quarta-feira, 26 de março de 2014

A repressão em Espanha, único discurso e último recurso do actual regime

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Izquierda Castellana
26.Mar.14 :: Outros autores


Uma vez mais a história decorre em espiral. O regime parlamentar-franquista que Suárez contribuiu de forma significativa para delinear e pôr em marcha, ainda que o seu desenho original tenha sofrido certamente diversas e importantes modificações, entre outras as que foram impostas pelo pronunciamento militar de 23 de Fevereiro de 1981 (23F), iniciou a sua marcha com uma brutal ofensiva repressiva contra o movimento popular em geral e contra os movimentos políticos em particular que, apesar das traições e/ou claudicações de uma parte importante da chamada oposição ao franquismo, continuavam defendendo a necessidade de uma ruptura democrática com o Regime, corrupto e criminoso, que era a Ditadura Franquista.
Essas forças políticas, que não eram nem poucas nem irrelevantes como nos quiseram fazer crer ao longo deste tempo, foram mantidas na ilegalidade durante anos e sob uma pressão repressiva permanente sem excluir nenhum meio: detenções; processos e prisão; torturas e, quando necessário, assassínios exemplares.
Adolfo Suárez, que não era o pior de todos quanto impulsionaram a “chamada transição”, faleceu após uma longa enfermidade que o foi deteriorando física e intelectualmente.
Pode estabelecer-se um claro paralelismo entre a evolução vital de Suárez e a do Regime que contribuiu para pôr em marcha.
O Regime monárquico de 78 nunca foi bom, trazia na sua genética todas as taras que, tal como era previsível, se desenvolveram como autênticos tumores e metástases nos últimos anos: corrupção, especialmente vinculada ao sistema político; autoritarismo e repressão; negação dos direitos das mulheres e dos trabalhadores; negação dos direitos dos Povos; chefia do Estado imposta por Franco na figura do estroina Juan Carlos… Actualmente este, o Regime, está também em período terminal. Não podemos predizer uma data exacta para a sua queda mas, observando os indicadores da sua evolução interna e externa, pode concluir-se que lhe restam muito poucos anos de existência.
Para se impor no seu início o Regime recorreu à repressão pura e dura sobre aqueles importantes sectores que após a morte de Franco continuavam a defender a ruptura democrática. Nas últimas fases da sua existência/sobrevivência o Regime recorre também à repressão pura e dura como único discurso.
Há entretanto uma diferença essencial entre aquele início de ciclo em cuja inauguração participou Adolfo Suárez e este final de ciclo. Naquele momento tinham algo para “vender”, a “democracia à espanhola”, naturalmente com todas as limitações que eram já evidentes naquele momento, como o esquecimento das vítimas do fascismo espanhol na guerra e no pós-guerra ou a imposição do Bourbon. Mas diziam e alguma gente, com mais ou menos resignação acreditava, que as coisas iriam melhorando.
Hoje já não lhes resta nenhuma “ilusão por vender”. Apenas uma minoria social que não chega aos 25% do conjunto da população do Estado confia no futuro que este Regime lhes pode proporcionar.
Um Regime sem legitimidade social cai, mais cedo ou mais tarde, se o movimento popular o reclama. Tal como o oxigénio a um doente terminal, a repressão pode circunstancialmente prolongar a sua agonia, mas simultaneamente cria-lhe novas contradições e desafeições, tal como estamos vendo nestes dias.
A repressão político-policial posta em marcha como único discurso face à multitudinária mobilização do 22 de Março (22M) em Madrid, na qual centenas de milhares de trabalhadores, pela primeira vez nas últimas décadas, se manifestaram em Madrid representando os diversos Povos do Estado entre os quais Castilla, não é mais do que a expressão de que o actual Regime saído da transição está num franco processo de deterioração irreversível que o conduzirá à morte.
Depende do movimento popular que esse final seja o mais rápido possível.
De algumas instituições do Estado, especialmente das Forças de Ordem Pública, depende que esse final seja o menos traumático possível. Neste sentido fazemos um apelo às forças de ordem pública para que não sigam as instruções criminosas da sua direcção política, que está nas mãos de corruptos, especuladores e vende-pátrias.
Fazemos um apelo a todos os membros das Forças de Segurança do Estado a que se ponham do lado do Povo trabalhador e a favor do início de autênticos processos democráticos constituintes que lancem as bases de um futuro de PROSPERIDADE, DIGNIDADE e SOBERANIA para o nosso Povo.
25/3/2014
Izquierda Castellana
   fonte: ODiario.info
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