industrial emergente, mas setores ainda agrários e que enxergam uma oportunidade de participar do bloco de poder anterior. Mas eles ensaiam um projeto próprio. Isso é algo muito particular do Brasil. O País tinha um setor agrário de mercado interno forte.
Não era o caso de Argentina, México, Chile, que eram países onde o setor agrário-exportador era muito mais pujante em termos relativos. Enquanto no Brasil havia economias regionais agrárias expressivas. E esse setor agrário regional não é contra a industrialização, pelo contrário, e isso é importante perceber. Esse setor agrário não tinha uma luta de classes com o setor industrial como na Europa, porque entendia a indústria como um mercado e uma oportunidade de valorização da sua matéria-prima. Por exemplo, o fazendeiro do Rio Grande do Sul quer que existam frigoríficos, não os considera adversários.
Antes, o contrário, porque vão valorizar a sua matéria-prima. Para quem produz trigo, é ótimo existirem moinhos de trigo, fábricas de bolacha, macarrão. Quem produz uvas tem interesse na criação de vinícolas. No caso de criadores de porcos, as fábricas de salsicha, de banha, salame representam consumo para a sua produção. Essa indústria era chamada na época de indústria natural, era aquela que beneficiava a matéria-prima local e tinha ampla oportunidade no mercado interno.
Esse setor, que desponta em 1930 e que o Vargas representa, é uma elite do setor agrário, mas do setor agrário do mercado interno, e que vê a industrialização como um projeto de avanço para o País.
O SOCIALISTA UTÓPICO SAINT-SIMON INFLUENCIOU MAIS GETÚLIO VARGAS QUE COMTE, O PAI O POSITIVISMO
CC: É uma peculiaridade?
PCDF: É uma peculiaridade muito importante e que ajuda a entender algo à primeira vista contraditório: como é possível Vargas e seu grupo emergirem do setor agrário e serem ferrenhamente defensores da industrialização e a levarem adiante? Por que a Revolução de 1930 não saiu de São Paulo, já que lá é a fonte da industrialização? 
É que São Paulo tinha essa marca agroexportadora e o inusitado do processo, em termos históricos, é que, ainda na ausência de um setor industrial forte, o processo parte do setor agrário do mercado interno. Esta é a ideia. Este é um dos assuntos que mais pesquisei, escrevi um artigo sobre isso tentando explicar, porque é uma pergunta recorrente.
CC: O artigo foi publicado?
PCDF: Sim, na Revista Estudos Econômicos, da USP, sob o título “A gênese regional da Revolução de 1930”.  
CC: Sabe-se que o positivismo influenciou fortemente a formação das concepções econômicas de Vargas, orientadas para a criação das condições necessárias à industrialização, a modernização, o progresso. Em que as concepções e a prática de Vargas se diferenciaram da ortodoxia positivista?
PCDF: Ao contrário do liberalismo, essa concepção aceita uma certa intervenção do Estado na economia. Os positivistas entendiam que, quando havia uma necessidade social --- eles eram mais pragmáticos, vamos dizer – o Estado poderia interferir. 
Defendem o livre mercado, mas não o entendem como um dogma. Não acham que o livre mercado sempre acerta nem que tem um equilíbrio automático, consideravam isso anticientífico. O positivismo sempre quer provas empíricas para o que se propõem.
Outra característica importante é entender a história como um processo evolutivo. O Brasil (assim como a América Latina) é um País atrasado, portanto pode acelerar sua evolução ou até superar esse atraso. Esse atraso vai se transformar, mais tarde, nas formulações de Celso Furtado e da Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe), em subdesenvolvimento.
Michel Temer
Temer: sua base incorpora o pensamento da UDN (Lula Marques / AGPT)
O germe da concepção de subdesenvolvimento, nos anos 1950, vem da elite do início da República que tem essa concepção de atraso e chega a ter força para inscrever na bandeira o lema Ordem e Progresso. O progresso era o desenvolvimento, assim era entendida a questão.
Outro ponto do positivismo que me parece interessante é criticar a luta de classes. Ele é uma ideologia defensora do capitalismo, mas propõe que o proletariado seja integrado à sociedade moderna e considera importante haver leis sociais. Diferente do liberalismo, que abandona a classe operária. Essa característica do positivismo permite entender porque a elite que emerge em 1930 se preocupa e chega ao limite de bancar uma legislação social.
Não vou dizer criar, porque já existiam antes leis sociais, mas eram muito poucas. O que há é uma universalização maior das leis sociais, com jornada de oito horas, décimo-terceiro salário, carteira do trabalho, etc. Portanto há uma relação de origem do trabalhismo gaúcho e brasileiro com o positivismo.
A SOCIOLOGIA DA USP, FHC INCLUÍDO, DESQUALIFICOU A REVOLUÇÃO DE 1930, MAS HÁ UMA REVISÃO DESSE PENSAMENTO
CC: Qual era o problema do positivismo? 
PCDF: O positivismo, apesar de ter todas essas críticas ao liberalismo e de aceitar a intervenção do Estado na economia, tinha a concepção que denominamos em economia de o dogma das finanças sadias. Ou seja, o Estado podia intervir, mas não deveria ter déficit. E precisava evitar ao máximo empréstimos externos e internos, não se endividar.
Em momentos de crise, isso era preocupante, porque inviabilizava aquilo que os keynesianos chamariam de política anticíclica. Essa é uma diferença importante entre o keynesianismo e a social-democracia em relação ao positivismo. Porque o positivismo aceita a intervenção do Estado, mas é contra empréstimos e defende o dogma das finanças sadias.
CC: A tal austeridade.
PCDF: Exatamente. Então é um aspecto interessante no pensamento de Vargas porque, antes de 1930, ele era muito mais apegado a esses preceitos positivistas, mas depois, gradualmente, ele faz uma transição do positivismo para o desenvolvimentismo. No desenvolvimentismo os empréstimos, tanto internos quanto externos, e a possibilidade de déficit, dentro de certos limites, são aceitos.
A análise dos discursos de Vargas mostra que, mesmo nos anos 1950, ele nunca abandona a ideia de que um orçamento deve ter déficit, mas dentro de certos limites. É um equívoco, portanto, dizer que o desenvolvimentismo era perdulário, gastador. Ao contrário.
No final dos 15 anos do primeiro governo Vargas, a inflação estava razoavelmente baixa – um fato digno de nota, porque nos períodos de guerra a inflação sobe – e o balanço de pagamentos estava razoavelmente equilibrado. Se o desenvolvimentismo fosse um absurdo teórico, digamos assim, ele teria entregado um governo quebrado. Ao contrário, foi ele que assumiu o governo quebrado do Washington Luís.
CC: A inflação baixa e o balanço de pagamentos em equilíbrio no fim do primeiro governo são dignos de nota também por conta da sua obra monumental, com grandes investimentos.  
PCDF: Sim. Hoje há essa crítica: Ah, 'o desenvolvimentismo é que quebra o País, gasta mais do que arrecada', mas a história do desenvolvimentismo compreende governos que gastam mais e aqueles que gastam menos. O governo de Juscelino Kubitschek, por exemplo, foi de extremo déficit público, com a construção de Brasília e outros gastos. Mas nem todo governo desenvolvimentista tem esse padrão de comportamento, mostra o exemplo do período Vargas, apesar de ter levado adiante projetos de desenvolvimento extremamente importantes.
A AVERSÃO A UM PROJETO PRÓPRIO PARA O BRASIL UNE A UDN À BASE DE APOIO DO GOVERNO TEMER
CC: Quais foram os principais autores com influência no pensamento de Getúlio Vargas?
PCDF: Eu obtive nos arquivos da faculdade de Porto Alegre as provas dos alunos no tempo em que Vargas estudava Direito e assim pude ver quais autores ele cita nos exames. Claro que nem tudo reflete nas provas de aula, mas elas são um bom indicador. Certa vez confessou que o autor mais importante na sua formação foi Saint-Simon, considerado por Karl Marx e Friedrich Engels um socialista utópico, e que foi também mestre de Augusto Comte, o pai do Positivismo.
Vargas não cita Comte, mas menciona com destaque Saint-Simon, autor do seu livro de cabeceira. Saint-Simon era um crítico da revolução industrial, mas ao mesmo tempo defendia a indústria. A sua crítica se dirigia às consequências do processo, a situação em que a classe operária, com a revolução industrial, trabalhava quinze horas por dia, as crianças trabalhavam. Defendia a indústria, mas num projeto social com inclusão, vamos dizer assim.
Essas definições influenciaram o pensamento do Comte. Era de esperar que Vargas citasse Comte, uma autoridade em termos teóricos no Partido Republicano, mas ele menciona um autor um pouco mais radical, inclusive, que o próprio Comte. Outro muito citado além de Saint-Simon é Stuart Mill, um reformista considerado liberal, mas não ortodoxo. Há os autores que ele critica: Karl Marx e Pierre-Joseph Proudhon.
CC: A dificuldade de parte da esquerda em reconhecer que o período de Vargas foi um avanço decorre apenas do ataque feroz, no período ditatorial, ao Partido Comunista ou também de uma falta de conhecimento e de compreensão político-econômica?
PCDF: A esquerda sempre se dividiu nessa questão, não há uma posição única. Parte dela foi muito crítica ao varguismo e à revolução de 1930. Principalmente, a escola de sociologia da USP e quem ela ajudou a formar – Florestan Fernandes, Fernando Henrique Cardoso, Otávio Ianni, Francisco Weffort –, estes autores tenderam a considerar a revolução de 1930 como a emergência do populismo. Era uma forma de desqualificar a revolução: uma ditadura, com um líder de massas, paternalista, constituía quase que um atraso para o Brasil.
Essa parcela viu de uma forma muito mais crítica aquele momento da história brasileira, assim como depreciaram a democracia que existiu entre 1946 e 1964, populista, com partidos que não representavam nada. Eu considero isso aí uma série de equívocos. Por outro lado, sempre existiram também intelectuais de esquerda que, ao contrário, viram a revolução de 1930 e esse período histórico como rico.
Cito, por exemplo, Celso Furtado, Ignácio Rangel, Maria da Conceição Tavares, esses autores que sempre entenderam não ser nada desprezível uma economia periférica latino-americana ensaiar um projeto de industrialização, mesmo com todos os problemas que houve. Afirmam que aquilo ali significou, sim, um avanço para o País, de romper com o passado agrário e ter um projeto que acenasse para uma inclusão social de longo prazo.
A escola de sociologia da USP foi muito hegemônica em determinado momento. Hoje se faz a revisão desse pensamento, tanto na economia como na política e se mostra que esse populismo, na verdade, era o trabalhismo brasileiro. O risco de não entender essa especificidade é não conseguir explicar o que aconteceu em 1964. Se havia um atraso, uma classe operária manipulada, demagogia, como explicar a aversão da UDN a esse projeto?
CC: Quais forças políticas cumprem hoje um papel semelhante àquele da UDN no período Vargas?
PCDF: A UDN foi um fenômeno histórico muito claro, ela tinha aversão à industrialização e à substituição de importações. Entendia que esse projeto, principalmente quando entrava na inclusão social, era desaconselhável para o País. No seu modo de entender, o Brasil devia seguir uma divisão internacional do trabalho na qual o seu destino era ser um país agrário, ou então fazer uma industrialização desde cedo associada ao capital estrangeiro. Aquele partido tinha aversão ao nacionalismo de Vargas, embora este não fosse radical.
Em certos momentos, entretanto, essa orientação aflorava, por exemplo na ideia de que a Petrobras podia ser privada, mas privada nacional. Aí havia uma fricção. Considero difícil que, como fenômeno histórico, isso se repita, mas continuarão existindo partidos que assumam ideologias mais próximas ao liberalismo, como fez a UDN, apesar do liberalismo de hoje ser diferente do daquela época.
A agenda liberal foi reatualizada – hoje, as questões são as do capital financeiro, da regulamentação dos juros, da flexibilização do mercado de trabalho, entre outras –, e vários partidos que dão sustentação ao governo Temer estão assumindo essa posição. Não é a mesma coisa que a UDN, mas formalmente é a mesma ideia de que não se deve ter um projeto nacional. O projeto nacional é de integração à economia internacional.
CC: Nisso, a base de sustentação do governo Temer é herdeira legítima da UDN.
PCDF: O projeto da UDN era de integração à economia internacional. O projeto de Vargas não era contra que se integrasse, mas sempre havia uma barganha.
CC: É o que a China faz hoje.
PCDF: Significa que a China tem seu projeto próprio, que não exclui as relações com o exterior. Outros países relevantes têm projetos semelhantes. É um equívoco imaginar que Vargas fosse um nacionalista xenófobo. Não se deve esquecer que foi o único na América Latina a se alinhar aos Estados Unidos na guerra, portanto não era visceralmente ou irracionalmente xenófobo.
CC: A contrapartida foi benéfica ao País, pois Vargas ameaçou aliar-se ao Eixo Alemanha-Japão-Itália e com isso obteve dos Estados Unidos financiamento para construir a Usina de Volta Redonda, fundamental à constituição da indústria no Brasil.
PCDF: Exatamente. Não havia essa exclusão. O que havia era barganha, a partir das exigências de um projeto pronto, que não era de integração pura e simples à economia internacional.  

domingo, 30 de outubro de 2016

Freixo discursa na Cinelândia após resultado: 'Outra luta começa hoje'

Freixo discursa na Cinelândia após resultado: 'Outra luta começa hoje'

Candidato derrotado à Prefeitura discursou para Cinelândia lotada. 'Devolvemos a alegria de fazer política nessa cidade'

Rio - O deputado estadual e candidato derrotado à prefeitura Marcelo Freixo (Psol) fez um discurso enfático na Cinelândia, no Centro do Rio, no início da noite deste domingo, após confirmado o resultado ao pleito municipal. Marcelo Crivella (PRB), seu adversário, venceu a disputa com mais de 59% dos votos.  Ao seu lado, estavam sua vice, Luciana Boiteux, e outros parlamentares do partido.
"Não foram poucos que se emocionaram na hora de pedir voto e votar. A campanha foi colaborativa do início ao fim. Nada termina hoje e outra luta começa. O Rio serve de exemplo para o Brasil inteiro. Nós vencemos essa eleição. Nós vencemos porque a nossa vida não é movida exclusivamente pela pauta das urnas. Nós devolvemos as pessoas pra praça pública, devolvemos a alegria e a emoção de se fazer política no Rio. Só é possível chorar numa campanha quem faz política com amor, quem acredita no amor como forma de mudar o mundo", disse.

Freixo discursou após resultado na Cinelândia. "Outra luta começa agora"Caio Sartori / Agência O Dia

Freixo também atacou Crivella e destacou a importância de ter vereadores eleitos de seu partido na Câmara. "Não é qualquer coisa que acontece neste momento. Não marcamos encontro em clube ou lugar fechado (se referindo à campanha de Crivella, que discursou em um clube em Bangu, na Zona Oeste), nossa luta é na praça pública. Todos que disseram que não estariam com ele (Crivella), estão lá no clube comemorando. Nosso sonho é coletivo. É de suma importância termos cadeiras na Câmara, como a Marielle e o Tarcísio", disse, pedindo aplausos aos vereadores eleitos.
O deputado também ressaltou a mobilização dos eleitores, de dentro e fora do Rio, que financiaram sua campanha. "Foi uma das campanhas mais bonitas, representativas e emocionantes da história deste país. Meu programa é, sem dúvidas, o melhor já feito para o Rio. Olha essa praça. Foram vocês que fizeram isso tudo acontecer. É uma vitoria extraordinária da democracia.  Fizemos uma campanha sem nenhuma pesquisa qualitativa. Isso nunca aconteceu. Agradeço muito à minha militância". 

Mesmo com resultado, Cinelândia ficou lotadaCaio Sartori / Agência O Dia

Muitos eleitores se emocionaram com o discurso de Freixo e o aplaudiram após suas falas. "É importante que a gente se abrace, olhe olho no olho", apontou Freixo. Pedido atendido por eleitores que, após o discurso, entoaram gritos de 'valeu Freixo', 'fora Crivella' e 'fora Temer'. Freixo também disse que não pensa ainda em concorrer ao governo estadual em 2018 ou à prefeitura em 2020. "Nesse momento não adianta pensar nisso. Está longe. Quero discutir o que faremos esse mês. Fui, minha vida inteira, um militante dos direitos humanos. É vou continuar sendo. Isso nunca foi defender crime, defender violência. Nós vamos, sim, estar do lado dos que mais precisam", enfatizou. 
O deputado também mencionou a crise da esquerda no país. "Renasce no rio um projeto de esquerda responsável, capaz de disputar a cidade".  "Nossos inimigos estão no poder. Nossa luta precisa ser de organização, de base", declarou Luciana Boiteux, apresentada como 'coprefeita' ao longo da campanha. "Precisamos ter cada vez mais mulheres na política", completou.
   fonte: O Dia
Reportagem do estagiário Caio Sartori

jornal diário Junge Welt / Muito frequentemente, as lutas de classes não foram considerados em toda a sua complexidade.




De: Edição de 2016/10/29 , página 12 / temático

vista estreitou

Muito frequentemente, as lutas de classes não foram considerados em toda a sua complexidade. Portanto, a questão social sobreposto muitas vezes a rebelião contra a opressão colonial e pela libertação nacional

De Domenico Losurdo
Commune_de_Paris_barricade_Place_Blanche.jpg
conexão complexa. A luta dos Communards de Paris, em 1871, foi dirigido contra a exploração e ficou para a emancipação das mulheres (mulheres defender em maio de 1871, a Place Blanche, em Paris, Litografia por artista desconhecido)
A tradução de Italiano: Daniel Bratanovic
Domenico Losurdo: A luta de classes ou o retorno do reprimido. A história política e filosófica. Papy-Rossa-Verlag, Colônia 2016, 423 páginas, 24,90 euros
Nestes dias em Colónia Papy Rossa Publisher Domenico Losurdos novo livro "A luta de classes ou o retorno do reprimido" é exibida. Nós publicá-lo com antecedência de um extracto da IV. Secção. Ele examina os historiadores italianos da filosofia com base no trabalho de proeminentes teóricos, mais ou menos progressistas do século 19 cuja frequência compreensão unilateral da luta de classes. ( Jw )
Em sua formulação mais maduro levanta a teoria da luta de classes como uma teoria geral do conflito social é, ao mesmo tempo reflete uma variedade de lutas por reconhecimento e estimulada. Mas, não é fácil escalar as alturas desta posição e manter-se a este nível.Muitas vezes têm personalidades ou movimentos que são provados em uma frente, deixe a outras frentes muito pouca atenção para vir ou sequer olhou com desprezo sobre eles. O economista e sociólogo francês Pierre-Joseph Proudhon, que completou com toda a força da questão social, carimbada o movimento feminista incipiente de uma pura "Pornokratie" e não mostrou nenhuma simpatia pelas nações oprimidas que estavam ansiosos que eles impostas jugo czarista agitar autocracia.Os meandros de contradições de classe que ele não conseguia entender: O exploradas pelos proletários burguesia podem estar envolvidos na "primeira classe opressão" em detrimento das mulheres; os opressores poloneses nobres de seus servos pode eventualmente ser envolvidos na luta contra a opressão nacional.

Flertando com o poder

Também em termos de luta de classes na França, em que as classes subalternas enfrentou os privilégios vigentes eo poder dominante, Proudhon trouxe uma visão muito limitada expressa: em seus olhos era o protagonista do golpe de 18 Brumário, repleta embora com contradições, apenas não a herança do massacre dos operários de Paris, em junho de 1848. Proudhon às vezes parecia tão fascinado por Louis Bonaparte, que após o golpe, ele escreveu diretamente para um amigo e anotou em seu diário: "não tenho razões para acreditar que em mim Élysée Palácio com benevolência considerado [...]. Neste ponto, eu assumo que a bandeira da república social desenrolar dentro de dois ou três meses, nem mais, nem menos. A oportunidade é grande, o sucesso é quase certa. " "Você ouve dizer que mais de uma vez expressou o desejo de entrar em contato comigo, e que um poderia ser realizada apenas com grande dificuldade it". Sneering foi o julgamento de Marx, que nomeou os dois "desagradável" Proudhon, "seu tratado sobre o" golpe de Estado ", no qual ele flerta com Louis Bonaparte para fazê-lo, de fato, os trabalhadores franceses objectivos palatáveis, e sua último trabalho contra a Polônia, que ele em honra cinismo kretinartigen impulsiona o czar "(Marx-Engels obras Completas, vol 16, p 31, a seguir: MEW).
Em qualquer caso, levou o autor francês, que, afinal de contas, tem o mérito de ter colocado o burguês propriedade privada em causa um papel desorientador pela classe trabalhadora, a "abstenção do movimento político", da luta contra o bonapartismo e contra a opressão nacional e além da luta pela emancipação das mulheres pregou (MEW, 33: 329). A interpretação binária de conflito social, que reconhece apenas uma oposição (aqueles em que os ricos e os pobres uns contra os outros), pode uma compreensão desses movimentos de libertação não cuja base social não é composto exclusivamente de armas. A única atenção para a questão social em França se transformou em uma prisão, cuja marca é o corporativismo pettiest.
Emaciated Proudhon de ilusões sobre Louis Bonaparte, tão culta Lassalle que o seu oposto Bismarck, esperando que sua causa pode, assim, ganhar. Em sua polêmica contra a posição do Estado como um "vigia noturno" da propriedade e da ordem pública, indiferente às condições de trabalho da classe trabalhadora vida miserável e, Lassalle principalmente ou melhor, somente a burguesia liberal-alvo.Marx estava certo nele, ele por "sua aliança com os adversários absolutistas e feudais contra a burguesia" (MEW, 19: 23) criticar, censurá-lo de flertar com um homem que, algum tempo depois implacável anti-socialista (e anti-laborais) leis de deve permitir o empilhamento.
Pode-se repetir as considerações já para as considerações Proudhon neste ponto: Mesmo no caso do grande agitador alemão intelectual e carismática, o compromisso com a questão social, mais precisamente, a tentativa do poder dominante é arrancar algumas concessões bonitas para um estado de bem-estar, Mão mão com um descuido para as outras frentes da luta de classes e com uma visão economicista tacanho da luta da classe trabalhadora.
Lassalle não tinha entendido o significado histórico da luta pela abolição da escravidão nos Estados Unidos. Quanto à França, então ele fez declarações esporádicas no golpe de Estado de Louis Bonaparte.chegar ao poder, isso levou a eliminar o sufrágio censitário, que havia abolido a Revolução de Fevereiro de 1848, mas foi entretanto introduzido pela burguesia liberal por lei de 30 de maio de 1850 novamente.Sob os termos da ditadura bonapartista retornar ao sufrágio universal para os homens, especialmente para as massas mais pobres significava no entanto, apenas a oportunidade de participar em aclamações plebiscitárias do líder. Mas esses não eram os argumentos de Lassalle. Para ele Bonaparte não teve a "república" derrubadas, mas apenas "a república burguesa, que queria impressionar o selo da burguesia, o domínio do capital, eo estado republikanisierten '.
tendências análogos como os da França e da Alemanha observados ocorreram em outros países da aparência. Engels criticou os círculos intelectuais na Rússia que gostam de seu país (nas formas de propriedade comum ainda existia) positivos em relação à França e Inglaterra (onde a propriedade privada burguesa e polarização social eram onipresentes) fora pintado. Uma escola de pensamento que argumentou o seguinte: "A introdução de uma sociedade melhor na Europa Ocidental extremamente difícil pela expansão ilimitada dos direitos da personalidade individual [...] não renunciou tão fácil, mesmo uma pequena parte do que você está acostumado a desfrutar; na Europa Ocidental, o indivíduo já está acostumado com a infinidade de direitos privados. [...] No Ocidente, a fim bessre das relações económicas está conectado com as vítimas e, portanto, difícil de fabricar "(MEW, 22: 422 e 425).
Tal ponto de vista foi o filósofo russo Alexander I. coração nenhum estranho, consequentemente, poderá "ter dado uma questão política," isso ", mas a" questão social é <para a Rússia já resolvido "(MEW, 22: 422). É um fluxo populista que, como Engels observou, apreciado ", os camponeses russos para representar como os verdadeiros portadores de socialismo, como comunistas nascidos para os trabalhadores do envelhecimento, deteriorado da Europa Ocidental, o socialismo anquälen-se apenas artificialmente faria. Do coração desse conhecimento veio para Bakunin e Bakunin ao Sr. Tkachev, "que acredita que o povo russo" instintivamente, tradicionalmente comunistas "era (MEW, 18: 562).Significativamente desvalorizado a tarefa de eliminar um Ancien Régime, que foi caracterizada pela opressão das nações e das mulheres, bem como a classe trabalhadora aparecem aqui. E mais uma vez a luta de classes é mutilado, eo que resta dela, mesmo em termos de dar de volta para as classes subalternas é muito pobre.

»Socialismo imperial"

fortalecer mundo novo
A mutilação da luta de classes pode ser realizada de outras maneiras, ou seja, quando comparado com o destino que impôs o capitalismo sobre os povos coloniais ou povos outrora colonizados, os olhos estão fechados. Desde o início, levantou Marx, apontando para os "milhões de trabalhadores" que tiveram a perecer na Índia, assim que os capitalistas os trabalhadores ingleses feitas concessões modestas, indicam o quão longe a questão colonial, com o social é enredado nas metrópoles capitalistas. No entanto, estes foram um exigente mesmo em uma abordagem nível intelectual. Em contraste com Proudhon início de Fourier socialista foi um grande defensor da emancipação das mulheres. Aconteceu, porém, que apenas no momento em que Marx e Engels colocou com ênfase juvenil suas esperanças no proletariado como protagonistas de uma emancipação universal, seguidores de Fourier (e Saint-Simon) primeiros nomes a uma comunidade mais ou menos socialista na Argélia estabelecer linhas de terra, que devem ser tomadas a partir dos árabes em uma brutal e às vezes guerra genocida.
Mais tarde, o socialismo utópico olhou em seguida, principalmente com arrogância ou suspeita para o movimento abolicionista, Após a Revolução de Fevereiro de 1848, os deputados da Assembleia Nacional para a Martinica, Victor Schoelcher, eo novo governo francês ultrapassou o eventual abolição da escravatura nas colónias francesas, depois de terem sido introduzidas quase meio século antes por Napoleão novamente, a ordem das realizações de citado por Toussaint Louverture revolução dos negros em Saint Domingue e as leis de emancipação adotadas pela Convenção jacobina tinha desfeito. Etienne Cabet agora, um representante proeminente do socialismo utópico francês, fez a acusação Schoelcher, para se concentrar em um objetivo limitado, ou seja, a emancipação dos escravos negros, em vez de perseguir a emancipação geral do trabalho.
De frente para a eclosão da Guerra Civil em os EUA, Lassalle deve comportar-se de forma muito semelhante. A julgar pelo menos uma carta de Marx a Engels em 30 de julho de 1862 por, na antiga Lassalle criticado por sua atitude para com as enormes operações em os EUA: "Como a América, para que, diz ele, bastante desinteressante. Os Yankees não têm "idéias". O> liberdade individual "é apenas uma> idéia negativa", etc. eo que é esta antiga em ruínas lixo especulação mais "(MEW, 30: 258).portanto, caçar para o expoente dois citados do socialismo esforçando-se para a abolição da escravatura nas colónias e na República norte-americana da questão social queima nas metrópoles capitalistas de.Neste evento épico, que era a guerra civil americana aos olhos de Marx, Lassalle tirou respeito na melhor das hipóteses dispersos e limitados. Levantadas pela União contra o bloqueio ao sul de secessão e da escassez de algodão subsequente, a indústria têxtil Inglês estava sofrendo com seu centro Lancashire, punidos os operários ingleses com o desemprego, então para eles que havia um risco "para as colónias a emigrar" must. Havia uma »das mais sangrentas e abomináveis ​​Maioria das guerras [...], que tem história já vi." Sobre o conteúdo da guerra civil Lassalle não foi um. Pior, em vez da escravidão, ele condenou o "federalismo" e os Estados foram autorizados a autonomia: tem o "recesso nos interesses particulares" e "ódio" mútua provocou a contraparte. Ele fornece as partes em conflito em um e no mesmo palco.
As deficiências economicistas e corporativistas que colocar este ou aquele representante do movimento do dia dos trabalhadores socialistas, não devem ser separadas das coisas da classe dominante, no entanto, o seu efeito Marx e Engels subestimada. Após a classificação dos "Meninos da Inglaterra" no filme, dirigido por a "aristocracia" "espetáculo" de um "socialismo feudal", conclui o Manifesto Comunista: "O proletário esmolas-bag ela balançou como a bandeira na mão para as pessoas por trás deles para recolher. mas muitas vezes, uma vez que se juntou a eles, vi em seus quartos traseiros dos velhos brasão feudal e desertas com gargalhadas audíveis e insolentes "(MEW, 4: 482 f). Inglaterra seguidores historicamente importantes do menino era o estadista conservador britânico Benjamin Disraeli. Com ele (assim como na organização, que pertencia) é transfigurada elementos da ideologia do antigo regime pode encontrar, mas também pode ser considerado como o inventor do "socialismo", que é melhor para descrever o atributo "imperial", como com o atributo "feudal". Foi um "socialismo", de não ridicularizar imediatamente as classes populares evocado, mas este último muitas vezes iludidos e enredados.
Ao mesmo tempo, como a "Sagrada Família" e "A Ideologia Alemã", proclamou o antagonismo irredutível entre o proletariado ea burguesia, Disraeli publicou um romance, que estava negociando o mesmo assunto em certos aspectos. Aprendemos a conhecer um agitador de Chartism, as disputas persistentes a ordem existente ea realidade "duas nações" ( "os ricos e os pobres") reclama que causando uma Inglaterra rasgada. No manifesto "chartists" estão entre os "partidos existentes trabalho" contados (MEW, 4: 492), e o agitador em questão aparece equipado com a consciência revolucionária que Marx e Engels atestada proletariado. Curiosamente, a resposta que Disraeli deu-lhe: Não há sentido falar de "duas nações". A fita dos clubes "Brotherhood" sim "as pessoas privilegiadas e abençoadas da Inglaterra."
Os moderados Inglês aristocracia sua arrogância de caixa, às vezes racista que foi tradicionalmente associado para as classes populares no ataque. Aqui está se comportando de uma "fraterna", Inglês, comunidade nacional com o maior desprezo aristocrático para outras nações e, especialmente, contra os povos coloniais. Em outras palavras: a racialização cujas vítimas até agora foram as classes populares, é, em vez de desaparecer, apenas mudaram. Disraeli, o (extensão inicial de direitos políticos para além do círculo da aristocracia e da adição burguesia) avançou e uma série de reformas sociais na sequela para os principais representantes da Segunda Lei da Reforma, não foi sem razão, ao mesmo tempo um defensor do imperialismo, uma defende o direito de raças "superiores" para subjugar o "inferior". Desta forma, a intenção de Inglês estadista para desarmar a questão social e da luta de classes no seu próprio país. "Eu digo com confiança que os operários ingleses são principalmente Inglês em sua grande maioria.Eles são orgulhosos da preservação do Reino e Império e, sujeitos de nossa soberana e parentes para ser este Empires ". Estes são os anos em que Proudhon na França, na opinião de Marx os "socialistas do império" tem sido (MEW, 32: 443).
Uma nova tendência política subiu ao palco. Um observador alemão de eventos chamou o fim do século 19, não só em termos de Disraeli, mas também a Napoleão III. e Bismarck como "política social imperialista" ou como "socialismo imperial". Como iluminado por Marx, ao passo que foi identificada a importância do entrelaçamento de emissão colonial e social e colocado no centro de um novo projeto político que ofereceu um acordo: em troca de reformas sociais limitadas, que são concedidos pelas classes dominantes, as massas são chamada ou o proletariado para a lealdade patriótica e apoio da expansão colonial.

"Classe contra classe"?

Esta habilidade para negociar os autores da teoria da luta de classes têm firmemente rejeitado. No entanto, um problema permanece sem solução. Já numa fase de desenvolvimento relativamente pacífica, mas ainda mais uma grande crise histórica, caracterizada pelas diversas contradições entrelaçadas e várias formas de luta de classes: entre eles não há harmonia pré-estabelecida. Uma boa compreensão de uma situação histórica concreta requer a superação da lógica binária usual que reivindica uma única contradição para explicar tudo começando. Para Marx e Engels esta superação retratou-se como uma tarefa árdua e, finalmente, inacabado.
"A condição das classes trabalhadoras na Inglaterra", publicado em 1845, termina com uma evocação do futuro, revolução já começou de "trabalhadores" contra a "burguesia", "a guerra muito aberta, direta dos pobres contra os ricos", o "cabanas" contra os "palácios" (MEW, 2: 505 F). A questão nacional na Irlanda, também apontou para o anjo com mais atenção, agora parecia, no entanto, a desempenhar um papel para um confronto que surgiu no horizonte. Cerca de dois anos mais tarde, Marx foi em "A Miséria da Filosofia", uma espécie de slogan: "a luta de classe contra classe" (MEW, 4: 181). A base desta solução foi declarado no Manifesto Comunista: "A nossa época, a época da burguesia, no entanto, é caracterizada pelo facto de ter simplificado os antagonismos de classe. Toda a empresa divide cada vez mais em dois grandes campos hostis, em duas grandes, mesmo em frente de cada outras classes permanentes: burguesia e proletariado "(MEW, 4: 463).
Nas referências Jugendschriften as novas molas revolução (que é chamado não só o proletariado, mas a toda a humanidade para libertar) em última instância uma única contradição, que a oposição da burguesia e da classe trabalhadora; e esta nova revolução é inevitável devido ao crescimento progressivo e irrestrita dos banhos Trabalhadores e com ele associadas. diferenças relevantes de um país que não existir, e as fronteiras nacionais parecem perder importância.
Esta visão pode ser encontrada em mais eloqüente em um discurso dado por Engels a partir dos 29 de novembro de 1847 palavras, ocasionalmente, uma realizada em Londres demonstração para a independência da Polónia: Na Inglaterra "pela indústria moderna, pela máquina de todas as classes oprimidas em uma grande classe interesses comuns jogado juntos na classe do proletariado ", mais unidos do que nunca, graças ao" nivelamento das condições de vida de todos os trabalhadores. " No "lado oposto" todas as classes de opressores são "também foram combinadas em uma única classe, a burguesia". Então, era "a luta mais fácil, e vai ser decidida por um único grande golpe." E a situação internacional, tendo em conta: A máquina tinha "arrasada com a localização de todos os trabalhadores em todos os países e os torna cada dia mais e mais do mesmo; em todos estes países os trabalhadores agora têm o mesmo interesse, ou seja, a classe que suprimiram a burguesia para derrubar. " E inferência: "Porque a situação dos trabalhadores de todos os países têm o mesmo, porque os seus interesses da mesma, seus inimigos são os mesmos, então eles têm que lutar juntos, para que eles tenham a irmandade dos burgueses de todas as nações é uma irmandade de trabalhadores de todas as nações se opõem" (MEW, 4: 417 f). Não só isso aqui tudo gira em torno de uma única contradição, até na política, as particularidades nacionais e os fatores ideológicos parecem desempenhar nenhum papel.
Esta lógica binária de conflito social não é também não se limitando exclusivamente a Engels ea fase precoce. É o suficiente para apontar para um trecho famoso do primeiro volume de O Capital: "A centralização dos meios de produção e socialização do trabalho chegam a um ponto em que se tornam incompatíveis com seu invólucro capitalista. Ela é preso. A sentença da propriedade privada capitalista parece. Os expropriadores são expropriados "(MEW, 23: 791).
Quatro anos mais tarde, Marx chamou em sua conclusão de "A Guerra Civil na França" Record: O "Jubileu de fazer batota cosmopolita" durante o Segundo Império correspondeu ou sentou-se em frente a um internacionalismo autêntico. A Comuna de Paris foi "como um governo dos trabalhadores, como o campeão em negrito da emancipação do trabalho, no sentido pleno da palavra internacional". Não foi por acaso que o município "todos estranhos para a honra de morrer por uma causa imortal" (MEW, 17: 346).
Esta questão é ainda mais clara considerando a repressão realizada pela burguesia francesa, com a cumplicidade do exército prussiano ea perseguição de todos os ativistas do Internacional, que foi desencadeada na Europa pela classe dominante: "Enquanto os governos europeus são assim, antes de Paris, confirmar carácter internacional da dominação de classe, eles choram vergonha na Associação Internacional dos Trabalhadores - a contra-organização internacional do trabalho contra a conspiração cosmopolita do capital - como a principal fonte de todo este mal "(MEW, 17: 361).
A tese da "conspiração cosmopolita do capital" tem o erro de bater o existente entre os diferentes competição burguesias e os conflitos a que, a atenção no entanto, já o manifesto tinha desenhado. Além disso, situações aqui provisórias feita absoluta de curta duração. O primeiro volume de O Capital recorda que "havia unido a insurreição de Paris Junho e asfixia sangrenta como na Europa continental como na Inglaterra, todas as facções das classes dominantes" (MEW, 23: 302). Esta constatação vem do ano 1867. Três anos mais tarde, começou a Guerra Franco-Prussiana, que gerou a Comuna de Paris, que por sua vez foi abatido porque os antigos inimigos veio em uma aliança. Estas foram, no entanto, a uma aliança que rapidamente deu lugar a chauvinista ódio, destinados um ao outro, em vez de abrir em uma "guerra industrial de extermínio Unidas" na Primeira Guerra Mundial. Desde a luta contra esta matança foi a primeira revolução que apelou para Marx e Engels, produzido. E na onda desta revolução desenvolveu um movimento anti-colonial, que foi dirigido contra a "exploração de uma nação por outra", dizendo o Manifesto e outros textos que o tempo em todo o mundo.
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